O colunista José Jacintho Siqueira de Arruda, o "Jejé de Oyá", faleceu na manhã desta segunda-feira (11), aos 81 anos. Ele estava doente há mais ou menos três anos e agora que morreu "todos os cuiabanos o amava"... Geralmente é assim que acontece com as personalidades em nossa sociedade.
Eu conheci Jejé desde criança, pois ele morava perto de minha casa lá na Boa Morte e quando minha mãe e irmãos tinha uma lanchonete na rua Cândido Mariano, ele sempre ia lá tomar suco de laranja e comer bolo de arroz.
Jejé sempre me dizia "você conhece a História dos livros, mas um dia ainda lhe conto as Histórias da sociedade cuiabana" e dava uma sonora gargalhada. Ele estudou no Colégio S. Gonçalo e foi colega de meu pai, aliás, eles tinham a mesma idade; meu pai foi expulso depois de dar um soco num professor padre. Ele também estudou na Escola Artífice, hoje IFMT, e novamente foi colega de meu pai. Jejé acabou virando alfaiate, já meu pai foi expulso porque não queria costurar roupa e dizia que isso era para mulheres.
Eu lembro que a mãe contava uma história que aconteceu com ele e nunca soube se era verdade ou invenção dele: "ele pegou um táxi lá na praça Alencastro, depois de sair da Boate Sayonara, e deu uma carona para uma moça muito bonita, uma vez que ela ía para o mesmo lugar que ele. Quando chegou perto do Cemitério da Piedade, a moça pediu para o motorista parar. Jejé perguntou " onde você mora afinal e ela respondeu aqui e entrou no Cemitério"...
"Jejé nasceu em Rosário Oeste (125 km ao Norte da Capital), mas aos
quatro anos de idade veio para a cidade grande, com uma família adotiva,
já que sua mãe biológica, que sofria de problemas mentais,
frequentemente ameaçava sua vida.
Negro e assumidamente homossexual, Jejé enfrentou o preconceito e discriminação nas décadas de 50 e 60, na capital do Estado.
Tornou-se alfaiate e, depois, virou carnavalesco. Além de ser servidor público federal aposentado.
No entanto, foi na imprensa que deixou sua marca como colunista
social, falando sobre festas, costumes e tradições do povo da região.
Jejé, desde cedo, se destacou por desafiar os padrões estabelecidos pela sociedade da época.
Suas peculiaridades e a acidez nos textos que publicavam nas colunas sociais de jornais da região, como o Diário de Cuiabá, fizeram com que seu nome ficasse marcado entre as famílias da alta sociedade, assim como entre as mais populares.
Virou uma figura folclórica ao percorrer as ruas da cidade com suas batas multicoloridas, chapéus, colares e pulseiras.
No final da década de 90, o colunista chegou a ser reconhecido como a
“personalidade com a cara de Cuiabá”, em uma pesquisa realizada pelo
Diário."(Midia News)
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