Pouca gente já ouviu falar de Aracy Carvalho Guimarães Rosa, a mulher que salvou muitos judeus de morrer nos campos de concentração nazistas. Ela era fluente em alemão, francês e inglês, conseguiu emprego no consulado
brasileiro em Hamburgo, onde logo se tornou responsável pelo setor de
vistos.
Chamada de “Anjo de Hamburgo”, Aracy é a única mulher citada no Museu do
Holocausto, em Israel, entre os 18 diplomatas que salvaram judeus da
morte – o embaixador Luiz de Souza Dantas também mereceu a honraria. Em
1982, ela foi reconhecida como “Justa entre as Nações”, um título dado
pelo governo israelense a pessoas que correram riscos para ajudar judeus
perseguidos.
Existe um documentário “Esse Viver Ninguém Me Tira”, dirigido por Caco
Ciocler, busca reconstituir o período vivido por Aracy Moebius de
Carvalho Guimarães Rosa em Hamburgo, Alemanha, no final da década de
1930 e início de 1940. E por incrível que pareça é pouco conhecido entre os professores e estudantes brasileiros.
"A brasileira Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, segunda esposa do
escritor Guimarães Rosa, não podia ficar de fora desta lista. Aracy foi
muito além dos deveres como uma funcionária que trabalhava no
departamento de vistos na embaixada brasileira em Hamburgo, na Alemanha.
Ela usou sua posição como chefe da Seção de Passaportes – e
contrariou ordens – para conceder vistos a judeus entre os anos de 1938
até 1942, quando o Brasil se juntou aos Aliados. O chamado Anjo de
Hamburgo não só fornecia vistos, como também ajudava os refugiados
financeiramente e com suprimentos para a viagem ao Brasil comprados com o
dinheiro de seu próprio bolso. Ela ainda abrigava alguns deles.
Em 1938, entrou em vigor no Brasil a Circular Secreta 1.127, que
restringia a entrada de judeus no país. Aracy ignorou a ordem oficial e
continuou preparando vistos para judeus, permitindo a entrada deles por
aqui. Como despachava documentos com o Cônsul Geral, a paranaense
colocava os vistos entre a papelada para ser assinada. Para obter a
aprovação dos vistos, Aracy simplesmente deixava de por neles a letra J,
que identificava quem era judeu.
Nessa época, Guimarães Rosa era Cônsul Adjunto e eles ainda não eram
casados. Ele soube do que ela fazia e apoiou sua atitude, com o que
Aracy intensificou aquele trabalho, livrando muitos judeus da prisão e
da morte. O “anjo” viveu até os 102 anos de idade, e faleceu apenas em
2011. Certamente podemos dizer que ela mereceu estes anos extras."(hypescience.com)
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