A
redação do Enem já aconteceu, mais um motivo para continuar se
preparando caso não seja aprovado... Como? Lendo, lendo e lendo... O
livro Quarto de Despejo de Carolina Maria de Jesus está entre os dez
mais vendidos de 2017, então vamos conhecer essa joia da literatura
moderna.
"Alguns escritores já escreveram sobre o cotidiano miserável das
favelas, mas a grande maioria o fez de uma perspectiva de fora, isto é,
sem viver, de fato em uma favela. Em Quarto de despejo temos
uma perspectiva diferente: quem escreve é alguém que viveu na favela: a
perspectiva é de Carolina Maria de Jesus, moradora da, agora, antiga
favela do Canindé de São Paulo¹, uma catadora de papel e de outras
sucatas, uma mulher negra, pobre, mãe, escritora e favelada.
O diário foi escrito na década de 1950 e conta a dura realidade dos
favelados de Canindé e dos seus costumes. Trata-se de um diário relata e
denuncia a violência, miséria e fome – bem como a dificuldade para se
ter o que comer.
E como Carolina foi descoberta? O jornalista Audálio Dantas foi
encarregado de escrever uma matéria sobre uma favela que vinha se
expandindo próxima a beira do Rio Tietê, no bairro do Canindé. Em meio a
todo rebuliço da favela, Dantas conheceu Carolina e percebeu que ela
tinha muito a dizer, e logo desistiu de escrever a matéria.
A negra Carolina escreveu a (sua) história da favela em 20 cadernos
encardidos, cadernos que ela encontrou em meio às suas andanças em busca
de sustento para seus três filhos: João José, José Carlos e Vera
Eunice. Como o próprio jornalista declara: “repórter nenhum, escritor
nenhum poderia escrever melhor aquela história – a visão de dentro da
favela”.
O livro conserva a escrita de Carolina, sua sintaxe, seu discurso.
Audálio Dantas apenas alterou algumas vírgulas e palavras que seriam
incompreensíveis aos leitores, também cortou excesso de repetições de
certas situações, assim a leitura do diário não se torna exaustiva.
Quarto de despejo é atemporal. Os anos se passaram, mas a
situação de quem ainda vive nas favelas e na miséria ainda é muito
semelhante à situação de Carolina décadas atrás. Além disso, o livro foi
traduzido para 13 línguas, sendo referência para os estudos sociais e
culturais brasileiros."
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