Sábado é dia de aproveitar para relaxar e curtir séries. E Lovecraft Country da HBO está sensacional. Em tempos de debates sobre o racismo nos Estados Unidos é esclarecedor conhecer como era a vida da população negra dos anos 1950. As referências históricas dão um toque de veracidade à série por isso recomendo.
"Baseada no livro Território Lovecraft, de Matt Ruff, a série Lovecraft Country, da HBO, discute o racismo nos Estados Unidos a partir de uma ficção ambientada na década de 1950 e regada de terror. Após servir na Guerra da Coreia, o jovem Atticus Freeman (Jonathan Majors) retorna para os EUA com uma nova missão: encontrar o pai misteriosamente desaparecido. Com a ajuda de seu tio George (Courtney B. Vance) e a amiga Letitia (Jurnee Smollett-Bell), eles percorrem estradas do país assombradas por monstros e racistas — que muitas vezes são indistintos.
Produzida por Jordan Peele (Corra!), J.J. Abrams(Star Wars) e Misha Green, a série traz à tona o assunto com narrativa, figurino e trilha sonora impecáveis — não à toa, recebeu 100% de aprovação no Rotten Tomatoes.
1. Leis de Jim Crow
A história se passa enquanto as leis de Jim Crow ainda estavam em vigor nos Estados Unidos. Criadas para segregar a população afro-americana, elas começaram a surgir após a Guerra Civil e a abolição da escravidão no país, assinada em 1863. A partir desse marco, leis estaduais e locais passaram a ser instituídas para separar negros e brancos em estabelecimentos, escolas, transportes, banheiros e até bedouros. As leis Jim Crow foram adotadas principalmente no Sul dos Estados Unidos e ficaram vigentes até a aprovação da Lei dos Direitos Civis de 1964. Ou seja, um século após o fim da escravidão no país.
2. Cidades do pôr do sol
Também criadas a partir do período de reconstrução do pós-guerra, as sundown towns eram cidades ou vilarejos que não permitiam a estadia de negros, intimidando a presença de pessoas não brancas por meio da violência e de leis segregacionistas locais. Até os anos 1960, era comum que esses lugares permitissem apenas a permanência de negros até o pôr do sol. No primeiro episódio, o trio protagonista é ameaçado por um policial de uma das cidades que tinham essa prática racista.
3. O Livro Verde do Motorista Negro
Mais conhecido após o lançamento do filme Green book (2018), a publicação foi criada pelo carteiro e escritor de viagens afro-americano Victor Hugo Green. O guia reunia indicações de lugares que aceitavam a estadia de viajantes negros, que frequentemente eram vítimas de discriminação em estradas, hotéis e restaurantes.
4. Denmark Vesey
O nome de um restaurante fictício de Lovecraft Country é uma homenagem ao homem que planejou a primeira grande revolta de escravos dos Estados Unidos, em 1822. Familiarizado com o movimento abolicionista do Haiti e leitor ávido de obras antiescravistas, Vesey conseguiu comprar sua liberdade por US$ 600 — e desde então lutou para que outras pessoas também a conquistassem.
Em 1822, liderou o plano de uma insurreição que pode ter envolvido até 9 mil escravos. Infelizmente, autoridades brancas souberam da revolta e reprimiram parte do movimento antes que a estratégia fosse posta em prática. Vesey foi um dos organizadores apreendidos e executados pela tentativa de insurreição.
5. Debate entre James Baldwin e William F. Buckley
Além de contar com músicas de Etta James e B. B. King, a trilha sonora da série também apresenta um trecho de um discurso do escritor afro-americano James Baldwin durante um debate com o autor conservador William F. Buckley. A argumentação foi gravada na Universidade de Cambridge, nos Estados Unidos, em 1965, e buscava responder à questão: “O sonho americano foi alcançado às custas do negro americano?”Enquanto Buckley defendia que o sonho americano poderia ser conquistado por todos que estivessem dispostos a persegui-lo, Baldwin usou sua experiência pessoal para apontar como os negros viviam em condições degradantes no país. Ovacionado, Baldwin saiu vencedor do debate."
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