segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O Papel da Mulher na Antiguidade



A princípio, possivelmente o cultivo da terra foi uma atividade praticada pelas mulheres, assim como a coleta de frutos e raízes comestíveis, de que se teria originado a agricultura, e talvez a domesticação dos animais. A caça era atividade masculina, tendo sido por muito tempo o principal meio de subsistência da comunidade. Porém, mesmo depois que a caça teve diminuída a sua importância econômica, em algumas comunidades esse fato não correspondeu ao seu declínio em prestígio social e político.

Na realidade, a contribuição da caça, atividade praticada pelos homens, era ocasional, enquanto que a coleta de frutos e raízes, atividade feminina, era muito mais regular. Já havia, portanto, na comunidade primitiva uma divisão natural de trabalho. As mulheres, tanto quanto os homens asseguravam o sustento do grupo, embora cuidassem também das tarefas domésticas.

No antigo lar comunista, que compreendia, numerosos casais, a divisão do lar, confiada `as mulheres era uma indústria tão necessária quanto a busca de víveres, de que ficavam encarregados os homens.

Na comunidade primitiva, as mulheres não viviam “fechadas dentro de casa”- na verdade não havia casas individuais para uma só família : os abrigos eram habitações coletivas. Os artesanatos neolíticos foram apresentados como indústrias domésticas.

Não obstante, não constituem tradições individuais, mas coletivas. A experiência e o conhecimento de todos os membros da comunidade são constantemente reunidos.(...).
Todas as mulheres da aldeia trabalham juntas, conversando e comparando seu trabalho: chegam a ajudar-se mutuamente. A ocupação é pública, mas as regras resultam da experiência comunal.

O trabalho era realizado coletivamente, tendo nele homens e mulheres uma mesma importância. A mulher não era apenas reprodutora, embora esse papel fosse importante e necessário para a própria sobrevivência da comunidade : assegurar o crescimento do grupo era uma necessidade objetiva da comunidade primitiva – donde as  práticas usuais da poligamia e da endogamia, dos casamentos entre parentes (permitidos a princípio), etc.

Não se deve, porém idealizar a época “primitiva”. Tais práticas não eram, propriamente, uma opção individual, mas o resultado das condições da forma de  organização econômica da sociedade, a fim de assegurar o crescimento numérico da espécie, principalmente com o início do pastoreio e da agricultura, que permitiram empregar o trabalho das crianças, ao contrário da caça, atividade de adultos. Ao mesmo tempo, o pastoreio e a agricultura, possibilitando fazer reservas, tornaram possível o aumento da população.

A importância da mulher deveu-se,  também, à sua condição de criadora, fixadora e transmissora de hábitos culturais, da experiência coletiva acumulada pelo grupo. Num certo sentido, pode-se dizer que a Revolução Neolítica – passagem à agricultura – foi obra das mulheres, assim como a domesticação dos animais (origem da pecuária), a fabricação da cerâmica, a fiação e a tecelagem (linho e algodão), a medicina caseira, etc.
Além disso, transmitiram esses conhecimentos às novas gerações, fixando e difundindo hábitos culturais.

Inicialmente, na comunidade primitiva, a mulher ocupava uma posição de igualdade e mesmo de superioridade em relação ao homem. Devido aos casamentos múltiplos, a linha de parentesco era dada pela mãe, isto é, a descendência se contava em  linha feminina – é o direito materno ( matriarcado). Quando, mais tarde, correspondendo ao aparecimento da propriedade privada dos rebanhos e, depois da terra, o direito materno foi derrubado, a linha de descendência passou a se fazer pelo pai, a fim de garantir o direito dos filhos à herança (patriarcado). Começou-se, então, a exigir da mulher a virgindade, antes do casamento, e a fidelidade conjugal, depois dele. Para assegurar a fidelidade da mulher e, por conseguinte, a paternidade dos filhos, aquela é entregue, sem reservas, ao poder do homem : quando este a mata, não faz mais do que exercer o seu direito.

A monogamia foi a condição imposta, principalmente à mulher, para garantir ao homem a certeza da paternidade e legitimar os filhos com o direito à herança (partilha dos bens após a morte do pai)

O rompimento dos laços conjugais – o divórcio - , que antes podia ser feito por qualquer um dos cônjuges (homem ou mulher), em algumas sociedades passou a ser privilégio do homem. Idealizou-se o papel biológico feminino : a maternidade foi santificada.
Tais modificações ocorriam ao nível jurídico- político e ideológico da sociedade, porquanto o papel econômico da mulher continuava tão importante quanto o do homem, por exemplo na agricultura, base da maior parte das sociedades antigas.

A opressão da mulher não foi produto da mente “má” dos homens individualmente, mas uma  exigência objetiva da propriedade privada dos meios de produção, quando a mulher também se tornou um objeto do homem – tal qual a terra, o gado, os escravos, etc.”

Aquino, Rubim S. Leão de. História das Sociedade : das comunidades primitivas às    sociedades medievais, RJ.,Livro Técnico.

















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