quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Como deveria ser a Escola para Paulo Freire

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Eu estava lendo uma entrevista da presidente do Inep, Maria Inês Fini, e lhe foi perguntado sobre as teses do educador Paulo Freire(1921-1997) que o presidente eleito e os apoiadores da Escola sem Partido vem dizendo que vai "usar um lança-chamas para incinerar sua influência no ensino". 

Ela respondeu que "Paulo Freire trouxe a ideia de que u adulto seria alfabetizado de forma mais eficiente se fossem levados em consideração a cultura e o contexto das camadas excluídas da população. E ele foi efetivo, marcou época, fez história. Muita gente que o demoniza não sabe o que realizou e usa argumentos rasos para derrubá-lo: como essa turma pode achar que educar usando as palavras do mundo ao qual uma pessoa pertence, como Paulo Freire pregava, será a semente de uma revolução? Tenho medo dessa ignorância ativa e dinâmica. A educação brasileira não tem tempo a perder com isso".

Essa resposta alegrou meu dia, pois o presidente, pais e os alunos sequer sabem quem foi Paulo Freire e qual o "método" criado por ele para alfabetizar os adultos lá nos anos 60 do séc. XX. Outro, ele alfabetizou em 45(quarenta e cinco) 300(trezentos) cortadores de cana no Rio Grande do Norte, que até hoje a educação não atinge a maioria da população.

"Em 1950, metade dos brasileiros eram analfabetos. Hoje, entre as pessoas com 15 anos ou mais no país, 7% não sabem ler e escrever, segundo o IBGE. Apesar da queda gradativa ao passar das últimas décadas, esse número significa que o Brasil ainda está entre os dez países com mais analfabetos no mundo, segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Assim, o estudo de Freire continua sendo atual."

Seria interessante que todos antes de sair dizendo bobagens deveriam ler, pois "Paulo Freire não está nos currículos das escolas públicas, mas, sim, como referência para aqueles que praticam pedagogia todos os dias". Para quem não gosta de ler, a web está repleta de resumos de artigos sobre seus livros, depois com argumentos baseados em leituras de fontes sérias ir em defesa ou ataque ao método criado por este grande educador brasileiro.

"Paulo Freire teve atuação e reconhecimento internacional. "Pedagogia do Oprimido" é o único livro brasileiro a aparecer na lista dos 100 mais pedidos pelas universidades de língua inglesa, segundo o projeto Open Syllabus, que reúne dados do mundo acadêmico. Outras 20 obras do escritor também aparecem em outros rankings, como "Política e Educação". Além disso, o educador é o terceiro pensador mais citado em universidades da área de humanas em todo o mundo, de acordo com levantamento feito pela ferramenta de pesquisa para literatura acadêmica Google Scholar, que mostra que Freire foi referenciado 72.359 vezes."

No guia do estudante encontrei um resumo onde é possível entender sobre Paulo Freire.

"Aprender é um ato revolucionário. Por meio da educação, e de maneira coletiva, o indivíduo deve tomar consciência de sua condição histórica, assumir o controle de sua trajetória e conhecer sua capacidade de transformar o mundo. Assim pode ser resumida a ideia central do pensamento do pernambucano Paulo Freire (1921-1997), o mais notável educador brasileiro, reconhecido internacionalmente por sua concepção libertária e autônoma de educação e por seu método inovador de alfabetização de adultos.

Formado em direito, Paulo Freire optou por se dedicar ao magistério. No final dos anos 1940 até início dos anos 1960, tomou contato com a realidade de camponeses e operários pernambucanos e se envolveu em projetos de educação popular. Essas experiências foram decisivas para formar a essência de suas ideias e formatar o seu método. Freire teve suas obras traduzidas para mais de 20 idiomas. Em maio de 2017, completam-se 20 anos de sua morte.

Emancipação e autonomia

O método Paulo Freire ganhou grande repercussão após ser colocado em prática em Angicos (RN), em 1963, quando 300 trabalhadores rurais foram alfabetizados em 45 dias. Em vez do aprendizado mecânico e de letras e palavras descontextualizadas da vida dos educandos, o método freireano propõe partir da realidade dos alunos e de seu universo vocabular. A alfabetização ocorre mediante a discussão de suas experiências de vida, de seus problemas e de questões do cotidiano.

A ideia é que a leitura da palavra proporcione a leitura crítica do mundo e permita a compreensão da sua realidade social e política. Essa seria a essência da educação emancipadora e autônoma, que possibilita que pessoas das classes menos favorecidas da sociedade desenvolvam uma consciência crítica de sua situação e vejam-se como protagonistas da própria história, capazes de transformar a realidade, sempre coletivamente: “Ninguém luta contra forças que não entende; ninguém transforma o que não conhece (…)” / “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor”.

Tal educação libertadora e problematizadora, segundo Paulo Freire, só pode se constituir num processo onde educador e educando aprendem juntos. Essa visão se opõe diretamente ao que Freire chama de “educação bancária” – em referência aos bancos, como se a educação fosse um ato unilateral de depositar conteúdos. A educação bancária coloca de um lado o educador, como o único a deter o conhecimento, e, de outro, o educando, tratado como um ser passivo que nada saberia. Atuando dessa forma, a escola suprime a capacidade crítica dos alunos, acomodando-os ao mundo existente.


Educação e política

Embora repudiasse qualquer tipo de doutrinação, recentemente Paulo Freire foi alvo dos defensores do movimento Escola sem Partido, que combate uma suposta “doutrinação política e ideológica” no ambiente escolar. Segundo o autor pernambucano, não cabe ao professor ser um pregador, pois o ensino deve ser plural. E esse pluralismo não quer dizer abrir mão de ter uma opinião, mas sim tê-la e dialogar com outros pontos de vista.

Para Paulo Freire, toda educação é política – e não existe neutralidade. Enquanto a missão da “educação bancária” é eliminar a capacidade crítica dos alunos e acomodá-los à realidade, a “educação problematizadora” quer despertar a consciência dos oprimidos, inquietá-los e levá-los à ação (libertação). São, portanto, duas visões antagônicas do papel da educação."(guiadoestudante.abril.com.br)

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