Hoje em dia as festas natalinas estão ligadas ao consumo, comida farta, bebidas e só.
O aniversariante do dia, JESUS, pouco é lembrado, somente os muito religiosos é que sabem o verdadeiro significado da data ou seja, a importância da Vinda Dele ao Mundo.
Quando éramos crianças nunca tivemos brinquedos caros e nem mesa tão farta.Afinal, nosso pai era motorista de taxi e a mãe costureira; meu sonho era ganhar uma boneca Susie.
Também não ficávamos acordados até tarde, pois Papai Noel não vinha enquanto as crianças estavam acordadas. Como não tínhamos chaminé ele deveria entrar pela porta mesmo.
Os presentes, quando ganhávamos, eram simples: boneca de plástico sem cabelos, panelinhas e os garotos bola de futebol também de plástico.
Em nossa casa não havia enfeites, árvores de natal ou aquela mesa linda das revistas.Mas, a ceia, muito simples, a gente agradecia por tê-la. Mãe fazia um Pai Nosso agradecendo pela comida.Não tinha bebida a não ser água.
A "missa do galo" não assistíamos porque era meia-noite e já estávamos dormindo; sem esquecer que o Cemitério da Piedade ficava ali pertinho e se as almas saíam meio-dia que diria meia-noite!.
Eu me lembro que era costume no dia 23 de dezembro as pessoas sairem para comprar os presentes. As lojas ficavam abertas até 23:00 horas e todos aproveitavam para ir fazer compras. Não havia perigo nas ruas, pois os bandidos deveriam ser poucos.
No dia 24 de dezembro era tempo de visitar os parentes e os amigos antes da ceia. E toda casa que a gente visitava era servido um doce chamado pavê. Era uma sobremessa natalina cara, uma vez que levava leite condensado e bolacha champagne muito caro para o bolso das famílias pobres.
Na casa de minha avó a ceia era farta e tinha maça, uva, romã, sucos e doces para sobremessa. Não tinha peru, mas frango e carne tinha bastante, bem como outras guloseimas natalinas.
Teve um ano em que a madrinha, minha avó era minha madrinha, passou mal e foi internada e a comida ficou lá na mesa enquanto todos ficavam rezando e chorando. À noite de natal literalmente acabou e a partir dessa data nossa ceia sempre acontece antes das 22:00 horas.
Desde que nossos três sobrinhos moram conosco, há 23 anos, em nossa ceia o prato principal é o peru; nossa casa fica enfeitada, mas não montamos árvore de natal e nem presépio. E não existe troca de presentes, pois o aniversariante do dia não deseja presentes e sim boas ações.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
Prece Natalina
"Que neste Natal,
eu possa lembrar dos que vivem em guerra,
e fazer por eles uma prece de paz.
Que eu possa lembrar dos que odeiam,
e fazer por eles uma prece de amor.
Que eu possa perdoar a todos que me magoaram,
e fazer por eles uma prece de perdão.
Que eu lembre dos desesperados,
e faça por eles uma prece de esperança.
Que eu esqueça as tristezas do ano que termina,
e faça uma prece de alegria.
Que eu possa acreditar que o mundo ainda pode ser melhor,
e faça por ele uma prece de fé.
Obrigada Senhor
Por ter alimento,
quando tantos passam o ano com fome.
Por ter saúde,
quando tantos sofrem neste momento.
Por ter um lar,
quando tantos dormem nas ruas.
Por ser feliz,
quando tantos choram na solidão.
Por ter amor,
quantos tantos vivem no ódio.
Pela minha paz,
quando tantos vivem o horror da guerra."
desconhecido
eu possa lembrar dos que vivem em guerra,
e fazer por eles uma prece de paz.
Que eu possa lembrar dos que odeiam,
e fazer por eles uma prece de amor.
Que eu possa perdoar a todos que me magoaram,
e fazer por eles uma prece de perdão.
Que eu lembre dos desesperados,
e faça por eles uma prece de esperança.
Que eu esqueça as tristezas do ano que termina,
e faça uma prece de alegria.
Que eu possa acreditar que o mundo ainda pode ser melhor,
e faça por ele uma prece de fé.
Obrigada Senhor
Por ter alimento,
quando tantos passam o ano com fome.
Por ter saúde,
quando tantos sofrem neste momento.
Por ter um lar,
quando tantos dormem nas ruas.
Por ser feliz,
quando tantos choram na solidão.
Por ter amor,
quantos tantos vivem no ódio.
Pela minha paz,
quando tantos vivem o horror da guerra."
sábado, 22 de dezembro de 2012
Rua Cândido Mariano
Todas as ruas de Cuiabá possuem histórias interessantes e a Rua Cândido Mariano não é diferente.
Segundo Rubens de Mendonça houve um período em que ela foi chamada "de Rua da Boa Morte, referente a Igreja do mesmo nome; depois rua Cel. Antonio Paes de Barros e finalmente quando o Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, em 1915, foi recebido festivamente em Cuiabá, por haver concluído os trabalhos de construção da rede telegráfica de Mato Grosso, fez sua entrada triunfal pela rua Cel. Antonio Paes de Barros, daí a razão de haver dado o seu nome a essa rua."
O historiador fala que entre a Praça General Mallet e a rua da Boa Morte a primeira casa a esquerda de quem desce, foi construída pelo jornalista Alcebíades Calhao (Tico Calhao). O sobrado misterioso e sombrio era uma chácara com um quintal todo plantado de árvores frutíferas e algumas flores.
Eu já escrevi que os mais velhos diziam que ele era assombrado e nós não andávamos naquela calçada quando íamos para o Colégio Estadual.. E deve ser verdade, pois as pessoas não ficam lá muito tempo. Agora está funcionando uma parte do SESI e mesmo pintado e reformado ainda mantém o ar de mistério!
