terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Mistério - Florbela Espanca

Aqui em Cuiabá chove desde o primeiro dia do ano de 2014. É bom para a natureza, pois o ar poluído dá lugar a um ar mais fresco e saudável. E aqui durante a primavera - verão é comum chover todos os dias, entretanto, já estou começando a ficar entediada com esse tempo.

Enquanto estou escrevendo, lá fora está caindo uma chuvinha fina e deixando a temperatura pela casa dos 23º C. Eu me lembro de um poema e vou transcrevê-lo aqui:
 
"Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.

Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.

Pelo meu rosto branco, sempre frio,
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas…

Talvez um dia entenda o teu mistério…
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!"

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