quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Aula de Campo na Fazenda Descalvados/Cáceres
Em 1999 eu era professora substituta na UFMT e juntamente com um aluno que na época era guia de turismo, organizamos uma aula de campo à Fazenda Descalvados. A viagem foi uma aventura, fomos num ônibus da UFMT e chegando em Cáceres tivemos que terminar o trajeto de barco, uma vez que não existe estradas para chegar à Fazenda.
Descalvados, assim como as demais fazendas históricas e usinas de açúcar estão situadas na Bacia Pantaneira, às margens do rio Paraguai e, é um dos mais significativos testemunhos da dinamicidade histórico/cultural de Mato Grosso.
O primeiro proprietário da Fazenda foi João Carlos Pereira Leite que a obteve por doação em retribuição pela luta na Guerra do Paraguai. Em 1895, Jayme Cibils Buchareo novo proprietário, se associa a um grupo belga e a exploração toma feições de uma indústria extrativista; sua especialidade era a produção do caldo de carne bomillon, como também o extrato sólido de carne. Ela se destacou no cenário da produção pecuarista, pois possuía em média 200 mil cabeças de gado e abatia 20 a 30 mil rezes anualmente.
A Fazenda Descalvados possui um conjunto arquitetônico típico das grandes fazendas do séc. XIX: “Casa Grande”, “Morada dos Colonos”,“Armazém”, “Igreja”, “Praça”, “Oficina”, “Casa para Administração”, “Curral”, “Matadouro”, “Galpão”.
A antiga Casa Grande atualmente funciona como uma pousada, onde deve-se fazer a reserva com bastante antecedência. O administrador nos contou histórias bastante interessantes que aconteceram lá e inclusive nos mostrou uma espécie de diário onde se falava de "assombrações". Os alunos acharam graça, mas alguns ficaram com medo de dormir nas casas mais afastadas.
O amanhecer no rio Paraguai é maravilhoso, assim como o pôr-do-sol. A pousada manteve o ar de Fazenda antiga, ou seja, todo o conjunto arquitetônico é fascinante. E a escada em caracol de ferro inglês é realmente incrível; quando eu subia imaginava outras mulheres com vestidos longos, se encaminhando para os quartos.
Nessa aula de campo, nós convidamos alguns biólogos da FEMA e eles aceitaram nos acompanhar; isso porque alguns alunos não quiseram desembolsar R$ 90,00 para a viagem. Aliás, os alunos de história tinham a mania de dizer que dormir em hotel ou pousada era "coisa de burguês". Assim sendo, faltava preencher alguns lugares e ao fazer o convite três biólogos aceitaram. E com eles pudemos conhecer a Reserva Ecológica de Taiamã, que não é permitido para alunos "comuns".
Na foto acima, estou no ancoradouro da Reserva Ecológica de Taiamã e lá permanecemos por duas horas. É um local realmente belissímo. Situada próximo da divisa com a Bolívia, a reserva é formada por 20.000 hectares da ilha de taiamã, possui fauna e flora, A reserva é um enorme berçário para desova dos peixes pantaneiros durante a piracema, por ser proibida a pesca dentro dos limites da reserva, os peixes se reproduzem e se desenvolvem com segurança.
Nós aproveitamos muito essa aula de campo e nunca mais voltei lá. Nem precisa dizer que meus alunos ao retornar para a sala de aula só comentavam a aventura no Pantanal, deixando os colegas "mortos" de inveja.
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