E lá se vão 30 anos do Massacre da Paz Celestial que estava se abrindo para o mundo capitalista. O que começou com uma manifestação pacífica de estudantes, acabou virando o maior Massacre de estudantes do Séc. XX. Até hoje, não se sabe quantos estudantes morreram, pois os dirigentes do Partido Comunista da China "apagaram" da História tudo que se relaciona com o movimento.
A China se desenvolveu economicamente, entretanto, politicamente ainda é uma ditadura e mesmo 30 anos depois falar ou compartilhar fotos sobre o "incidente" resulta em prisão de até três anos de cadeia ou mais. Atos e homenagens são proibidos na China continental.As autoridades
chinesas intensificaram a segurança em torno da Praça da Paz Celestial
em Pequim nesta terça-feira (04/06). Centenas de policiais uniformizados e em trajes civis monitoravam a
praça e os arredores, verificando identidades e inspecionado os
porta-malas dos carros.
Organizações de direitos humanos afirmam que nos dias que antecederam o
aniversário do massacre, as autoridades apertaram o cerco aos ativistas.
Há relatos de dissidentes que foram levados para regiões remotas ou
simplesmente silenciados.
A Anistia Internacional denunciou que, nas últimas semanas, a polícia
deteve, colocou sob prisão domiciliar ou ameaçou dezenas de opositores
do regime. Restrições também teriam sido impostas ao grupo das Mães da
Praça da Paz Celestial, cujos filhos morreram durante a ação militar.
O governo bloqueou na internet o acesso a informações sobre o que
ocorreu no 4 de junho de 1989 em Pequim. Muitos ativistas pró-democracia
no país não puderam ser contatados para conversas telefônicas ou por
mensagens de texto. Cidadãos chineses no exterior afirmaram que foram
impedidos de fazer postagens na popular rede social chinesa Weibo,
recebendo uma mensagem de erro ao tentarem.
"O massacre foi resultado de uma escalada de incidentes que havia começado em abril. Em 1989, fazia uma década que a China vinha realizando uma série de reformas, políticas e econômicas. A imprensa contava com certa liberdade, a rede de universidades havia sido ampliada e a economia de mercado vinha sendo implementada gradualmente. O comando do país havia sido reorganizado, a fim de evitar que uma única pessoa centralizasse todas as ações – como havia acontecido ao longo do governo de Mao Tsé-Tung, entre 1949 e 1976. O processo de abertura levou também o país a se reaproximar da União Soviética, com quem as relações estavam estremecidas desde os anos 1960.
As mudanças conduzidas pelo líder Deng Xiaoping haviam viabilizado o surgimento de uma classe de estudantes e intelectuais, e eles estavam insatisfeitos com a lentidão das reformas políticas. Além disso, boa parte da população se via prejudicada pelas mudanças econômicas, que vinham provocando inflação e desemprego.
Em 15 de abril de 1989, faleceu Hu Yaobang, que havia sido expulso do governo em fevereiro. Antes disso, Hu Yaobang era Secretário Geral do Partido Comunista e o principal defensor, no alto escalão do governo, da abertura política e da redução no controle do que a população podia ler, ouvir ou falar. Durante o funeral do ex-secretário, milhares de jovens se dirigiram à Praça da Paz Celestial. Era um gesto tradicional: em 1976, milhares de pessoas haviam tomado o mesmo local para honrar a memória do premiê Zhou Enlai. Na época, a manifestação foi bem recebida pelo governo.
Conhecida na China como Tiananmen, a praça foi construída em 1415 – é mais antiga, portanto, do que o Brasil colonizado pelos portugueses. Atualmente, tem 880 metros de comprimento por 500 de altura. Sua área total, de 440.500 metros quadrados, é equivalente a 62 campos de futebol. Ampliada por Mao, com o objetivo de ser utilizada para grandes paradas militares, a praça está instalada no centro de Pequim e faz divisa com a Cidade Proibida.
No dia 15 de maio de 1989, a praça seria palco de uma grande parada militar para recepcionar o líder soviético Mikhail Gorbachev. Era um evento muito importante, que deveria marcar uma nova era de amizade entre as duas nações. Por isso mesmo, dois dias antes, milhares de estudantes ocuparam a praça. Deram início a um protesto silencioso, que incluía uma greve de fome. Queriam ser ouvidos pelas lideranças do governo, para pedir mais abertura política e menos corrupção.
Violência
Em reação, o governo desistiu de recepcionar Gorbachev no local e realizou uma recepção no aeroporto da capital. O líder soviético foi embora no dia 18 de maio. Mas a imprensa internacional, convidada para presenciar o encontro, resolveu permanecer para monitorar o protesto dos estudantes. Rapidamente, o governo percebeu que a situação havia saído de controle na medida em que as manifestações ganhavam repercussão internacional.
Os estudantes haviam também conseguido apoio popular, e não só na capital. Ao fim do mês, havia protestos e greves em mais de 400 cidades da China. Enquanto isso, as lideranças do partido começavam a mobilizar tropas. A lei marcial foi declarada no dia 20 de maio e, dias depois, dezenas de tanques se aproximaram as maiores cidades do país, especialmente Pequim. Mas a população cercava os veículos, impedindo que eles avançassem. O exército então recuou e se reagrupou nos arredores das cidades. Parecia uma vitória do povo.
Até que, na noite de 3 de junho, os militares começaram a entrar, atirando em quem se colocasse na frente. Por volta das 4 horas da manhã do dia 4, quando as notícias dos ataques nos arredores da praça já eram bem conhecidas, os manifestantes acampados foram cercados. Receberam ordem para se retirar. Enquanto a maioria obedecia, outros grupos tentaram resistir. Foi quando os tanques abriram fogo. O exército só deixaria a praça depois de dois meses, e a lei marcial só seria retirada em janeiro de 1990.
A repercussão internacional foi tão negativa que Europa e Estados Unidos estabeleceram um embargo para a venda de armas para a China. Esse embargo nunca foi retirado. Nos meses que se seguiram, o governo prendeu milhares de cidadãos e passou a fiscalizar suas famílias. Mesmo quem foi libertado passou a ser seguido dia e noite e passou a ter dificuldade em conseguir emprego. Até 2016, ainda havia manifestantes presos pelo incidente. Outros migraram para o exterior.
Ainda hoje, o governo local barra qualquer acesso a sites com informações sobre o incidente – por isso, ele é muito mais conhecido no exterior do que dentro do próprio país. Mas em Hong Kong e em dezenas de outros países, em especial na Ásia, cada aniversário do massacre costuma ser celebrado com procissões silenciosas com velas acesas. Em resultado do incidente, a liberação da economia prosseguiu, mas a abertura política foi bruscamente interrompida."(guiadoestudanteabril.com.br)
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