terça-feira, 19 de novembro de 2019

Personalidades Negras do Brasil

Mulheres e homens negros contribuíram para a construção do Brasil. São guerreiros, profissionais liberais, artistas, atletas e ativistas políticos que fizeram a diferença no país.

1. Mestre Valentim (1745-1813) - paisagista e arquiteto

Valentim da Fonseca e Silva, mais conhecido como Mestre Valentim, era filho de um contratador de diamantes e uma negra. Nasceu em Serro, Minas Gerais e, mais tarde, Valentim foi levado para o pai a Lisboa onde estudou.

No Brasil, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, então capital da colônia. Prestou serviço para as grandes ordens religiosas e realizou trabalhos para o Mosteiro de São Bento, para Igreja de Santa Cruz dos Militares e a Igreja de São Pedro Clérigos (já demolida).

Chamado de "Aleijadinho carioca" pelo seu talento foi também o autor do traçado original do Passeio Público e do Chafariz das Marrecas, ambos no Rio de Janeiro.

No entanto, sua obra mais conhecida é chafariz localizado na atual Praça Quinze, onde centenas de escravos recolhiam água para abastecer as casas.
 

2. Padre José Maurício (1767-1830) - músico e compositor

Nascido no Rio de Janeiro, de pais libertos, José Maurício Nunes Garcia seguiu a carreira eclesiástica a fim de ter uma educação formal. Além disso, estudou música, composição e regência, sendo exímio organista.

Com a vinda da Família Real ao Brasil, em 1808, a vida cultural do Rio de Janeiro sofreu um incremento considerável.

O príncipe-regente Dom João, grande admirador da música, nomeou-lhe Mestre de Capela e o fez cavaleiro da Ordem de Cristo, uma das mais tradicionais ordens portuguesas.

Compôs, sobretudo, música religiosa que refletem exatamente a transição do barroco para o classicismo pela qual passava a música europeia.

Com as comemorações do bicentenário da Família Real em 2008, a obra de José Maurício Nunes Garcia foi redescoberta. Assim surgiram várias gravações de orquestras brasileiras e internacionais que permitiram sua divulgação às novas gerações.
 

3. Maria Firmina do Reis (1822-1917) - escritora e professora

Nascida no Maranhão, Maria Firmina dos Reis pode ser considerada uma pioneira em vários campos.

Foi a primeira mulher a passar para o concurso público como professora, a fundar uma escola mista e a escrever um romance "Úrsula" . Este livro anteciparia o gênero de literatura abolicionista que seria moda com "Escrava Isaura", de Bernado Guimarães (1825-1884).

Publicaria em 1871 um conto com a mesma temática "A Escrava" e reuniria seus poemas na coletânea "Cantos à beira-mar".

Maria Firmina foi completamente esquecida e silenciada da História do Brasil, mas pesquisas recentes tem trazido luz sobre sua obra e vida.
 

4. Mãe Menininha do Gantois (1894-1986) - Iyálorixá

Nascida na Bahia, Escolástica da Conceição de Nazaré, era descendente de uma linhagem de Iyálorixás, líderes femininas que comandam um terreiro de Candomblé.

Mãe Meninha do Gantois foi escolhida aos 28 anos para ser a dirigente do Gantois, terreiro que havia sido fundado por sua bisavó.

Na década de 30, as celebrações de Candomblé ou Umbanda estavam proibidas por lei. Porém, ela se destacou em fazer que o Candomblé fosse conhecido por intelectuais e políticos.

A legião de admiradores da mãe de santo incluíam nomes como Jorge Amado, Dorival Caymmi, Vinicius de Moraes, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa, etc.

Graças a sua sabedoria, a religião afro-brasileira ganhou mais visibilidade e respeito.
 

5. Antonieta de Barros (1901-1952) - professora, jornalista e deputada
Natural de Santa Catarina, Antonieta de Barros foi professora e dedicou toda sua vida ao ensino.

De igual maneira, fundou jornais onde defendia ideias feministas. Na década de 30, entrou na política e foi a primeira deputada estadual negra do país e primeira deputada mulher do estado de Santa Catarina.

Igualmente, foi eleita em 1934, pelo Partido Liberal Catarinense, para a assembleia que redigiria a nova Constituição. Esteve nas comissões que relatariam os capítulos Educação e Cultura e Funcionalismo.

Integrou a assembleia legislativa catarinense até 1937, quando teve início a ditadura do Estado Novo. Posteriormente, voltaria a se dedicar ao magistério ocupando cargos de direção em diversas escolas."


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