Eu não me lembro de sentir medo de relâmpagos e trovões quando era criança. Mas, na adolêscencia e juventude o medo virou pavor. Até hoje eu não durmo enquanto a chuva não passa.
Minha mãe também tem esse medo e ela costuma dizer que quando era jovem, um raio "caiu" numa caixa de pólvora e ela e as irmãs desmairam com a explosão. Talvez meu medo seja herdado do dela não sei.
Quando a chuva vinha com muitos relâmpagos eu costumava acordar minha irmã Cleide Néli, nós dormíamos no mesmo quarto, e dizer que estava com medo, ela dizia "vai dormir o raio não vai entrar aqui".Ela voltava a dormir e eu ficava acordada suando e tremendo embaixo do lençol.
Às vezes chorava e rezava sem parar até meu pai aparecer na porta do quarto e dizer "menina, você está com medo?" Eu respondia que sim e ele dizia" vem para nosso quarto, sua mãe também está acordada". Logicamente que eu não ía, mas gostava de saber que meu pai estava preocupado comigo.
Uma vez em Juina, eu vivenciei a pior tempestade de minha vida : ventos que assoviavam, raios, trovões e água caindo como se fosse um dilúvio. Também fomos pegas em plena avenida da Prainha e até em Goiania enfrentamos um tempo ruim. E eu chorei e rezei sem parar.
Há alguns anos uma tempestade provocou estragos e mortes pela cidade e não houve um relâmpago sequer. Uma chuva calma e perigosa! Também fico atenta para "tempestades" estranhas demais.
Os cuiabanos marcavam a estação das águas pelas chuvas que caiam em agosto. Era a "chuva do caju". O cheiro de terra molhada, a grama verde e os cajueiros começando a florescer. Os relâmpagos davam medo sim, mas a beleza da natureza superava tudo.
Com a chegada do verão as chuvas se intensificam e meu pavor retorna, mas somente se houver relâmpagos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário