2020 mal chegou e já tem descoberta arqueológica mexendo com a mente dos cientistas do mundo todo. Um "livro" de 4 mil anos que orientava as almas para o Reino do deus Osíris foi descoberto num sarcófago de uma mulher chamada Ankh. Livro é modo de dizer, pois as ilustrações se encontram na tampa do sarcófago da dita mulher. Como eu sempre digo, o Egito ainda tem muita coisa para nos revelar!
"Uma equipe de arqueólogos encontrou uma espécie de "manual de instruções" para o submundo egípcio, segundo um estudo publicado no Journal of Egyptian Archaeology. Os registros têm ao menos 4 mil anos e são, provavelmente, o "livro" ilustrado mais antigo da história.
O "guia" dá as instruções necessárias para que as almas dos mortos consigam deixar os corpos e chegar a Rostau, o reino do deus da morte Osíris. Esse livro já era conhecido anteriormente, e é chamado de "Livro dos Dois Caminhos", pois apresenta dois percursos que os espíritos podem seguir por terra e outro por mar.
Para Rita Lucarelli, especialista em egiptologia da Universidade da Califórnia, essa obra é um exemplo do quanto o povo do Antigo Egito refletia sobre a mortalidade. "Os egípcios eram obcecados com a vida em todas as suas formas", disse, em entrevista ao The New York Times. "Para eles a morte era uma nova vida."
As duas jornadas descritas nos livros eram verdadeiras odisseias: as almas deveriam enfrentar tarefas complicadas, como confrontar demônios, atravessar o fogo, dentre outras provações hercúleas. De acordo com Harco Willems, autor do estudo, o sucesso na vida após a morte exigia aptidão para a teologia misteriosa, tal como o domínio de feitiços e o conhecimento do submundo em seus mínimos detalhes.
Por isso o "Livro dos Dois Caminhos" era tão importante. Afinal, chegar ao reino de Osíris dava às almas a oportunidade de passar por um tribunal que, se decidisse a favor do espírito, o tornaria um deus imortal.
Mas vale lembrar que os "livros" da época não eram como os de hoje em dia. Ao invés de serem impressos em papel, as inscrições eram pintadas nas paredes dos sarcófagos, para que a alma do morto pudesse consultá-la quando deixasse o corpo. Segundo Willems, a tumba na qual as ilustrações foram encontradas pertencia a uma mulher da alta sociedade chamada Ankh.
Ainda assim, as instruções do "manual" foram escritas no masculino, como se a pessoa enterrada ali fosse um homem. "Acreditava-se que as deusas eram veículos de proteção", explicou Kara Cooney, professora da Universidade da Califórnia. Sendo assim, "o pronome 'ele' era essencial até para as mulheres mortas, pois elas precisavam ser [e agir] como [o deus] Osíris".
O mais antigo
Harco Willems encontrou a tumba em um complexo com outros sarcófagos já estudados no Egito, mas como a instalação estava abaixo do local escavado anteriormente, ele acredita que os outros arqueólogos tenham ignorado aquela parte do mausoléu. Infelizmente, a maior parte do conteúdo da tumba havia sido saqueado ou destruído por fungos, mas dois painéis de cedro continuavam lá.
Analisando as inscrições na madeira apodrecida, Willems percebeu que aqueles registros eram uma versão do "Livro dos Dois Caminhos". Além disso, ele notou que os escritos se referiam ao reinado do faraó Mentuhotep II, que governou até 2010 A.C.Segundo ele, isso sugere que o "guia" fora escrito ali antes de qualquer outro livro do tipo já encontrado.
De acordo com o especialista, cada uma das versões desse "manual" tem particularidades. No caso dessa, o começo do texto está cercado por uma linha vermelha designada como "anel de fogo". "O escrito é sobre o deus do sol passando por esse anel protetor de fogo para alcançar Osíris", explicou Willems."(revistagalileu)
Nenhum comentário:
Postar um comentário