Também nessa rua ficava a sede do Mixto Esporte Clube, fundado em 17 de maio de 1934 pela D. Zulmira de Andrade Canavarros. O hino do Clube foi composto por ela, que também estimulava os atletas, arregimentando imensas torcidas que vibravam com a atuação do Clube.
Hoje no local onde ficava a sede do Mixto funciona o CDL e pouca gente deve saber disso. Os jogadores frequentavam a casa de minha avó e quando eles chegavam faziam uma farra tremenda.
Na rua Càndido Mariano moravam também as famílias tradicionais cuiabana; eram políticos, comerciantes, artistas, médicos, contadores, dentistas, professoras. etc.
A minha avó morava lá: primeiro num casarão de esquina com rua Comandante Costa e depois num outro cujo fundo dava na Receita Federal. Minha avó adorava rosas e uma parte do enorme quintal era dedicado à elas.
Ao lado da casa dela morava um jovem médico e ele nunca cmprimentava ninguém. Minha avó então o apelidou de Dr. Barão e até hoje não sei o verdadeiro nome dele.
Eu tenho boas e tristes lembranças da rua Cãndido Mariano, mas nada como o armazém Bom Gosto de Doca alemão. No bulixo, como diz o cuiabano, de Doca a gente encontrava de tudo: de fumo de rolo a linguiça na bacia; agulha, banha de porco, pão que ele embrulhava no papel pardo; doces de amendoim, etc. De manhã cedo ele lavava a calçada com creolina e depois acendia um incenso contra "olho grande".
Ainda é possível encontrar as tradicionais cadeiras de balanço de uma família também tradicional, que se reúne para conversar no final da tarde.Quando era criança cheguei de ver o historiador Rubens de Mendonça diversas vezes trocando idéias com os respeitosos senhores. Só nunca vi nenhuma mulher entre eles.
Atualmente a rua Cândido Mariano é conhecida como a "rua das óticas" e infelizmente depois do entardecer é perigoso andar por lá.
Segundo Rubens de Mendonça houve um período em que ela foi chamada "de Rua da Boa Morte, referente a Igreja do mesmo nome; depois rua Cel. Antonio Paes de Barros e finalmente quando o Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, em 1915, foi recebido festivamente em Cuiabá, por haver concluído os trabalhos de construção da rede telegráfica de Mato Grosso, fez sua entrada triunfal pela rua Cel. Antonio Paes de Barros, daí a razão de haver dado o seu nome a essa rua."
O historiador fala que entre a Praça General Mallet e a rua da Boa Morte a primeira casa a esquerda de quem desce, foi construída pelo jornalista Alcebíades Calhao (Tico Calhao). O sobrado misterioso e sombrio era uma chácara com um quintal todo plantado de árvores frutíferas e algumas flores.
Eu já escrevi que os mais velhos diziam que ele era assombrado e nós não andávamos naquela calçada quando íamos para o Colégio Estadual.. E deve ser verdade, pois as pessoas não ficam lá muito tempo. Agora está funcionando uma parte do SESI e mesmo pintado e reformado ainda mantém o ar de mistério!
Também nessa rua ficava a sede do Mixto Esporte Clube, fundado em 17 de maio de 1934 pela D. Zulmira de Andrade Canavarros. O hino do Clube foi composto por ela, que também estimulava os atletas, arregimentando imensas torcidas que vibravam com a atuação do Clube.
Hoje no local onde ficava a sede do Mixto funciona o CDL e pouca gente deve saber disso. Os jogadores frequentavam a casa de minha avó e quando eles chegavam faziam uma farra tremenda.
Na rua Càndido Mariano moravam também as famílias tradicionais cuiabana; eram políticos, comerciantes, artistas, médicos, contadores, dentistas, professoras. etc.
A minha avó morava lá: primeiro num casarão de esquina com rua Comandante Costa e depois num outro cujo fundo dava na Receita Federal. Minha avó adorava rosas e uma parte do enorme quintal era dedicado à elas.
Ao lado da casa dela morava um jovem médico e ele nunca cmprimentava ninguém. Minha avó então o apelidou de Dr. Barão e até hoje não sei o verdadeiro nome dele.
Eu tenho boas e tristes lembranças da rua Cãndido Mariano, mas nada como o armazém Bom Gosto de Doca alemão. No bulixo, como diz o cuiabano, de Doca a gente encontrava de tudo: de fumo de rolo a linguiça na bacia; agulha, banha de porco, pão que ele embrulhava no papel pardo; doces de amendoim, etc. De manhã cedo ele lavava a calçada com creolina e depois acendia um incenso contra "olho grande".
Ainda é possível encontrar as tradicionais cadeiras de balanço de uma família também tradicional, que se reúne para conversar no final da tarde.Quando era criança cheguei de ver o historiador Rubens de Mendonça diversas vezes trocando idéias com os respeitosos senhores. Só nunca vi nenhuma mulher entre eles.
Atualmente a rua Cândido Mariano é conhecida como a "rua das óticas" e infelizmente depois do entardecer é perigoso andar por lá.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Pavor de Tempestades
Eu não me lembro de sentir medo de relâmpagos e trovões quando era criança. Mas, na adolêscencia e juventude o medo virou pavor. Até hoje eu não durmo enquanto a chuva não passa.
Minha mãe também tem esse medo e ela costuma dizer que quando era jovem, um raio "caiu" numa caixa de pólvora e ela e as irmãs desmairam com a explosão. Talvez meu medo seja herdado do dela não sei.
Quando a chuva vinha com muitos relâmpagos eu costumava acordar minha irmã Cleide Néli, nós dormíamos no mesmo quarto, e dizer que estava com medo, ela dizia "vai dormir o raio não vai entrar aqui".Ela voltava a dormir e eu ficava acordada suando e tremendo embaixo do lençol.
