E a primeira sexta-feira do mês de agosto chegou e com ela veio as altas temperaturas, fumaça, poeira e baixa umidade do ar. Mas, tudo bem aqui em Cuiabá é sempre assim no mês de Agosto e como ainda é inverno, ainda teremos o frio seco congelante. Então, o jeito é aproveitar e curtir uma série na Netflix.
A série da Netflix "Olhos que Condenam" se tornou um sucesso absoluto e com muitas críticas da parte do governo americano e dos membros da justiça que ainda vivem, mas recomendo porque mostra o racismo existente na sociedade americana de uma forma assustadora.!
Tudo começa em 19 de abril de 1989, quando Patricia Meili foi estuprada no Central Park. Korey Wise, Antron McCray, Yuseff Salaam, Raymond Santana e Kevin
Richardson foram acusados, o que os levou a uma
condenação injusta e uma absolvição apenas 13 anos depois. Não é fácil assistir Olhos que condenam. É dificílimo. Dói. Incomoda. Principalmente porque é tudo verdade. Querem alguns motivos para assistir?
"1. Didático, mas severo
Olhos que Condenam não é simplesmente a dramatização de uma história real, mas uma reflexão sobre o racismo estrutural na sociedade americana. O tratamento da polícia com o grupo de adolescentes é absolutamente truculento: não são garotos, são “animais”. O termo é usado livremente pelos oficiais e pela investigação. Na sanha de prender e condenar alguém – qualquer um, qualquer negro – pelo crime de estupro, o Estado se fia à violência institucionalizada, a confissões ditadas pela polícia e a mentiras. Pouco importa se os garotos tinham idades entre 14 a 16 anos, possivelmente incapazes de estuprar uma mulher adulta: pela condenação rápida, macular a vida de cinco jovens negros foi uma troca automática. A série fala, sem aliviar para ninguém, de empatia… ou da falta dela.
2. Direção de atores brilhante
Ava DuVernay provou, com Olhos que Condenam, que não é preciso ter muito tempo de tela para um grande papel. Mesmo contando a história de cinco famílias muito diferentes, com saltos no tempo e troca de atores, a diretora consegue mostrar, em pé de igualdade, a trágica trajetória daqueles garotos. Ela também se furta de emitir juízo de valor sobre algumas atitudes dos personagens, como a ação de Bobby McCray de praticamente empurrar o filho rumo à confissão do crime, ou o fato de que Raymond Santana virou traficante de drogas pouco depois de conquistar a liberdade. DuVernay está mais interessada em exibir, da maneira mais impactante possível, os fatos. Um excelente exemplo é o diálogo cru e ao mesmo tempo teatral entre Antron, Yusef, Kevin e Raymond ao final do piloto.
3. Os cinco do Central Park
Os atores do núcleo adulto da série que me perdoem, mas o sucesso de Olhos que Condenam se dá, em grande parte, pelas atuações brilhantes dos cinco adolescentes. Os rapazes não aparecem como uma massa aglutinada, cinco garotos com um problema em comum: cada um com seus dramas, sua personalidade, seu estilo, sua vivência. O quinteto consegue equilibrar em seus personagens a inocência do menino nem sabe o que é um estupro, mas entende muito bem o racismo: ter a pele negra e estar sob o olhar enviesado de um policial é um grande risco de vida.
4. Veracidade histórica
O cuidado com os detalhes impressionou quem acompanhou o caso de perto: na tentativa de mostrar as coisas como realmente aconteceram, DuVernay apela para a veracidade histórica, desde transmissões de TV da época (Trump aparece defendendo seu anúncio na imprensa em entrevista) até na escolha de figurinos. Uma página de fãs da diretora apontou que muitas das cenas têm paralelos assustadores com imagens reais da investigação, como no depoimento de Korey Wise – a caracterização do ator e do ambiente aumentam a qualidade do material.
5. É preciso continuar
Se DuVernay é didática ao apontar como um Estado racista tem o poder de arruinar a adolescência de cinco garotos inocentes, ela mostra que a vida, em algum momento, deve continuar. A diretora presta uma verdadeira homenagem às resilientes famílias dos meninos, que, como puderam, estiveram ao lado deles durante os piores momentos de suas vidas. Depois, mostra como cada um deles se reinventou em seu tempo, como pôde: seja com um novo amor, com um emprego digno ou com a ajuda da religião. Ava nunca apontou favoritos, mas sua admiração incondicional por Korey Wise é evidente. Ele é o o único do quinteto a continuar vivendo em Nova York, após ter criado um serviço gratuito de aconselhamento legal para apenados acusados erroneamente."
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