As vésperas do 7 de setembro, dia da Independência do Brasil, é interessante lembrar que a princesa Leopoldina teve um papel fundamental nesse episódio tão importante. E a Historiadora Mary del Priore nos apresenta o livro "A Carne e o Sangue", com os bastidores do mais famoso triângulo amoroso da História do Brasil do séc. XIX.
Antes de conhecer os reais motivos do 7 de setembro, aliás o que no Brasil apenas os alunos e alguns curiosos sabem, eu recomendo a leitura desse livro que é um deleite para os apaixonados pelas intrigas palacianas.
"Dividido entre uma princesa pura, leal e sofredora e uma mulher independente, forte e fogosa, Dom Pedro I viveu, paralelamente às convulsões que tornariam o Brasil independente de Portugal, uma vida pessoal igualmente complicada. Em conflito entre a carne e o sangue – o seu desejo e as obrigações com a família que o obrigavam a se casar com mulheres de sangue real – o Imperador do Brasil conduziu sua vida afetiva com o mesmo fervor com que conduziu o país à independência de sua metrópole: a sociedade da época assistia, chocada, Dom Pedro consumar publicamente a paixão pela amante, da mesma forma que, com o Grito do Ipiranga, fazia chegar a Portugal, em alto e bom som, a independência do Brasil. Em A carne e o sangue – A imperatriz D. Leopoldina, D. Pedro I e Domitila, a marquesa de Santos, a historiadora Mary del Priore parte de vasta bibliografia e fontes primárias, incluindo trechos inéditos de cartas, para retratar o triângulo amoroso que escandalizou a então insipiente e imatura sociedade brasileira.
Apesar das belezas naturais, tudo era fétido e abandonado no que era a capital da Coroa Portuguesa. Faltava água, higiene e os costumes não eram melhores: o conteúdo dos penicos era esvaziado pelas janelas das casas. Foi este o cenário encontrado pela futura mulher do jovem D. Pedro I, junto com a corte de D. João VI, a arquiduquesa Maria Leopoldina Josefa Carolina Francisca Ferdinanda Beatriz da Áustria. Filha do último soberano do Sacro Império Romano-Germânico Francisco I, ela era uma moça gorda de 20 anos, nem bonita nem feia, de olhos azuis reluzentes. Olhos azuis que, com o decorrer dos anos, perderiam seu brilho. Primeiro, por uma certa inadequação aos costumes atrasados dos trópicos, e depois pela vocação extraconjugal de D. Pedro I. Principalmente, quando se tratava da amante chamada Domitila de Castro Canto e Melo.
Domitila ou Titília, como era carinhosamente chamada, era praticamente um reflexo oposto de Leopoldina: independente, bela, esplêndida. Pele acetinada e sem marcas de varíola, uma massa de cabelos escuros e brilhantes, boca pequena, mas “bem mobiliada” de dentes. Sua personalidade era forte. Nasceu em São Paulo e cresceu em um meio que expunha a instabilidade dos laços matrimoniais, repleto de mulheres que eram chefes de família. Domitila, ao contrário da frágil e sofredora Leopoldina, lutava pelo que queria. E o que ela mais queria era o coração de D. Pedro I. O corpo, ela já tinha.
O triângulo amoroso real estendeu-se por anos. A paixão de D. Pedro por Domitila rendeu a ela privilégios e ele chegou a levá-la para a corte. Uma decisão que o colocou em xeque com a população que, apesar de admirá-lo, não podia admitir um caso aberto de adultério. Para piorar, Leopoldina sublimou a lealdade e o amor que tinha por D. Pedro em prol do Brasil e seu povo: ela era querida e amada demais para tolerarem tamanho insulto à sua imagem, que ficou mais poderosa ainda quando faleceu. O que seria de Domitila agora que sua rival ficou mais presente entre o casal de amantes do que quando era viva?
Escrito com clareza de estilo e ritmo de romance, A carne e o sangue traça um vívido panorama das intrigas políticas e amorosas que atormentavam a corte brasileira no período que vai da independência do Brasil às vésperas da abdicação, em 1831, que levaria o caçula Pedro II ao trono imperial aos cinco anos de idade. Em meio a tais conflitos, surge um retrato de Leopoldina um tanto mais melancólico e até mesmo infeliz com a vida no Brasil do que a imagem perpetuada da imperatriz que amava a terra em que vivia e teria participado ativamente do processo de independência do Brasil."
Apesar das belezas naturais, tudo era fétido e abandonado no que era a capital da Coroa Portuguesa. Faltava água, higiene e os costumes não eram melhores: o conteúdo dos penicos era esvaziado pelas janelas das casas. Foi este o cenário encontrado pela futura mulher do jovem D. Pedro I, junto com a corte de D. João VI, a arquiduquesa Maria Leopoldina Josefa Carolina Francisca Ferdinanda Beatriz da Áustria. Filha do último soberano do Sacro Império Romano-Germânico Francisco I, ela era uma moça gorda de 20 anos, nem bonita nem feia, de olhos azuis reluzentes. Olhos azuis que, com o decorrer dos anos, perderiam seu brilho. Primeiro, por uma certa inadequação aos costumes atrasados dos trópicos, e depois pela vocação extraconjugal de D. Pedro I. Principalmente, quando se tratava da amante chamada Domitila de Castro Canto e Melo.
Domitila ou Titília, como era carinhosamente chamada, era praticamente um reflexo oposto de Leopoldina: independente, bela, esplêndida. Pele acetinada e sem marcas de varíola, uma massa de cabelos escuros e brilhantes, boca pequena, mas “bem mobiliada” de dentes. Sua personalidade era forte. Nasceu em São Paulo e cresceu em um meio que expunha a instabilidade dos laços matrimoniais, repleto de mulheres que eram chefes de família. Domitila, ao contrário da frágil e sofredora Leopoldina, lutava pelo que queria. E o que ela mais queria era o coração de D. Pedro I. O corpo, ela já tinha.
O triângulo amoroso real estendeu-se por anos. A paixão de D. Pedro por Domitila rendeu a ela privilégios e ele chegou a levá-la para a corte. Uma decisão que o colocou em xeque com a população que, apesar de admirá-lo, não podia admitir um caso aberto de adultério. Para piorar, Leopoldina sublimou a lealdade e o amor que tinha por D. Pedro em prol do Brasil e seu povo: ela era querida e amada demais para tolerarem tamanho insulto à sua imagem, que ficou mais poderosa ainda quando faleceu. O que seria de Domitila agora que sua rival ficou mais presente entre o casal de amantes do que quando era viva?
Escrito com clareza de estilo e ritmo de romance, A carne e o sangue traça um vívido panorama das intrigas políticas e amorosas que atormentavam a corte brasileira no período que vai da independência do Brasil às vésperas da abdicação, em 1831, que levaria o caçula Pedro II ao trono imperial aos cinco anos de idade. Em meio a tais conflitos, surge um retrato de Leopoldina um tanto mais melancólico e até mesmo infeliz com a vida no Brasil do que a imagem perpetuada da imperatriz que amava a terra em que vivia e teria participado ativamente do processo de independência do Brasil."
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