segunda-feira, 7 de maio de 2018

Josephine Baker - Espiã durante a 2ª Guerra Mundial

Muitos atores, atrizes e cantores tornaram-se espiões durante a 2ª Guerra Mundial. Uma cantora negra e muito famosa na Europa foi Joephine Baker, ela trabalhou para a Resistência Francesa e até hoje é reverenciada pelos franceses. É interessante conhecer a biografia dessas mulheres que colaboraram para acabar com o período mais triste do Séc. XX: o nazismo na Alemanha.


"Uma americana que desempenhou um papel surpreendente na espionagem durante a II Guerra Mundial foi a cantora Josephine Baker. Quando começou o conflito, já era uma artista consagrada em França, para onde emigrou para fugir à discriminação racial nos Estados Unidos. Sobressaía devido a uma série de excentricidades, que incluíam passeios nos Campos Elíseos com a sua chita e atuações em palco vestida apenas com uma tanga feita de cachos de bananas. 

Quando as tropas de Hitler ocuparam Paris, Josephine Baker teve de fugir – além de ser negra, era casada com um judeu. O irmão do seu empresário sabia que as Forças Armadas francesas estavam a recrutar agentes secretos e pô-la em contacto com Jacques Abtey, dos serviços de contra-espionagem, que transformou a cantora numa espia ao serviço da libertação da França. 

Em Outubro de 1940, Abtey e Baker receberam uma missão de um coronel das Forças Francesas Livres: deviam dirigir-se a Lisboa para restabelecer o contato com os serviços secretos britânicos – o objetivo era transmitir-lhes a localização das tropas nazis no Oeste de França e fotografias dos meios navais de Hitler.

A cantora usou então alfinetes para prender os rolos de mensagens ao interior do seu casaco de peles e instruiu Abtey para este se fazer passar por seu mestre de balé, disfarçado com óculos e bigode, para não ser reconhecido pelos espiões alemães. Viajaram de comboio até Madrid e lá apanharam o avião para Sintra, onde aterraram a 25 de Novembro de 1940 (o aeroporto da Portela só foi aberto em 1942). Instalaram-se no Hotel Aviz, na Av. Fontes Pereira de Melo.

Os jornais registavam todos os passos da estrela em Lisboa, e chamavam-lhe "endiabrada bailarina", "maior intérprete do jazz-band", "vénus negra" e "avezita morena". Segundo João Moreira dos Santos, autor do livro Josephine Baker em Portugal, a artista frequentou cocktails em várias embaixadas e tomou nota das conversas em bilhetes que escondia no sutiã.

 

Voltaria a Portugal cinco meses mais tarde para dar espetáculos e cumprir uma nova missão secreta. Dessa vez trouxe a mala cheia de mensagens em tinta invisível, escritas em programas de teatro e partituras dos seus concertos, para entregar aos serviços ingleses. Muitas das mensagens eram deixadas no interior de livros arrumados nas prateleiras da livraria Barateira, perto do Teatro da Trindade, onde eram recolhidas por agentes de ligação com as Forças Francesas Livres.

Sua luta contra o racismo lhe rendeu as duas mais altas condecorações da França, a Cruz de Guerra e a Legião de Honra, recebeu também a Medalha da Resistência".(www.sabado.pt/vida/)

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