domingo, 25 de julho de 2021

Dia de Tereza de Benguela: rainha do Quilombo do Quariterê

 25 de julho: Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha  e Dia Nacional de Tereza de Benguela – CRESS | Conselho Regional de Serviço  Social de Sergipe

E o último domingo de julho amanheceu gelado, afinal estamos no Inverno, e logo mais a temperatura vai subir e a umidade do ar vai cair.  Hoje, para quem não sabe é o Dia Internacional da Mulher Negra Latino- Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela. Nas minhas aulas sobre a História de Mato Grosso, sempre faço questão de destacar a importância do Quilombo Piolho ou Quariterê e o papel da rainha Tereza de Benguela nele.
 

A data é um marco na luta contra o racismo e uma oportunidade para trazer este tema à tona, pois os dados sobre violência e desigualdade demonstram a  realidade que atinge massivamente a população negra, principalmente mulheres, incluídas as transsexuais. De acordo com associação de Mujeres Afro, na América Latina e no Caribe, 200 milhões de pessoas (54% da população) se identificam como negras. E  tanto no Brasil quanto fora, esse grupo é o que mais sofre com as desigualdades socioeconômicas e raciais.

"Nascida, como o nome indica, na região de Benguela, na região da África central da atual República de Angola, foi líder de uma comunidade quilombola na região do Rio Guaporé, atual estado do Mato Grosso, o Quilombo de Quariterê, por vezes também chamado de Quilombo do Quariterê ou Quilombo do Piolho – nesse último caso, devido ao nome do companheiro dela com que dividia o governo da comunidade, conhecido como José Piolho.

Segundo parece, José Piolho teria governado a comunidade até o fim da década de 1740, e depois de sua morte a liderança coube a Tereza de Benguela da década de 1750 a 1770. O quilombo era constituído por cativos de origem africana e por indígenas. Tereza, que o governou por cerca de vinte anos, aparece qualificada como rainha, e tomava as decisões mediante a consulta a um conselho. A comunidade dispunha de um sistema de defesa, com armas trocadas com os brancos ou levadas em saques praticados nas vilas e povoados das redondezas. Sustentava-se do plantio de alimentos e de algodão, dispunha de tendas de ferreiro e teares de tecido.

Nos Anais de Vila Bela consta o relato detalhado do ataque contra a comunidade feito pelas tropas de Luís Pinto de Souza Coutinho no ano de 1770. O quilombo era integrado por 79 pessoas, homens e mulheres originárias da costa ocidental africana (gentio da Guiné), nove das quais foram mortas em combate e tiveram as orelhas cortadas, várias foram aprisionadas e acorrentadas, e trinta e sete fugiram através da mata.

Tereza de Benguela, que também foi aprisionada e levada. Segundo o sociólogo Clóvis Moura, teria ingerido ervas venenosas e, talvez pela ação do veneno, morreu. De acordo com o relato da expedição, então “se lhe cortou a cabeça e se pôs no meio da praça daquele quilombo, em um alto poste, onde ficou para memória e exemplo dos que a vissem”.

Por sua capacidade de liderança e de resistência à escravidão, tornou-se um símbolo da luta das mulheres negras, e a data de sua morte, 25 de julho, foi instituída pela Lei Federal n° 12.987 como o Dia Nacional de Teresa de Benguela e da Mulher Negra. Ela também inspirou obras acadêmicas, literárias e artísticas, como o tema de enredo da Escola de Samba Viradouro, que tinha por título Tereza de Benguela – uma rainha negra do Pantanal (1994), e o livro de Jarid Arraes, Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis (2017)."

Nenhum comentário:

Postar um comentário