Às vezes chorava e rezava sem parar até meu pai aparecer na porta do quarto e dizer "menina, você está com medo?" Eu respondia que sim e ele dizia" vem para nosso quarto, sua mãe também está acordada". Logicamente que eu não ía, mas gostava de saber que meu pai estava preocupado comigo.
Uma vez em Juina, eu vivenciei a pior tempestade de minha vida : ventos que assoviavam, raios, trovões e água caindo como se fosse um dilúvio. Também fomos pegas em plena avenida da Prainha e até em Goiania enfrentamos um tempo ruim. E eu chorei e rezei sem parar.
Há alguns anos uma tempestade provocou estragos e mortes pela cidade e não houve um relâmpago sequer. Uma chuva calma e perigosa! Também fico atenta para "tempestades" estranhas demais.
Os cuiabanos marcavam a estação das águas pelas chuvas que caiam em agosto. Era a "chuva do caju". O cheiro de terra molhada, a grama verde e os cajueiros começando a florescer. Os relâmpagos davam medo sim, mas a beleza da natureza superava tudo.
Com a chegada do verão as chuvas se intensificam e meu pavor retorna, mas somente se houver relâmpagos.
Minha mãe também tem esse medo e ela costuma dizer que quando era jovem, um raio "caiu" numa caixa de pólvora e ela e as irmãs desmairam com a explosão. Talvez meu medo seja herdado do dela não sei.
Quando a chuva vinha com muitos relâmpagos eu costumava acordar minha irmã Cleide Néli, nós dormíamos no mesmo quarto, e dizer que estava com medo, ela dizia "vai dormir o raio não vai entrar aqui".Ela voltava a dormir e eu ficava acordada suando e tremendo embaixo do lençol.
Às vezes chorava e rezava sem parar até meu pai aparecer na porta do quarto e dizer "menina, você está com medo?" Eu respondia que sim e ele dizia" vem para nosso quarto, sua mãe também está acordada". Logicamente que eu não ía, mas gostava de saber que meu pai estava preocupado comigo.
Uma vez em Juina, eu vivenciei a pior tempestade de minha vida : ventos que assoviavam, raios, trovões e água caindo como se fosse um dilúvio. Também fomos pegas em plena avenida da Prainha e até em Goiania enfrentamos um tempo ruim. E eu chorei e rezei sem parar.
Há alguns anos uma tempestade provocou estragos e mortes pela cidade e não houve um relâmpago sequer. Uma chuva calma e perigosa! Também fico atenta para "tempestades" estranhas demais.
Os cuiabanos marcavam a estação das águas pelas chuvas que caiam em agosto. Era a "chuva do caju". O cheiro de terra molhada, a grama verde e os cajueiros começando a florescer. Os relâmpagos davam medo sim, mas a beleza da natureza superava tudo.
Com a chegada do verão as chuvas se intensificam e meu pavor retorna, mas somente se houver relâmpagos.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Histórias sobre o Cemitério da Piedade
Na rua Batista das Neves, além das casas de adobe e telhas de barro, mansão como a da família Vieira,na esquina da rua Campo Grande com a Batista das Neves, hoje abandonada, casarões em todos os estilos, ainda está no mesmo lugar o Cemitério da Piedade.
Como já disse anteriormente, era costume ficarmos ouvindo as histórias ao anoitecer na porta da casa de nossa vizinha. Eu nunca entendi porque as histórias de terror sempre eram contadas de noite, talvez o fato do Cemitério estar tão perto provocasse o medo em todos nós.
O Cemitério da Piedade é considerado patrimônio cultural representado pela sua Fachada Principal com duas colunas da cada lado do portão, de estilo eclético: o portão de ferro da época e o frontispício retratando traços neoclássicos.
O primeiro Cemitério Público da Província de Mato Grosso, construído por volta de 1875, remonta sua história, no contexto das transformações surgidas nas cidades modernas, no decorrer do século XIX. Exige-se que as cidades adotem os princípios das mudanças.Naquela época envolvia também, as mudanças dos hábitos para proporcionar a higienização das cidades e a estruturação do espaço urbano.
Assim nasceu os cemitérios, com recomendações que deveriam ser cercados de muros com grades na altura de 10 palmos e um portão e que constassem de uma capela.
As historias de assombrações eram inúmeras e os pais também faziam as crianças acreditar em sua existência. Mãe costumava dizer que ao meio-dia as almas saiam do Cemitério e pegavam as crianças que estavam acordadas. Nós acabávamos de almoçar e íamos dormir para não sermos pegos.
Certa vez num domingo à tarde, fomos passeando até o Cemitério. Enquanto o pai e a mãe conversavam nós fomos olhar através do portão. E para nossa surpresa, lá dentro havia um homem! Nós começavamos a falar todos ao mesmo tempo e os dois disseram que não havia ninguém lá. A mãe disse:" o cemitério está fechado e não tem como alguém estar lá dentro".Como nós cinco vimos, não poderia ser mentira. Aí surgiu mais um motivo para ter medo daquele lugar.
Uma outra passagem interessante aconteceu com a irmã de uma menina, que morava num casarão em frente da praça, esse casarão ainda está lá e ele realmente dá medo só de olhar, e foi o seguinte : a irmã dela dormia num dos quartos da frente e numa noite ela acordou com alguém segurando sua mão. Não seria tão assustador se a mão fosse normal, mas a mão era peluda e ela deu um grito apavorante. Quando o pai dela saiu para fora não encontrou ninguém. E o fato virou mais uma história de terror da praça da Boa Morte.
Até quando ministrei aulas na UFMT ouvi histórias de assombrações que rondam o entorno do Cemitério da Piedade, Avenida Mato Grosso, Bairro Aráes, etc.
Já não existem exímios contadores de histórias de terror, acredito que " ao acender a luz elétríca o medo de assombrações acabou". Eu já não tenho medo, pois o Espiritismo me trouxe respostas sobre a vida após a morte, entretanto, ainda sinto arrepio quando frequento certos lugares em Cuiabá.
