Na semana passada os jornais televisivos deram grande destaque a descoberta de cartas encontradas no lixo em Copacabana. Apesar das reportagens, essas cartas, que foram trocadas entre Olga Benário e Luis Carlos Prestes, foram encontradas em março de 2018 e somente agora a maioria da população ficou sabendo.
Um leilão em novembro de 2018 deveria ter ocorrido, mas a única filha do casal a historiadora e escritora Anita Leocádia resolveu intervir com uma ação judicial. Os outros filhos de Prestes com uma segunda esposa, disseram que o espólio pertence a todos os filhos. Mas, aí nos faz pensar "se as cartas eram de Olga para Prestes e nelas é mencionado apenas Anita, por que os outros filhos querem parte dos lucros"? Hummmmmm, aí tem coisa...
"Encontradas no lixo, 320 cartas escritas pela família ao líder comunista
Luís Carlos Prestes (1898-1990) nos anos 1930 e 1940 integram um leilão
a ser realizado quinta, 22, à noite, no Rio. O lance mínimo para o lote
é R$ 350 mil.
Mas a venda pode acabar suspensa caso seja bem-sucedida uma ação
judicial proposta pela filha de Prestes e Olga Benário, a historiadora e
escritora Anita Leocádia Benário Prestes. Ela defende que a
correspondência fique num arquivo público, aberta a consultas, e não
seja comercializada.
O
conjunto chegou a Prestes na cadeia, após o fracasso do levante
comunista durante o primeiro governo Getúlio Vargas. Partiu da mulher,
da mãe, da própria Anita Leocádia e de outros parentes. Prestes não leu
os originais agora à venda; ele só teve acesso a cópias feitas pela
polícia política do governo.
Em bom estado, o material tem marca de catalogação, o que indica que
pertencia a um arquivo público. Em parte, o conteúdo já é conhecido; foi
publicado pela própria Anita e na biografia Olga, de Fernando Morais,
de 1985. A mais surpreendente talvez seja a missiva em que Olga, presa,
conta ao marido estar grávida. “Enfim, nós teremos uma expressão viva de
todo o bom e doce que existe entre nós”, ela escreveu.
O
caminho dos documentos até aqui é uma incógnita. Um coletor as encontrou
numa mala descartada numa rua de Copacabana. Sem saber do que se
tratava, as ofereceu a um vendedor de antiguidades. Este pagou R$ 500
por elas; ao se dar conta do tesouro que tinha, procurou a organizadora
de leilões Soraia Cals. As cartas teriam sido guardadas por causa dos
selos antigos – o coletor não sabia da importância de Prestes.
Publicada no jornal O Globo, a notícia do leilão desagradou a Anita, que falou ao Estado
por intermédio de seu advogado, João Tancredo, na terça. Segundo ele,
existe uma “quase certeza” de que as cartas são do Arquivo Público do
Estado do Rio.
“Anita não quer nada para si. Esse é um
patrimônio da sociedade, não é para ficar com uma pessoa só. Quem acha
algo na rua não é proprietário. A história está mal contada”, acredita
Tancredo. O Arquivo Público também deverá recorrer à Justiça para tentar
barrar a venda.
Soraia Cals disse que o leilão acontecerá “sob
reserva de direitos”. O dono das cartas terá 60 dias para se manifestar e
provar que o material lhe pertence. “Ainda vamos clarear quem é o
verdadeiro proprietário. As cartas só serão entregues depois disso.
Esperamos que alguma instituição compre, ou que alguém compre e doe para
uma. É um arquivo riquíssimo, valioso, todo original.”
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