sábado, 22 de dezembro de 2012

Rua Cândido Mariano

Todas as ruas de Cuiabá possuem histórias interessantes e a Rua Cândido Mariano não é diferente.

Segundo Rubens de Mendonça houve um período em que ela foi chamada  "de Rua da Boa Morte, referente a Igreja do mesmo nome; depois rua Cel. Antonio Paes de Barros e finalmente quando o Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, em 1915, foi recebido festivamente em Cuiabá, por haver concluído os trabalhos de construção da rede telegráfica de Mato Grosso, fez sua entrada triunfal pela rua Cel. Antonio Paes de Barros, daí a razão de haver dado o seu nome a essa rua."

O historiador fala que entre a Praça General Mallet e a rua da Boa Morte a primeira casa a esquerda de quem desce, foi construída pelo jornalista Alcebíades Calhao (Tico Calhao). O sobrado misterioso e sombrio era uma chácara com um quintal todo plantado de árvores frutíferas e algumas flores.

Eu já escrevi que os mais velhos diziam que ele era assombrado e nós não andávamos naquela calçada quando íamos para o Colégio Estadual.. E deve ser verdade, pois as pessoas não ficam lá muito tempo. Agora está funcionando uma parte do SESI e mesmo pintado e reformado ainda mantém o ar de mistério!

Também nessa rua ficava a sede do Mixto Esporte Clube, fundado em 17 de maio de 1934 pela D. Zulmira  de Andrade Canavarros. O hino do Clube foi composto por ela, que também estimulava os atletas, arregimentando imensas torcidas que vibravam com a atuação do Clube.

Hoje no local onde ficava a sede do Mixto funciona o CDL e pouca gente deve saber disso. Os jogadores frequentavam a casa de minha avó e quando eles chegavam faziam uma farra tremenda.

Na rua Càndido Mariano moravam também as famílias tradicionais cuiabana; eram políticos, comerciantes, artistas, médicos, contadores, dentistas, professoras. etc.

 A minha avó morava lá: primeiro num casarão de esquina com rua Comandante Costa e depois num outro cujo fundo dava na Receita Federal. Minha avó adorava rosas e uma parte do enorme quintal era dedicado à elas.

Ao lado da casa dela morava um jovem médico e ele nunca cmprimentava ninguém. Minha avó então o apelidou de Dr. Barão e até hoje não sei o verdadeiro nome dele.

Eu tenho boas e tristes lembranças da rua Cãndido Mariano, mas nada como o armazém Bom Gosto de Doca alemão. No bulixo, como diz o cuiabano, de Doca a gente encontrava de tudo: de fumo de rolo a linguiça na bacia; agulha, banha de porco, pão que ele embrulhava no papel pardo; doces de amendoim, etc. De manhã cedo ele lavava a calçada com creolina e depois acendia um incenso contra "olho grande".

Ainda é possível  encontrar as tradicionais cadeiras de balanço de uma família também tradicional, que se reúne para conversar no final da tarde.Quando era criança cheguei de ver o historiador Rubens de Mendonça diversas vezes trocando idéias com os respeitosos senhores. Só nunca vi nenhuma mulher entre eles.

Atualmente a rua Cândido Mariano é conhecida como a "rua das óticas" e infelizmente depois do entardecer é perigoso andar por lá.




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