Como já disse anteriormente, era costume ficarmos ouvindo as histórias ao anoitecer na porta da casa de nossa vizinha. Eu nunca entendi porque as histórias de terror sempre eram contadas de noite, talvez o fato do Cemitério estar tão perto provocasse o medo em todos nós.
O Cemitério da Piedade é considerado patrimônio cultural representado pela sua Fachada Principal com duas colunas da cada lado do portão, de estilo eclético: o portão de ferro da época e o frontispício retratando traços neoclássicos.
O primeiro Cemitério Público da Província de Mato Grosso, construído por volta de 1875, remonta sua história, no contexto das transformações surgidas nas cidades modernas, no decorrer do século XIX. Exige-se que as cidades adotem os princípios das mudanças.Naquela época envolvia também, as mudanças dos hábitos para proporcionar a higienização das cidades e a estruturação do espaço urbano.
Assim nasceu os cemitérios, com recomendações que deveriam ser cercados de muros com grades na altura de 10 palmos e um portão e que constassem de uma capela.
As historias de assombrações eram inúmeras e os pais também faziam as crianças acreditar em sua existência. Mãe costumava dizer que ao meio-dia as almas saiam do Cemitério e pegavam as crianças que estavam acordadas. Nós acabávamos de almoçar e íamos dormir para não sermos pegos.
Certa vez num domingo à tarde, fomos passeando até o Cemitério. Enquanto o pai e a mãe conversavam nós fomos olhar através do portão. E para nossa surpresa, lá dentro havia um homem! Nós começavamos a falar todos ao mesmo tempo e os dois disseram que não havia ninguém lá. A mãe disse:" o cemitério está fechado e não tem como alguém estar lá dentro".Como nós cinco vimos, não poderia ser mentira. Aí surgiu mais um motivo para ter medo daquele lugar.
Uma outra passagem interessante aconteceu com a irmã de uma menina, que morava num casarão em frente da praça, esse casarão ainda está lá e ele realmente dá medo só de olhar, e foi o seguinte : a irmã dela dormia num dos quartos da frente e numa noite ela acordou com alguém segurando sua mão. Não seria tão assustador se a mão fosse normal, mas a mão era peluda e ela deu um grito apavorante. Quando o pai dela saiu para fora não encontrou ninguém. E o fato virou mais uma história de terror da praça da Boa Morte.
Até quando ministrei aulas na UFMT ouvi histórias de assombrações que rondam o entorno do Cemitério da Piedade, Avenida Mato Grosso, Bairro Aráes, etc.
Já não existem exímios contadores de histórias de terror, acredito que " ao acender a luz elétríca o medo de assombrações acabou". Eu já não tenho medo, pois o Espiritismo me trouxe respostas sobre a vida após a morte, entretanto, ainda sinto arrepio quando frequento certos lugares em Cuiabá.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Lembranças da Praça da Boa Morte
Quando minha família mudou de Poxoréo para Cuiabá nos anos 60, nós fomos morar numa casa em frente da praça da Igreja Boa Morte. Naquela época a rua Batista das Neves, onde nós morávamos, a rua Cândido Mariano, Campo Grande e outras eram repletas de famílias tradicionais cuiabanas.
A família que criou minha mãe era tradicional de nome e sobrenome e morava na rua Cândido Mariano.As casas, algumas ainda existem com beiras e frisos, eram enormes ou medianas; com quintais ou não. Mas, para todas as crianças e éramos muitas, nada se comparava a praça da Igreja.
Ao entardecer nos reuniamos para brincar, pois não havia muitos televisores, ou ouvir histórias de terror. Ali na praça durante as brincadeiras não existia crianças ricas ou pobres, apenas a alegria de poder correr, pular, gritar, se divertir antes de dormir.
A contadora de histórias, nós a chamavámos de Preta, sabia como manter o suspense e despertar o medo em todos. Minha casa ficava apenas uma casa da dela, mas eu sentia tanto medo que a mãe precisava ir nos buscar para entrar.
A Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte é centenária. As árvores, oitis, frondosas da praça devem ter a idade da Igreja eu acredito. Ela pertencia a uma Irmandade de homens pardos que responsabilizaou-se por sua construção, provavelmente no inicio dos anos 800.
A documentação histórica diz que a Igreja possuía uma única torre em forma piramidal, um único telhado em duas águas e arquitetura barroca. Em 1864, o altar - mor foi concluído por meio de esmolas colhidas pela Irmandade.
Em algum período a primitiva torre ruiu e me lembro de numa entrevista que fiz com D. Maria de Arruda Muller, ela disse que seu pai pediu autorização ao bispo para retirar a terra para construção de sua residência. Sobre o casarão dos Muller escreverei em outra oportunidade.
Deste modo a fachada que hoje esta apresenta, de estilo neoclássico, indica a substituição da fachada frontal sem que fossem remodelados seus interiores e o resto do corpo da Igreja continua em estilo barroco.
Eu não me lembro a data exata, mas foi construída uma piscina em frente da Igreja. Logicamente que ninguém tomava banho nela, porém eu adorava ficar olhando a ondulação que água fazia quando o vento soprava... Em algum momento ela foi entupida, acho que foi quando os viciados passaram a frequentar a
praça.
Por não ser católica, devo ter entrado na Igreja duas ou três vezes. Entretanto, a arquitetura barroca do interior é sempre fascinante. E quando passo por lá, ainda ouço nossos gritos, risos e medo das histórias de terror. Afinal, o Cemitério da Piedade ficava na mesma rua.
A família que criou minha mãe era tradicional de nome e sobrenome e morava na rua Cândido Mariano.As casas, algumas ainda existem com beiras e frisos, eram enormes ou medianas; com quintais ou não. Mas, para todas as crianças e éramos muitas, nada se comparava a praça da Igreja.
