sexta-feira, 31 de maio de 2019

Livro - O Pavilhão dos Padres

O último dia do mês de maio chegou e também é sexta-feira, dia perfeito para fazer o que mais gostar. Para quem curte os fatos sobre a 2ª Guerra Mundial, recomendo a leitura de bons livros, filmes e séries.

As informações sobre o Nazismo nos surpreende todos os dias. A maioria das pessoas já ouviram falar da perseguição aos judeus, mas e aos outros religiosos? O livro do jornalista francês Guillaume Zeller "O Pavilhão dos Padres", expõe com riqueza de detalhes esse período tenebroso do Séc. XX e é uma leitura recomendada para quem sempre quis saber por que a Igreja Católica não protestou contra as atrocidades de Hitler e seus companheiros.
 

"Foram 2.579 sacerdotes, religiosos e seminaristas católicos, de vários cantos da Europa dominada pelo nazismo, presos no campo de concentração de Dachau no período de 1938 a 1945. As barbaridades dos nazistas contra judeus, ciganos e todos os que eram considerados indignos ou dispensáveis em sua noção de mundo são amplamente conhecidas tanto pelos estudos nas escolas e faculdades quanto por filmes, livros e peças teatrais. A perseguição sofrida pela classe religiosa, contudo, é pouco mencionada e, talvez, totalmente desconhecida do grande público.  
Há uma percepção de que a Igreja Católica se não se levantou aos gritos contra o III Reich, tampouco sofreu as consequências de seus atos. O jornalista francês Guillaume Zeller lança luz sobre o campo de concentração de Dachau, palco de barbaridades praticadas contra padres católicos, além de alguns pastores e missionários, para mostrar que de fato não havia limites para a máquina de absurdos do regime alemão. O Pavilhão dos Padres, publicado no Brasil pela editora Contexto, traz cenas chocantes para assombrar ainda mais nossa percepção do período mais funesto da história da humanidade.  
Com uma narrativa que segue bem o tom objetivo e de fácil leitura do jornalismo, O Pavilhão dos Padres faz a cronologia do campo de Dachau mostrando como foi desenhada a ideia, alinhavada através de negociações que envolveram o Vaticano, de reunir todos os religiosos presos em um único local. Mas é no relato do dia a dia que se desenrolam cenas que mesclam horror e fé.  
Duas características fazem a diferença para a qualidade da obra de Zeller: a riqueza da pesquisa e os relatos de sobreviventes. A primeira delas proporcionou reconstituições bem detalhadas de episódios e rotina do campo, e ele consegue fazer dos leitores testemunhas de cada acontecimento. É como se tivéssemos pequenas janelas em que cada uma retrata uma cena. Já os relatos de sobreviventes trazem, logicamente, toda a carga emocional de quem viveu o horror. Chama a atenção, em muitos casos, a forma crua com que se referem a sofrimentos testemunhados ou sentidos na própria pele."

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