" De estrela na WB, a underdog na CW
Supernatural, uma série sobre dois irmãos que tentam derrotar demónios, fantasmas e outras manifestações do sobrenatural, estreou-se a 13 de setembro de 2005. A série arrancou no canal WB, tendo tido uma primeira temporada de sucesso audimétrico, retendo quase na totalidade o seu lead-in da altura – Gilmore Girls.
Logo no ano seguinte, a WB funde-se com outro canal, a UPN, para formar a atual CW. Este foi o primeiro desafio de vida ou morte para a série: da fusão dos dois canais, a nova comandante da CW – Dawn Ostroff – teve de fazer escolhas difíceis sobre quais os programas que fariam parte do novo canal. Smallville, Gilmore Girls e Supernatural foram algumas das felizardas. Outras, como o drama familiar Everwood, tiveram um final precoce.
No arranque da CW, Supernatural vivia a sua segunda temporada. Tornou-se uma figura estável da grelha do canal, tendo permanecido com a vaga das quintas-feiras às 21h durante quatro temporadas seguidas. Foi acompanhada em 2006, 2007 e 2008 por Smallville e em 2009 pela novata The Vampire Diaries.
Em 2010, tudo muda. Com o fim da quinta temporada, encerra-se o plano inicial de cinco temporadas que Erik Kripke, o criador da série, tinha desenhado na sua mente desde a concepção inicial da mitologia do drama. Com o fim deste ciclo, o criador opta por se afastar da linha da frente para se focar em novos projetos, dando lugar a uma mudança no comando central.
Por outro lado, a série é pela primeira vez deslocada para um novo dia, mudando-se para sexta-feira. Esta é reconhecida popularmente como a noite do cemitério, sendo um dia da semana de muito baixo consumo televisivo e onde os canais optam por depositar séries com fracas audiências ou que estão em vias de terminar.
A temporada 2010-2011 foi, desta forma, um calvário para a série protagonizada por Jared Padalecki e Jensen Ackles. O canal, do ponto de vista estratégico, passou a investir a sua atenção e a sua prioridade em teen dramas como Gossip Girl, 90210 e The Vampire Diaries. Supernatural foi removida para segundo plano, tendo-se juntado a Smallville, que já tinha sido deslocada para a sexta-feira no ano de estreia de The Vampire Diaries.
Apesar das adversidades, a audiência manteve-se fiel e Supernatural garantiu mais uma temporada à sexta-feira, em 2011-2012, agora sem a companhia de Smallville, que terminou em 2011, após dez temporadas.
Supernatural renasce das cinzas
Também em 2011 ocorreu uma mudança que se veio a revelar uma chave fundamental para abrir as portas para um novo impulso na história da série: a CW muda de comandante. Com os resultados de audiência em crise e com um perfil de audiência-alvo excessivamente restrito, o jovem canal substitui Dawn Ostroff por Mark Pedowitz. A mudança fez parte de uma nova estratégia geral, que procurou ampliar o escopo etário e reequilibrar o perfil de genero dos espectadores do canal.
Se em 2011-2012 Mark Pedowitz arrumou a casa, em 2012-2013 faz uma mudança fundamental e que inicia uma nova fase em vários sentidos para a CW. Substitui a grelha de quarta-feira, que evolui de uma dupla de reality shows (onde se incluía America’s Next Top Model) e cria o alinhamento Arrow e Supernatural.
Este é um alinhamento que introduz uma nova etapa no canal. Por um lado, Supernatural abandona o cemitério da sexta-feira e volta a tornar-se num ativo valioso para a CW. Por outro lado, lança Arrow, a primeira peça do Arrowverse, de onde mais tarde saíram The Flash, DC’s Legends of Tomorrow e Supergirl.
Esta mudança corresponde a um recentramento do canal nos super heróis, em detrimento dos teen dramas e uma aposta num alinhamento mais apelativo ao público masculino. A nova dupla correspondeu plenamente às expectativas: Arrow tornou-se num dos pilares da CW desde o primeiro episódio e Supernatural recuperou audiência perdida pela sua ida para a sexta-feira.
Uma série a imortalizar-se
Nos anos seguintes, o canal usou sistematicamente Supernatural para apoiar o lançamento de novos programas, como The Flash ou Riverdale, ou para ajudar a recuperar uma noite em baixo de forma. Tornou-se o principal bombeiro de serviço para a CW, aparentemente capaz de transportar a sua audiência de um dia para o outro, ou de um horário para outro.
Durante estes anos, a série viu também aqueles que antes eram fenômenos de audiência no canal – Gossip Girl ou The Vampire Diaries – chegarem ao fim, quer por queda nas audiências, quer por vontade dos criadores e atores.
Além de contar nos últimos anos com o apoio do executivo do canal, Supernatural também teve o mérito próprio de se manter fiel à dinâmica dos dois protagonistas, cuja enorme empatia é transportada em cada episódio para o ecrã.
Ao mesmo tempo, cada temporada acrescentou novas componentes na mitologia da série ou adicionou personagens secundárias que enriqueceram a história e não a deixaram ficar parada ou arrastada no tempo.
A estes elementos acrescentam-se os tradicionais casos da semana. Com 13 temporadas em cima dos ombros, a série ainda é capaz de sair da caixa e apresentar episódios como Scoobynatural, que gerou uma boa repercussão de crítica e de audiência.
Em conjunto, todos estes fatores trabalham em conjunto para ajudar a justificar a persistência da audiência da série. A sua relativa estabilidade nos últimos seis anos é particularmente assinalável numa altura de fragmentação do público televisivo por canais abertos, canais de cabo e plataformas de streaming.
Nos últimos anos, sempre que questionado acerca do futuro de Supernatural e do seu final, Mark Pedowitz responde da mesma forma: é para continuar. Ainda em janeiro de 2018, em entrevista ao Deadline, afirmou que “Aquela série vai continuar enquanto continuar, enquanto os rapazes (os protagonistas Jared Padalecki e Jensen Ackles) quiserem continuar a fazê-la e enquanto as audiências continuarem a manter-se”.(https://espalhafactos.com/)
Nenhum comentário:
Postar um comentário