Ao entardecer nos reuniamos para brincar, pois não havia muitos televisores, ou ouvir histórias de terror. Ali na praça durante as brincadeiras não existia crianças ricas ou pobres, apenas a alegria de poder correr, pular, gritar, se divertir antes de dormir.
A contadora de histórias, nós a chamavámos de Preta, sabia como manter o suspense e despertar o medo em todos. Minha casa ficava apenas uma casa da dela, mas eu sentia tanto medo que a mãe precisava ir nos buscar para entrar.
A Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte é centenária. As árvores, oitis, frondosas da praça devem ter a idade da Igreja eu acredito. Ela pertencia a uma Irmandade de homens pardos que responsabilizaou-se por sua construção, provavelmente no inicio dos anos 800.
A documentação histórica diz que a Igreja possuía uma única torre em forma piramidal, um único telhado em duas águas e arquitetura barroca. Em 1864, o altar - mor foi concluído por meio de esmolas colhidas pela Irmandade.
Em algum período a primitiva torre ruiu e me lembro de numa entrevista que fiz com D. Maria de Arruda Muller, ela disse que seu pai pediu autorização ao bispo para retirar a terra para construção de sua residência. Sobre o casarão dos Muller escreverei em outra oportunidade.
Deste modo a fachada que hoje esta apresenta, de estilo neoclássico, indica a substituição da fachada frontal sem que fossem remodelados seus interiores e o resto do corpo da Igreja continua em estilo barroco.
Eu não me lembro a data exata, mas foi construída uma piscina em frente da Igreja. Logicamente que ninguém tomava banho nela, porém eu adorava ficar olhando a ondulação que água fazia quando o vento soprava... Em algum momento ela foi entupida, acho que foi quando os viciados passaram a frequentar a
praça.
Por não ser católica, devo ter entrado na Igreja duas ou três vezes. Entretanto, a arquitetura barroca do interior é sempre fascinante. E quando passo por lá, ainda ouço nossos gritos, risos e medo das histórias de terror. Afinal, o Cemitério da Piedade ficava na mesma rua.
domingo, 16 de dezembro de 2012
A Hora da Merenda!
O cuiabano de tchapa e cruz mantém o costume de merendar e não lanchar às 15:00 horas.
Em minha casa a hora da merenda é sagrada, isto é, ela acontece todos os dias desde quando eu e meus irmãos éramos crianças. Logicamente que a mãe faz o que nós vamos comer como: bolo de queijo, chocolate, milho, francisquito, torrada de leite com passas, bolo de "chuva" ou sonho, de polvilho, etc.
Somente quando ela está muito cansada é que o tradicional pão francês ou de forma é utilizado.Nosso costume é comer bebendo com chá mate ou suco natural. O refrigerante nunca é utilizado, pois não fomos acostumados a bebê-lo. Às vezes a merenda é tão caprichada que não precisamos jantar.
As pessoas com mais posse costumam frequentar casas de chá com bolo que existe por aqui, mas nada comparado a merenda feita por nossa mãe.
A tradição do chá das cinco começou no século XIX, com a duquesa de Bedford. Ela se queixava do vazio no estômago que sentia no final da tarde e, para enganar a fome, passou a tomar uma xícara de chá e fazer um pequeno lanche.
Isso se tornou um evento social. Até a rainha Vitória e suas damas de companhia incorporaram o hábito. Os corseletes saíram de moda e o chá virou rotina.
No hotel mais antigo de Londres, cerca de 500 chás da tarde são servidos por semana. Para beliscar tem sanduíche leve, acompanhado do melhor amigo do chá: os “scones”, simples ou com passas, feitos de farinha e servidos quentinhos. A tradição manda comer devagar e com bastante creme e geleia.
Os ingleses inventaram uma nova profissão por causa do famoso chá – o sommelier do chá. Uma espécie de sabe-tudo da bebida, como já existe com o vinho.
Em Londres Rakesh é do Sri Lanka, um país que trocou as plantações de café pelo chá. Ele teve treinamento formal em Londres para distinguir os sabores e os aromas. Também aprendeu a servir a bebida no ponto certo.
Em minha casa a hora da merenda é sagrada, isto é, ela acontece todos os dias desde quando eu e meus irmãos éramos crianças. Logicamente que a mãe faz o que nós vamos comer como: bolo de queijo, chocolate, milho, francisquito, torrada de leite com passas, bolo de "chuva" ou sonho, de polvilho, etc.
Somente quando ela está muito cansada é que o tradicional pão francês ou de forma é utilizado.Nosso costume é comer bebendo com chá mate ou suco natural. O refrigerante nunca é utilizado, pois não fomos acostumados a bebê-lo. Às vezes a merenda é tão caprichada que não precisamos jantar.
As pessoas com mais posse costumam frequentar casas de chá com bolo que existe por aqui, mas nada comparado a merenda feita por nossa mãe.
A tradição do chá das cinco começou no século XIX, com a duquesa de Bedford. Ela se queixava do vazio no estômago que sentia no final da tarde e, para enganar a fome, passou a tomar uma xícara de chá e fazer um pequeno lanche.
Isso se tornou um evento social. Até a rainha Vitória e suas damas de companhia incorporaram o hábito. Os corseletes saíram de moda e o chá virou rotina.
No hotel mais antigo de Londres, cerca de 500 chás da tarde são servidos por semana. Para beliscar tem sanduíche leve, acompanhado do melhor amigo do chá: os “scones”, simples ou com passas, feitos de farinha e servidos quentinhos. A tradição manda comer devagar e com bastante creme e geleia.
Os ingleses inventaram uma nova profissão por causa do famoso chá – o sommelier do chá. Uma espécie de sabe-tudo da bebida, como já existe com o vinho.
Em Londres Rakesh é do Sri Lanka, um país que trocou as plantações de café pelo chá. Ele teve treinamento formal em Londres para distinguir os sabores e os aromas. Também aprendeu a servir a bebida no ponto certo.
