domingo, 19 de setembro de 2021

100 anos de Paulo Freire e continua irritando os Incultos

 Rubens Otoni on Twitter: "♦️⭐️100 ANOS DE PAULO FREIRE  https://t.co/9LhuGddpyA" / Twitter

O último domingo do Inverno já novamente deixar a temperatura na casa dos 40º C. E como a pandemia ainda não acabou, mesmo com o avanço da vacinação, e o número de casos assusta o Brasil. Então, só nos resta ficar em casa e aumentar nosso arcabouço teórico, pois no Brasil o número de incultos só aumenta.
 

 "Dia 19 de setembro de 1921. Há exatos 100 anos nasceu, em Recife, Paulo Reglus Neves Freire - ou, simplesmente, Paulo Freire - Patrono da Educação Brasileira. Um século depois de seu nascimento, Paulo Freire é homenageado por diversas autoridades e personalidades, como o ex-presidente Lula, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), o ex-candidato à Presidência da República, Guilherme Boulos (PSOL), o professor Silvio Almeida, entre outros.

Porém, por outro lado, bolsonaristas têm o atacado - não só hoje, dia do centenário de seu nascimento, mas há algum tempo. O próprio filho do presidente Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, usou suas redes sociais para criticar uma recente decisão da Justiça, que proibiu o ataque à honra do educador.

"Educação do país de péssima qualidade e não se pode nem criticar o patrono desta bagunça? Isso não é justiça, é militância doentia. Nunca foi tão difícil fazer o certo e consertar o Brasil. Mas nós somos chatos e estamos certos, então vamos adiante", disse o deputado federal (PSL-SP).

(...)

Mas por que os bolsonaristas se irritam tanto com o legado de Paulo Freire, mesmo após 24 anos depois de sua morte? O iG entrevistou o professor Thiago José de Biagio, mestre em história social, para entender tal obsessão.

Para o especialista, a proposta pedagógica de Paulo Freire faz um contraponto à pedagogia tradicional e hierárquica. "Ele pensava na autonomia do ser humano, principalmente, o excluído. Pensava naquele que não tinha condições de se enquadrar - ou não queria se enquadrar - no modelo de educação burguesa, no qual o professor só vai depositando informações", argumentou Biagio.

O professor também citou o livro mais famoso de Freire: "A Pedagogia do Oprimido". "A obra vai ao encontro da ideia de emancipação do sujeito, uma consciência da condição social do oprimido. A proposta do Paulo Freire é de uma educação baseada no diálogo. Há um incentivo ao questionamento e à ação social. Portanto, o professor não é o topo da hierarquia, aquele que tudo sabe", continuou Biagio.

"Ele prega que não haja o medo da liberdade. Inclusive, uma frase de Paulo Freire que representa esta proposta é 'Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor'”, pontuou o professor.

Em relação ao bolsonarismo, Biagio disse que o "ódio" é o combustível dos apoiadores do presidente, inclusive do próprio líder do Executivo brasileiro. "Para eles, só existe uma verdade. So existe uma forma de se comportar e enxergar o mundo, sendo que a pedagogia do Paulo Freire estimula a autonomia. Uma perspectiva tradicional de sociedade, como é defendida pelos bolsonaristas, defende que deva haver uma hierarquia, uma obediência militar, quase cega, em relação ao professor. Paulo Freire entendia que a educação precisava ser dialógica e que o professor devia escutar seus alunos também", justificou.

Biagio ainda afirmou que os bolsonaristas prezam por uma sociedade fatalista e de medo, enquanto o patrono da Educação Brasileira pregava a "esperança e a alegria". "Portanto, aquele oprimido, que está desesperançado, deve ter na pedagogia um meio de resgatar essa esperança", disse.

Em entrevista à DW Brasil, o sociólogo Abdeljalil Akkari, da Universidade de Genebra, declarou: "A essência da obra de Freire é totalmente política, no sentido nobre do termo, não no sentido da política partidária. Por isso, em todas as regiões do mundo, sua obra é lembrada como algo muito interessante para refletir sobre o futuro da educação contemporânea", analisou.

Professor do curso de pedagogia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Ítalo Francisco Curcio disse, também à DW Brasil, que os que rejeitam Paulo Freire, em grande parte, nem são especialistas em educação: "Eles acabam repetindo frases apregoadas por líderes com os quais se identifica. Isso é muito ruim. Quem padece é a própria população, desde a criança até o adulto", opinou."

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