segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

As Pedras do Sol do Amapá

A Amazônia brasileira também é repleta de "mistérios" e a arqueologia está trabalhando para desvendar o porquê da existência de um círculo de pedras no Amapá. Essas notícias tão interessantes quase não chega aos nossos alunos o que é uma pena, pois a Arqueologia no Brasil tem feito descobertas que merecem serem divulgadas com muito mais "barulho".


 "As descobertas em Calçoene (no Amapá), junto com outros achados arqueológicos no Brasil nos últimos anos – que incluem gigantescas esculturas de terra, vestígios de assentamentos fortificados e até mesmo complexas redes de estradas –, estão mudando visões anteriores dos arqueólogos que acreditavam que a Amazônia havia sido relativamente intocada pelos humanos a não ser por pequenas tribos nômades. Agora, alguns pesquisadores afirmam que a maior floresta tropical do mundo era muito menos parecida com o Éden do que foi imaginado, e que a Amazônia tinha uma população de até 10 milhões de pessoas antes das epidemias e da matança em larga escala conduzida pelos colonizadores europeus. 

Localizadas perto do Rio Rego Grande, as pedras do sol dão pistas sobre como os povos indígenas da Amazônia podem ter sido muito mais sofisticados do que acreditavam os arqueólogos no século 20. 
Após realizar um teste de radiocarbono e fazer medições durante o solstício de inverno, os pesquisadores da arqueoastronomia determinaram que uma cultura indígena arrumou os megálitos (pedras gigantes) em forma de observatório astronômico cerca de mil anos atrás, ou cinco séculos antes do início da conquista da América pelos europeus.

– Estamos começando a remontar o quebra-cabeça da história humana na Bacia Amazônica – afirma Mariana Cabral, arqueóloga da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que, junto com o marido, o também arqueólogo João Saldanha, estuda o sítio de Rego Grande há uma década.

No século 19, o zoólogo suíço Emílio Goeldi viu os megálitos em uma expedição pela fronteira do Brasil com a Guiana Francesa. Outros pesquisadores, entre eles a pioneira da arqueologia americana Betty Meggers, também encontraram esses sítios, mas afirmaram que a Amazônia era muito inóspita para abrigar assentamentos humanos complexos. 

Lailson viu o sítio pela primeira vez quando estava caçando porcos selvagens, na adolescência, nos anos 1960, mas depois passou a evitar a área. – No início, o lugar parecia sagrado, como se não devêssemos estar lá. Mas foi impossível não vê-lo durante os grandes desmatamentos dos anos 1990, quando a prioridade era queimar as árvores – conta o ex-capataz, agora guardião do sítio de Rego Grande.
Cerca de 10 anos atrás, após garantir fundos públicos para isolar as pedras, os arqueólogos brasileiros liderados por Mariana Cabral e João Saldanha começaram a escavar o sítio, que tem a forma de um círculo. Eles logo identificaram um pedaço do rio a 3,2 quilômetros de distância de onde os blocos de granito podem ter sido retirados. Também encontraram urnas de cerâmica que sugerem que pelo menos parte do sítio de Rego Grande pode ter sido um cemitério. 

Colegas do Instituto de Pesquisa Científica e Tecnológica do Amapá descobriram que uma das pedras altas parecia estar alinhada com o caminho do sol durante o solstício de inverno. Uma teoria é de que Rego Grande pode ter servido para funções cerimoniais e astronômicas conectadas com os ciclos da agricultura ou da caça. Outros pesquisadores afirmam que é necessária mais informação para alçar o sítio ao reino de lugares pré-históricos claramente concebidos como observatórios astronômicos."(zh.clicrbs.com.br/)

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