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
Amigos
"Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.
Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
Um de outro se há-de lembrar.
Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.
Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.
Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecível cada momento
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.
Há duas formas para viver a sua vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre."
Albert Einstein
Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.
Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
Um de outro se há-de lembrar.
Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.
Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.
Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecível cada momento
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.
Há duas formas para viver a sua vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre."
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
As Aulas no Liceu do Meu Tempo!
Os anos vivenciados no Liceu Cuiabano foram tão intensos que é maravilhoso lembrar até hoje.
Os professores a quem chamávamos "mestres" despertavam nossa atenção para os conhecimentos de uma forma incrível. Afnal, não existia datashow, filmes, aulas de campo, somente quadro negro e giz.
É claro que a matemática nunca foi meu forte e o "mestre" não era dos melhores... Ele estava sempre bêbado e às vezes dormia sentado na cadeira enquanto nós copiávamos a matéria do quadro negro.
A professora de História essa me deixava de boca aberta e ouvidos atentos.
Quando ela explicava sobre a História Antiga eu me via no Egito, Mesopotâmia, Grécia. Nunca me esqueço dos Jardins Suspensos da Babilônia e da decepção quando vi uma foto do mesmo; pois eu ficava imaginando como seria um jardim suspenso nos céus e na realidade era um edificio com um jardim no alto. Nem precisa dizer que me apaixonei por todas as Histórias que ela "contava".
As aulas de práticas do lar era uma forma de dizer que toda mulher nasceu para casar e ter filhos. Nós aprendiamos principalmente a cuidar das crianças: numa banheira a gente aprendia a dar banho nas crianças, bonecas de plástico, sem deixá-las cair e coisas mais... Como filha mais velha eu já sabia tudo aquilo.
A professora de francês dava medo. Ela se vestia de preto; acho que era luto pela morte do marido.Sempre falava em francês com biquinho e tudo. O pior era recitar o "ponto" para toda a sala. É claro que ninguém ria, mas ela dava um olhar de congelar a alma. Quando cursava História na UFMT me matriculei na Aliança Francesa e estudei por oito anos seguidos; no fundo eu gostava de fazer aquele biquinho.
Não me lembro porque as aulas de educação física era na atual praça Santos Dumont. Às 6:30 começava a aula e como eu morava ali na praça da Boa Morte chegava rapidinho. Antes subia pela rua Cândido Mariano e passava pelo casarão tenebroso, hoje funcionava lá uma parte do SESI, que os antigos diziam ser assombrado. Ainda vou entrar lá para visualizar seu interior e quem sabe descobrir algum fantasma.
As aulas de português era ministrada por uma professora muito bonita e de belos olhos verdes.Era a professora mais elegante que nós tinhamos. Ainda me lembro de uma redação que ela pediu para escrevermos : "um pingo d'água na vidraça". Ela dizia que para escrever bem deveríamos ler muito e ter um dicionário. Eu começei com os HQs, telenovelas, livros de bolso, clássicos...
As aulas de educação artística era relaxante e até conseguiamos "cantar" o luar do sertão sem abrir a boca.Caso alguém desafinasse ela mandava começar tudo de novo.
O civismo era parte da educação e uma vez por semana cantávamos o Hino Nacional no pátio e em fila. Todos ficávamos em respeitoso silêncio e as vozes afinadas ecoavam altas e claras.
Os professores a quem chamávamos "mestres" despertavam nossa atenção para os conhecimentos de uma forma incrível. Afnal, não existia datashow, filmes, aulas de campo, somente quadro negro e giz.
É claro que a matemática nunca foi meu forte e o "mestre" não era dos melhores... Ele estava sempre bêbado e às vezes dormia sentado na cadeira enquanto nós copiávamos a matéria do quadro negro.
A professora de História essa me deixava de boca aberta e ouvidos atentos.
Quando ela explicava sobre a História Antiga eu me via no Egito, Mesopotâmia, Grécia. Nunca me esqueço dos Jardins Suspensos da Babilônia e da decepção quando vi uma foto do mesmo; pois eu ficava imaginando como seria um jardim suspenso nos céus e na realidade era um edificio com um jardim no alto. Nem precisa dizer que me apaixonei por todas as Histórias que ela "contava".
As aulas de práticas do lar era uma forma de dizer que toda mulher nasceu para casar e ter filhos. Nós aprendiamos principalmente a cuidar das crianças: numa banheira a gente aprendia a dar banho nas crianças, bonecas de plástico, sem deixá-las cair e coisas mais... Como filha mais velha eu já sabia tudo aquilo.
A professora de francês dava medo. Ela se vestia de preto; acho que era luto pela morte do marido.Sempre falava em francês com biquinho e tudo. O pior era recitar o "ponto" para toda a sala. É claro que ninguém ria, mas ela dava um olhar de congelar a alma. Quando cursava História na UFMT me matriculei na Aliança Francesa e estudei por oito anos seguidos; no fundo eu gostava de fazer aquele biquinho.
Não me lembro porque as aulas de educação física era na atual praça Santos Dumont. Às 6:30 começava a aula e como eu morava ali na praça da Boa Morte chegava rapidinho. Antes subia pela rua Cândido Mariano e passava pelo casarão tenebroso, hoje funcionava lá uma parte do SESI, que os antigos diziam ser assombrado. Ainda vou entrar lá para visualizar seu interior e quem sabe descobrir algum fantasma.
As aulas de português era ministrada por uma professora muito bonita e de belos olhos verdes.Era a professora mais elegante que nós tinhamos. Ainda me lembro de uma redação que ela pediu para escrevermos : "um pingo d'água na vidraça". Ela dizia que para escrever bem deveríamos ler muito e ter um dicionário. Eu começei com os HQs, telenovelas, livros de bolso, clássicos...
As aulas de educação artística era relaxante e até conseguiamos "cantar" o luar do sertão sem abrir a boca.Caso alguém desafinasse ela mandava começar tudo de novo.
