E finalmente as férias chegaram... Então, vamos curtir e postar assuntos leves e divertidos.
"A partir de agora, decreto férias de mim. Talvez estas sejam na verdade
as minhas primeiras férias, ou melhor, uma carta de demissão: dos meus
medos e cansaços, dos meus labirintos.
Decidi ir pra longe dos meus
habituais enganos, das minhas falas decoradas, das minhas previsíveis
ruas-sem-saída. Vou deixar em minha mesa todos os apegos e irei para o
lado contrário das mágoas; ainda que na contramão.
Vou para bem distante
das minhas já manjadas muletas e reações alérgicas emocionais; da minha
(própria) cara de reprovação.
Viajarei mesmo pra longe; para o lado de
mim que pouco lembrava e que senti por tanto tempo saudades. Vou levar o
coração pra tomar sol, abrir janela para arejar certezas, vou arranjar
um romance ardente comigo mesmo.
Sairei para saber o que deixei pra lá, aceitarei convites e atenderei a
convocação dos meus amanhãs. E chegando lá, vou fazer minha programação:
acordar bem cedinho para as verdades, alimentando-me de levezas e boa
companhia, seja a dos passarinhos ou de mim mesmo.
Vou fazer passeios
por lugares esquecidos de dentro; só pretendo não passear pelos museus.
Vou visitar sonhos novos em folha que esqueci amarrotados entre os dias
por me ocupar demais. E dessa vez não vou economizar.
Vou me gastar e me
desgastar até me ganhar mais uma vez. Não posso mais me poupar de tanto
que me poupei, nem represar futuros que me pertencem. Daqui em diante,
só vou assumir aquilo que fizer parte do meu show.
O que não fizer,
deixarei para sempre dentro do almoxarifado. Não posso ficar sentado
fazendo hora-extra para as tristezas, aceitando o peso da rotina,
engolindo sapos, deixando a preguiça e o desencanto cuidarem do meu
expediente.
Não vou mais me permitir clausuras que um dia
voluntariamente me permiti entrar. Vou reaprender novos e velhos oficios
da Alma, redescobrir levezas, gostar de mim, ser sereno num
despretensioso hoje. E o que não puder reciclar, reinvento.
Porque não
mais aceitarei o assédio moral das minhas sombras, das minhas covardias e
inseguranças. Vou tomar café quentinho com o meu lado criativo e
esperançoso. Vou promover o meu amor-próprio. Vou admitir o meu perdão.
E
qualquer coisa, podem me ligar, convocar-me de volta por fax, e-mail,
cartinha. Somente irei responder às minhas verdades. Só vou atender aos
compromissos que me interessam. Fui ser feliz, e quem sabe, não volte
mais…"
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