segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Liceu Cuiabano - 139 Anos


Hoje, 3 de dezembro, o Liceu Cuiabano completa 139 anos e desde 2000, ano que em tomei posse como professora efetiva, sempre comemoramos sua importância para Cuiabá e Mato Grosso. 

E irei relembrar alguns momentos de como era o Liceu do meu tempo, justificando que já fiz um post igual em anos anteriores.
 
Durante os anos em que fui aluna, nos anos de 1973 a 1977 eu cursei da 5ª a 8ª série e como mandava a tradição fui matriculada na Escola Técnica, IFMT, assim que terminei o ano aqui. E assim como ainda hoje, o Estadual era bastante disputado pelas famílias cuiabanas.

Algumas pessoas gostam de dizer com um certo ar de desdém “o Liceu era uma escola de elite”. É claro que era, pois quando começaram os debates em 1878 na Assembleia Legislativa para tornar o ensino obrigatório, ainda não havia acontecido a Abolição da Escravidão. Os fazendeiros, pecuaristas contratavam um professor- padre para ensinar seus filhos, então a minoria branca e rica é que iria seguir os passos de seus pais.

O Liceu Cuiabano foi criado pela Lei provincial nº 536 de 3 de dezembro de 1879. Somente em 1880 é que ficou pronto o Regulamento Orgânico da Instrução Pública em Mato Grosso. Ficou estabelecido que o ensino primário seria obrigatório e que seria criado o primeiro estabelecimento público de ensino secundário da Província.
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Em 7 de março de 1880, numa solenidade com 4 bandas de músicas e muitos discursos, o Liceu Cuiabano foi instalado no prédio onde hoje funciona o “Ganha Tempo” na praça Marquês de Aracaty, hoje Ipiranga.

No Liceu havia dois cursos secundários: o de Ciências e Letras e o Curso Normal; o primeiro era chamado de preparatório para o Curso Superior/Faculdade e o segundo para formação de professoras primárias.

O curso era gratuito, com isso oportunizando a alunos de várias classes sociais a um estudo de boa qualidade, permitindo até mesmo, acesso ao curso superior. O cuiabano poderia ir cursar o Superior em S.Paulo, Salvador e Recife, mas tinha um apreço pelo Rio de Janeiro. 

Algumas pessoas gostam de dizer com um certo ar de desdém “o Liceu era uma escola de elite”. É claro que era, pois quando começaram as discussões em 1878 na Assembleia Legislativa para tornar o ensino obrigatório, ainda não havia acontecido a Abolição da Escravidão. Os fazendeiros, pecuaristas contratavam um professor- padre para ensinar seus filhos, então a minoria branca e rica é que iria seguir os passos de seus pais.
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O Liceu funcionou por alguns meses do Séc. XIX, no prédio onde foi o prédio da Câmara e posteriormente os Correios.

Este prédio foi inaugurado em 4 de outubro de 1944; é importante lembrar que o Presidente  da  República era Getúlio Vargas e o interventor era Júlio Muller, esposo da professora Maria de Arruda Muller. 


Algumas pessoas gostam de dizer com um certo ar de desdém “o Liceu era uma escola de elite”. É claro que era, pois quando começaram as discussões em 1878 na Assembleia Legislativa para tornar o ensino obrigatório, ainda não havia acontecido a Abolição da Escravidão. Os fazendeiros, pecuaristas contratavam um professor- padre para ensinar seus filhos, então a minoria branca e rica é que iria seguir os passos de seus pais.
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O Brasil estava sob o Estado Novo, 1937 a 1945, ou ditadura Varguista. O engenheiro contratado tinha apenas 24 anos e seu nome era Cássio Veiga de Sá, ele escreveu um livro "Memórias de um Cuiabano Honorário: 1939-1945, ele foi o responsável pelas Obras Oficiais. Quando terminou havia se apaixonado por Cuiabá e por uma cuiabana e nunca mais voltou para o Rio de Janeiro.

No Liceu de meu tempo  as férias de julho duravam um mês e o ano letivo terminava no final  de novembro; assim ficávamos de dezembro a fevereiro de férias. 
 
O diretor do Colégio Estadual, esse era o nome do Liceu, era o profº Rafael Rueda; um homem que metia medo na criançada. Mais brava que ele era a inspetora Dona Benedita; uma  senhora  que  falava baixo e tinha um olhar penetrante. 

Nosso uniforme era blusa branca, com um bolso onde aparecia o nome da escola, saia azul com duas pregas na frente e duas atrás e sapato colegial preto com meias brancas. Eu e minhas irmãs só tínhamos um uniforme e a mãe olhava toda vez que voltávamos, pois a única sujeira permitida era na gola da blusa.
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 Nós não  tínhamos  todos os livros como nossos alunos possuem hoje, apenas o de francês tínhamos que comprar. As professoras, a maioria era mulher, passavam o "ponto" no quadro negro e nós tínhamos que decorar para as provas.

A caderneta de presença era obrigatória: na entrada a inspetora carimbava a presença e na saída também. E não era permitido entrar sem ela na escola. No último ano o bom aluno recebia um Atestado de  Conduta  de bom comportamento; eu ainda tenho o meu.
 
Eu nunca fui na diretoria, isso era para crianças mal-educadas e desordeiras; os briguentos eram expulsos e a suspensão de quinze dias. Nos corredores limpos e encerrados, a gente tinha que andar e não correr desesperados como nossos alunos fazem hoje.

No recreio a gente ficava no pátio e o lanche era trazido de casa; não me lembro de ter merenda e se tinha eu não comia, pois nós éramos ensinados a  não  comer  nada  fora de casa. As crianças mais ricas compravam na cantina, que já estava aqui...

Em sala de aula, o silêncio era absoluto e ninguém dormia ou faltava com respeito como acontece hoje. Quando alguém entrava na sala, todos levantávamos e dizia “boa tarde ou bom dia” em uníssono.

Todos podíamos ir beber água ou no banheiro, mas sempre um de cada vez. A inspetora ficava parada na porta e não podíamos demorar. E havia o medo da "loura" do banheiro ou da "Maria algodão", afinal não existe escola sem seus fantasmas.
  
Quando terminei a 8ª série, a formatura aconteceu no anfiteatro e onde todas as famílias assistiam a entrega dos certificados enrolados , detalhe não era um canudo azul sem nada dentro, e o nosso Histórico Escolar  vinha junto com o Atestado de Conduta.
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 No Liceu do meu tempo só tinha até 8ª série, entretanto, no Liceu do Ano 2.000 como professora efetiva, tive o prazer de ministrar aulas para alunos que são meus colegas atualmente como o  profº Marioney, profª  Vanessa  Marques e  profª Thaisa Laura. Conheci colegas hoje grande maioria aposentados e os que irão se aposentar em breve; como o profº Alceu Trentin e o profºJoerson.


Aos 139 anos, eu espero que nossas tradições de um bom ensino continue ainda por muito tempo. Que os alunos saibam valorizar nosso prédio tombado pelo Patrimônio Histórico e que continuem essa História geração a geração.












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