O civismo era parte da educação e uma vez por semana cantávamos o Hino Nacional no pátio e em fila. Todos ficávamos em respeitoso silêncio e as vozes afinadas ecoavam altas e claras.
domingo, 9 de dezembro de 2012
Liceu Cuiabano : 133 Anos de Educação, História e Tradição
No último dia 3 de dezembro, o Liceu Cuiabano completou 133 anos e desde que estou lá, 2000, sempre comemoramos sua importância para Cuiabá e Mato Grosso.
Eu não me lembro de haver comemoração durante os anos em que fui aluna. Nos anos de 1973 a 1977 eu cursei da 5ª a 8ª série e como mandava a tradição fui matriculada na Escola Técnica, IFMT, assim que terminei o ano lá. E assim como ainda hoje, o Estadual era bastante disputado pelas famílias cuiabana.
Naquela época as férias de julho durava um mês e o ano letivo terminava em novembro; assim ficávamos de dezembro a fevereiro de férias. Até hoje tudo que aprendi no antigo primário ainda guardo na memória.
O diretor do Colégio Estadual, esse era o nome do Liceu, era o profº Rafael Rueda; um homem que metia medo na criançada. Mais brava que ele era a inspetora Dona Benedita; uma senhora negra que falava baixo e tinha um olhar penetrante.
Nosso uniforme era blusa branca, com um bolso onde aparecia o nome da escola, saia azul com duas pregas na frente e duas atrás e sapato colegial preto com meias brancas. Eu e minhas irmãs só tinhamos um uniforme e a mãe olhava toda vez que voltávamos, pois a única sujeira permitida era na gola da blusa.
Nós não tinhamos todos os livros como nossos alunos possuem hoje, apenas o de francês. As professoras, a maioria era mulher, passavam o "ponto" no quadro negro e nós tinhamos que decorar para as provas.
Apenas na 7ª e 8ª série é que nossa mãe comprou os livros de português, história e geografia. A mãe tinha que costurar e ganhar um bom dinheiro para comprá-los, uma vez que custava muito caro. E tinha os materiais da aula de educação artistica; e os meninos faziam bordado e crochê sem reclamar.
A caderneta de presença era obrigatória : na entrada a inspetora carimbava a presença e na saída também.E não era permitido entrar sem ela na escola. No último ano o bom aluno recebia um certificado de bom comportamento; eu ainda tenho o meu.
Eu nunca fui na diretoria, isso era para crianças mal-educadas e desordeiras; os briguentos eram expulsos e a suspensão de quinze dias. Nos corredores limpos e encerrados, a gente tinha que andar de um jeito que não encostasse nos colegas.
No recreio a gente ficava no pátio e o lanche era levado de casa; não me lembro de ter merenda. As crianças ricas compravam no Rogério, que já estava lá...
Em sala de aula, o silêncio era absoluto e ninguém dormia ou faltava com respeito. Todos podíamos ir beber água ou no banheiro, mas sempre um de cada vez. E havia o medo da "loura" do banheiro ou da "maria algodão", afinal não existe escola sem seus fantasmas.
Eu e minha irmã Cleide Néli fomos colegas até a 7ª série, quando eu sofri duas operações e fiquei reprovada. Nós tinhamos muitos colegas e alguns eram muito queridos, inclusive Délis Ortiz cuja casa nós frequentávamos sempre que ela nos convidava.
Eu não me lembro de haver comemoração durante os anos em que fui aluna. Nos anos de 1973 a 1977 eu cursei da 5ª a 8ª série e como mandava a tradição fui matriculada na Escola Técnica, IFMT, assim que terminei o ano lá. E assim como ainda hoje, o Estadual era bastante disputado pelas famílias cuiabana.
Naquela época as férias de julho durava um mês e o ano letivo terminava em novembro; assim ficávamos de dezembro a fevereiro de férias. Até hoje tudo que aprendi no antigo primário ainda guardo na memória.
O diretor do Colégio Estadual, esse era o nome do Liceu, era o profº Rafael Rueda; um homem que metia medo na criançada. Mais brava que ele era a inspetora Dona Benedita; uma senhora negra que falava baixo e tinha um olhar penetrante.
Nosso uniforme era blusa branca, com um bolso onde aparecia o nome da escola, saia azul com duas pregas na frente e duas atrás e sapato colegial preto com meias brancas. Eu e minhas irmãs só tinhamos um uniforme e a mãe olhava toda vez que voltávamos, pois a única sujeira permitida era na gola da blusa.
Nós não tinhamos todos os livros como nossos alunos possuem hoje, apenas o de francês. As professoras, a maioria era mulher, passavam o "ponto" no quadro negro e nós tinhamos que decorar para as provas.
Apenas na 7ª e 8ª série é que nossa mãe comprou os livros de português, história e geografia. A mãe tinha que costurar e ganhar um bom dinheiro para comprá-los, uma vez que custava muito caro. E tinha os materiais da aula de educação artistica; e os meninos faziam bordado e crochê sem reclamar.
A caderneta de presença era obrigatória : na entrada a inspetora carimbava a presença e na saída também.E não era permitido entrar sem ela na escola. No último ano o bom aluno recebia um certificado de bom comportamento; eu ainda tenho o meu.
Eu nunca fui na diretoria, isso era para crianças mal-educadas e desordeiras; os briguentos eram expulsos e a suspensão de quinze dias. Nos corredores limpos e encerrados, a gente tinha que andar de um jeito que não encostasse nos colegas.
No recreio a gente ficava no pátio e o lanche era levado de casa; não me lembro de ter merenda. As crianças ricas compravam no Rogério, que já estava lá...
Em sala de aula, o silêncio era absoluto e ninguém dormia ou faltava com respeito. Todos podíamos ir beber água ou no banheiro, mas sempre um de cada vez. E havia o medo da "loura" do banheiro ou da "maria algodão", afinal não existe escola sem seus fantasmas.
