E a última sexta-feira do mês de junho chegou. O Brasil atingiu 54.971 mortes e 1.228.114 casos confirmados de covid-19, postagem de ontem, e como se não bastasse essa pandemia uma "nuvem de gafanhotos" está rumando da Argentina para o Brasil.
Segundo André Ferretti, gerente de Economia
da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza,
"distúrbios climáticos provocados pelo aquecimento global e o desrespeito
aos limites da natureza têm causado fenômenos disruptivos, que vão
desde a nuvem de gafanhotos até eventos mais rigorosos, como a pandemia
do novo coronavírus. “A forma como lidamos com a natureza precisa ser
repensada para que as sociedades não fiquem sujeitas às consequências
danosas de fenômenos como esses. Ao mesmo tempo, os governos precisam
começar a pensar em planos de contingenciamento que ajudem os países a
serem resilientes a situações cada vez mais danosas e intensas.”".
Ainda que cause medo, a espécie Schistocerca cancellata não afeta a saúde humana ou de animais, e não é vetor de nenhum tipo de doença. No entanto, os danos causados à vegetação podem ser graves — o engenheiro agrônomo argentino Héctor Medina afirmou à agência de notícias Reuters que esses insetos consomem uma quantidade de pastagem equivalente a 2 mil vacas ou 350 mil pessoas.
Essa não é a primeira vez que o fenômeno ameaça a agricultura de um país. Em diversos momentos da história, gafanhotos causaram estrago pelo mundo. Conheça alguns dos principais episódios.
1. Egito (1400 a.C.)
A infestação de gafanhotos é também conhecida por ser a oitava praga bíblica. Segundo o Livro Sagrado, essa é uma das 10 pragas enviadas por Deus para castigar os egípcios, que adoravam outros deuses e escravizavam o povo de Israel. Ao dizimar as colheitas, Deus estaria mostrando que só ele tinha o controle absoluto sobre os elementos da natureza. “Eles cobriram a face de toda a terra, de modo que a terra ficou escura e comeram todas as plantas da terra e todo o fruto das árvores que o granizo havia deixado. Não restou coisa verde, nem árvore nem planta do campo, por toda a terra do Egito”, diz o Êxodo.
2. Estados Unidos (1874)
No verão de 1874, milhões de gafanhotos infestaram o céu de Kansas, no estado de Nebraska, além das Dakotas e outros áreas do território dos Estados Unidos. Segundo moradores, os insetos eram tantos que chegaram a bloquear o sol por várias horas. No entanto, foi quando eles se dissiparam que a destruição começou: o enxame consumiu campos de cultivo, a vegetação, as árvores e até a lã das ovelhas. Eles chegaram a causar US $ 200 milhões em danos às colheitas.
3. Egito (2004)
Nuvens de gafanhoto assustaram os moradores do Cairo no ano de 2004. Eles chegaram da Líbia após terem provocado danos no norte da África. Na época, em entrevista à Reuters, o especialista Christian Pantenius explicou que eles eram levados por ventos fortes e, devido às condições climáticas, não causariam grandes problemas.
4. México (2006)
Cancún, um dos maiores destinos turísticos do país, sofreu com os gafanhotos em 2006. Ao todo, eram quatro grupos de insetos que avançam pela península de Yucatán. As autoridades locais usaram toneladas de produtos químicos para combater a praga, que atingiu plantações de milho. A preocupação era grande, já que o país ainda estava se recuperando do furacão Wilma.
5. Israel (2013)
Em 2013, os insetos voadores atingiram o sul do país. Vindos do Egito, os enxames infestaram vilarejos e casas, além de dizimar plantações. No inicio da invasão houve tentativas de dedetização por parte das autoridades, porém não adiantou. Os habitantes foram instruídos a vedar as estufas e as casas até os bichos irem embora.
6. Leste da África (2019/2020)
Países do leste africano viveram um surto de gafanhotos entre o fim de 2019 e o começo deste ano que ameaçou a alimentação de quase milhões de pessoas em locais na Somália, na Etiópia e no Quênia. De acordo com especialistas, eles apareceram por causa do clima úmido da região combinado com ciclones que atingiram o leste da África e a Península Arábica. A praga atingiu plantações de milho e de feijão, colocando em risco a população local."(revistagalileu)
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