Eu frequentei por muitos anos a residência dos Muller na Avenida Beira-Rio e ficava encantada com uma parte da casa onde é possível encontrar alguns arcos neoclássico. E sinceramente nunca perguntei o motivo de sua existência até encontrar essa reportagem no Diário de Cuiabá.
"Cabe sugerir aos herdeiros do saudoso Dr. Gabriel Júlio de Mattos
Müller que permitam à sociedade cuiabana conhecê-las, pois, elas ficam
completamente independentes do corpo da casa da família. Também seria
interessante oferecer-se o tombamento oficial do local como Patrimônio
Histórico. Com isso os proprietários obteriam as vantagens da nova
identidade e a sociedade cuiabana ganharia mais um ponto de atração
turística de grande importância para nossa Capital.
O antigo prédio da centenária Cervejaria Cuiabana, situado à beira
do rio Cuiabá, no bairro do Porto, ainda guarda partes das salas com o
mesmo piso de ladrilho hidráulico, o vão de acesso ao terraço pela
escada helicoidal, a arcada em estilo neoclássico etc.
Em 1896, foi instalada nossa
primeira Cervejaria Cuiabana, constituindo o grande lugar de lazer da
Capital. Pertencia ao maior grupo empresarial de Cuiabá, Almeida &
Cia. Esta firma congregava também a Usina Itaici, a empresa de bondes,
diversos seringais e várias embarcações.
A Cervejaria Cuiabana funcionava no bairro do Porto, localizada às
margens do rio Cuiabá. Possuía um embarcadouro dotado de cais com
guindaste e depósitos, onde embarcações de outros armadores podiam
utilizá-lo. Chamava-se o Porto Almeida. Esta firma mantinha transações
comerciais com o exterior e representava em Cuiabá o Banco do Brasil e o
River Plate Bank.
Esta notável indústria contava com energia elétrica, muito antes desse
serviço ser implantado na Capital. Ela produzia a cerveja “Rosa” para
consumo local e regional. Custava I$200 a garrafa. O engarrafamento era
automático e produzia mais de mil litros por dia, além de chope e gelo.
Para maior conforto aos seus frequentadores, em 1903 a linha do bonde,
que possuía seu ponto terminal do Porto ali próximo ao porto da barca,
fora prolongada até ela. A firma Almeida & Cia., também dona da
empresa de bondes, mandou construir uma nova ponte de 37 metros, por sua
conta, sobre o córrego que cruza o caminho que dava acesso à cervejaria
e desembocava no rio Cuiabá.
Aquele estabelecimento constituía naquele tempo um lugar prazeroso dos
mais atraentes da população, nas costumeiras tardes de calor,
principalmente nos domingos e feriados. Certamente, muitas pessoas para
ali se dirigiam para degustar o chope ou cerveja bem gelada, ouvindo os
sons musicais da vibrante orquestra, vendo cinema mudo ou desfrutando de
bela paisagem da curva do rio logo adiante, como contam as publicações
daquela época."(Evaldo Barros - Diário de Cuiabá)
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