Ser um ativista ambiental no Brasil é muito perigoso, talvez seja por isso que aqui existem tão poucos. E entre os adolescentes ou jovens o número é irrisório, pois a morte é o final da maioria deles.!
Ainda bem que nem todos os ativistas estão pensando que poderão ser mortos e estão "engajados, mas não querem saber de partidos políticos. Envolvem-se em causas humanitárias, sociais e ecológicas, mas acham que as organizações não governamentais (ONGs) estão fora da realidade. Rejeitam líderes e, para se organizar, usam a internet, numa rede que os liga a grupos semelhantes na mesma cidade, ou outros países. Os novos ativistas atuam à margem da estrutura política tradicional e fazem de suas convicções uma forma de viver."
"Depois de anos no topo do ranking, o Brasil apareceu em 2018 como quarto país do mundo com maior número de assassinatos de ativistas e lideranças que defendem o meio ambiente. O relatório foi divulgado em julho de 2019 pela ONG Global Witness, sediada no Reino Unido.
Ao todo, 164 pessoas foram assassinadas pelo mundo no ano passado por atuarem na proteção de terras, florestas e rios e contra a ação de mineradoras, de madeireiras e de empresas do setor de alimentos. Vinte desses assassinatos foram registrados no Brasil. No ranking global, as Filipinas aparecem em primeiro lugar, com 30 assassinatos, seguida por Colômbia (24) e Índia (23).
Em 2017, o Brasil registrou 57 mortes para defensores do meio ambiente. No mesmo ano, a ONG contabilizou 201 mortes pelo mundo.
Desde que Global Witness começou a documentar e divulgar esses crimes, em 2012, é a primeira vez que o Brasil ficou de fora da "liderança” do ranking. Segundo a ONG, os números registrados estão de acordo com a queda geral no número de homicídios no país em 2018.
A América Latina mostrou-se a região mais perigosa do mundo, segundo a avaliação feita pela Global Witness. Numa comparação proporcional, a Guatemala, onde as mortes do tipo saltaram de sete, em 2017, para 16 no ano passado, é o país mais perigoso para ativistas.
Alice Harrison, da Global Witness, lamenta os ataques violentos contra os defensores da terra e do meio ambiente, apesar da força crescente dos movimentos ambientalistas em todo o mundo.
"Nunca foi tão importante ficar ao lado daqueles que estão tentando defender suas terras e o nosso planeta contra a destruição imprudente cometida pelos ricos e poderosos", comenta Harrison, ressaltando a importância de se proteger o meio ambiente diante do "caos climático" trazido pelo aquecimento global.
O relatório aponta que conflitos ligados ao setor da mineração foram os mais letais no globo. Pelo menos 41 pessoas morreram por se posicionarem contra a extração de minérios.
(...)
A tendência para 2019 não é otimista, apontam os dados parciais coletados pela CPT. Até o momento, foram registrados 16 assassinatos em conflitos no campo no Brasil. Segundo a comissão, o discurso do presidente, que vem se radicalizando desde a campanha eleitoral é visto como um incentivo à violência.
"Bolsonaro promove um ‘salvo-conduto' às situações de milícia no campo, violência do fazendeiro, de grilagem, violência contra natureza, desmatamento. É um discurso que leva à perseguição, ao assassinato, ao extermínio desses povos", afirma Moreira, citando como exemplo o assassinato do líder indígena Emyra Wajãpi, no Amapá, que provavelmente deve entrar para as estatísticas da Global Witness no ano que vem."
Nenhum comentário:
Postar um comentário