Os "indios" em meio a pandemia da Covid 19, com milhares de mortos em suas aldeias não têm o que comemorar nesta data. Aliás, o Brasil só lembra que eles existem em 19 de abril e nos outros dias do ano? Para os fazendeiros e alguns políticos eles eles "incomodam" o desenvolvimento do Brasil; que eles devem ficar nas aldeias e não ter nenhum contato com a dita "civilização". Quase nenhum brasileiro pergunta: por que devemos comemorar o Dia do Índio? Ou por que continuamos chamando-os de "índios" se eles não vivem nas Índias? Muitos sequer sabem que entre as diversas etnias existente no Brasil, muitos são médicos, advogados, engenheiros, professores, etc. Seria muito interessante que todos se informassem mais sobre a situação dos primeiros donos de Pindorama/Brasil, antes de desejar que a pandemia da Covid 19 os extermine de vez e da Memória do país.
"Certa vez, Ailton Krenak questionou em entrevista: "Por que se comemora a presença do índio em território brasileiro, ou se faz um esforço para que o índio seja lembrado e até exaltado a todo dia 19 de abril se o índio incomoda tantos cidadãos brasileiros? Por que comemorar?".
O dia do índio nasce do Congresso Indigenista Interamericano em Abril de 1940, realizado em Patzcuaro no México. Participaram os seguintes países, com seus representantes:
México: Luis Chavez Orozco, chefe do Departamento de Assuntos Indígenas do México e coordenador do Congresso Interamericano.
Colombia: César Uribe Piedrahíta, um do delegados oficiais;
Chile: Venancio Coñuepán Huenchual, ascendência mapuche, deputado e ministro da República do Chile. Foi o diretor de Assuntos Indígenas;
Bolivia: Antonio Díaz Villamil, escritor e historiador; ocupou o cargo de Diretor Geral de Educação;
Brasil: Edgar Roquette Pinto, membro do Conselho Nacional do Serviço de Proteção ao Índio (SPI);
Equador: Pío Jaramillo Alvarado e Víctor Gabriel Garcés;
Estados Unidos: John Collier e os antropólogos John Cooper, Sophie Bledsoe Aberle e Matthew Stirling;
México: Además de Chávez Orozco, Moisés Sáenz Garza, um dos promotores do encontro, secretário da Comissão Organizadora e Vicente Lombardo Toledano, secretario da Confederação dos Trabalhadores do México;
Panamá: Rubén Pérez Cantule, etnia cuna;
Peru: José Angel Escalante, presidente da delegação peruana e ex-prefeito de Cuzco em 1919 e ministro da Justiça em 1930; Luis Eduardo Valcárcel Vizcarra, antropólogo e pesquisador do pré-hispânico no Peru; José Uriel García, educador peruano; José María Arguedas, escritor e antropólogo.
A reunião de líderes políticos deixou os indígenas desconfiados de que mais uma vez houvesse uma tentativa de aproximação sem conversas envolvendo os povos, o que gerou um afastamento dos próprios indígenas, que temiam pela segurança dos líderes indígenas, e em um primeiro momento não toparam participar do evento.
Por que dia 19 de abril?
Mas no dia 19 de abril, os indígenas aceitaram se unir aos líderes políticos que estavam reunidos no México em busca da participação por representatividade na tomada de decisões. Com a participação indígena a partir daquela data, acordos foram feitos e a maioria dos países presentes se comprometeu em acatar a luta por respeito e igualdade de direitos dos Povos.
Quando se fala em respeito, se fala em respeito à identidade e cultura, e estabelecer o dia do índio no dia 19 de abril foi um marco para simbolizar esse acordo. Porém, apenas no dia 2 de junho de 1943, três anos depois do acordo feito no México, o então presidente do Brasil, Getúlio Vargas assinou o decreto nº 5.540, instaurando o dia 19 de Abril o dia do “índio”."
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