Eu e minha irmã Cleide Néli fomos colegas até a 7ª série, quando eu sofri duas operações e fiquei reprovada. Nós tinhamos muitos colegas e alguns eram muito queridos, inclusive Délis Ortiz cuja casa nós frequentávamos sempre que ela nos convidava.
domingo, 2 de dezembro de 2012
4º Prédio do Liceu Cuiabano
Eu já escrevi sobre os outros três prédios onde o Liceu Cuiabano funcionou, desde sua autorização no último quartel do séc. XIX ou seja, pela Lei Provincial nº 536 de 3 de dezembro de 1879. Hoje vou escrever somente sobre sua história.
De acordo com a profª Elizabeth M. Siqueira, em História de Mato Grosso : da ancestralidade aos dias atuais "era necessário povoar e estender a cidade até o alto da avenida Getúlio Vargas, visto ser a mais importante da cidade. Foi então construído, na sua porção superior um estabelecimento escolar moderno, assobradado, de linhas arrojadas e retas, o Liceu Cuiabano".
Para a sua construção foi contratada a firma Coimbra e Correia do Rio de Janeiro e o jovem engenheiro Cássio Veiga de Sá o responsável por todas as obras oficiais.Ocupando toda uma quadra, com uma das laterais faceando a Avenida Getúlio Vargas; rua Cândido Mariano e frente para a Avenida Presidente Marques o complexo do Liceu Cuiabano, constituído pela escola, anfiteatro com 482 lugares, ginásio de esportes coberto e o campo de futebol e pista de atletismo. A parte interna, possui 14 salas de aula, foi equipada com mobiliário adquado e laboratórios de físíca e química.
Foi inaugurada a sede atual em 4 de outubro de 1944 e tendo como primeiro diretor o prof. Jercy Jacob.No saguão do anfiteatro ainda existe dois quadros com fotos da 1ª(1945) e da 2ª(1946) turma que estreou as salas do Liceu.
Pelo Decreto Lei nº 100 de 27 de maio de 1942, o Liceu Cuiabano passou a denominar-se Colégio Cuiabano. Pelo Decreto Lei nº 143 de 10 de março de 1943 recebeu a denominação de Colégio Estadual de Mato Grosso.
Mais tarde pelo Decreto 480 de 29 de março de 1976, passou a denominara-se Escola Estadual de 1º e 2º Graus. No governo de Cássio Leite de Barros pelo Decreto nº 1752 de 13 de março de 1979, voltou ao antigo nome Liceu Cuiabano.
Em 1998 pelo Decreto Lei nº 2812 de 11 de dezembro do mesmo ano, a escola passou a se chamar Escola Estadual de 1 e 2 Graus Liceu Cuiabano Maria de Arruda Muller. Em 11 de outubro de 2000 pelo Decreto nº 1826 a instituição escolar passou a denominar Escola Estadual Liceu Cuiabano Maria de Arruda Muller.
O Liceu Cuiabano é uma renomada escola. Educandos que por aqui passaram registraram na memória orgulho e respeito pelo "meu Liceu", que é como se referem à escola. Sentem respeito pelas pessoas pelas quais foram guiadas e orgulho por terem feito parte de uma das gerações do Liceu.
De acordo com a profª Elizabeth M. Siqueira, em História de Mato Grosso : da ancestralidade aos dias atuais "era necessário povoar e estender a cidade até o alto da avenida Getúlio Vargas, visto ser a mais importante da cidade. Foi então construído, na sua porção superior um estabelecimento escolar moderno, assobradado, de linhas arrojadas e retas, o Liceu Cuiabano".
Para a sua construção foi contratada a firma Coimbra e Correia do Rio de Janeiro e o jovem engenheiro Cássio Veiga de Sá o responsável por todas as obras oficiais.Ocupando toda uma quadra, com uma das laterais faceando a Avenida Getúlio Vargas; rua Cândido Mariano e frente para a Avenida Presidente Marques o complexo do Liceu Cuiabano, constituído pela escola, anfiteatro com 482 lugares, ginásio de esportes coberto e o campo de futebol e pista de atletismo. A parte interna, possui 14 salas de aula, foi equipada com mobiliário adquado e laboratórios de físíca e química.
Foi inaugurada a sede atual em 4 de outubro de 1944 e tendo como primeiro diretor o prof. Jercy Jacob.No saguão do anfiteatro ainda existe dois quadros com fotos da 1ª(1945) e da 2ª(1946) turma que estreou as salas do Liceu.
Pelo Decreto Lei nº 100 de 27 de maio de 1942, o Liceu Cuiabano passou a denominar-se Colégio Cuiabano. Pelo Decreto Lei nº 143 de 10 de março de 1943 recebeu a denominação de Colégio Estadual de Mato Grosso.
Mais tarde pelo Decreto 480 de 29 de março de 1976, passou a denominara-se Escola Estadual de 1º e 2º Graus. No governo de Cássio Leite de Barros pelo Decreto nº 1752 de 13 de março de 1979, voltou ao antigo nome Liceu Cuiabano.
Em 1998 pelo Decreto Lei nº 2812 de 11 de dezembro do mesmo ano, a escola passou a se chamar Escola Estadual de 1 e 2 Graus Liceu Cuiabano Maria de Arruda Muller. Em 11 de outubro de 2000 pelo Decreto nº 1826 a instituição escolar passou a denominar Escola Estadual Liceu Cuiabano Maria de Arruda Muller.
O Liceu Cuiabano é uma renomada escola. Educandos que por aqui passaram registraram na memória orgulho e respeito pelo "meu Liceu", que é como se referem à escola. Sentem respeito pelas pessoas pelas quais foram guiadas e orgulho por terem feito parte de uma das gerações do Liceu.
Assinar:
Postagens (Atom)