domingo, 29 de setembro de 2019

Mafalda, a Contestadora faz 55 anos

E hoje, a menina de seis anos mais contestadora e top da Argentina completa 55 anos. Sim, Mafalda do cartunista Joaquín Salvador Lavado Tejón, o Quino, faz um enorme sucesso no Brasil e no mundo. Mesmo sendo do séc. passado, ela é bastante atual e pouco conhecida entre os adolescentes. Uma pena, pois ela é incrivelmente maravilhosaaaaaaaa.
 

"Nas palavras de seu criador, o cartunista Quino,­ a quase sessentona Mafalda ama e sempre amará, nesta ordem, os Beatles, a­ demo­cracia, os direitos das crianças e a paz. Em contrapartida, odeia sopa (uma alusão ao autoritarismo e a obrigação de saboreá-la contra a sua vontade), armas, guerra e James Bond (e a Guerra Fria que subliminarmente ele representa). Nem sempre bem-humorada mas impreterivelmente irônica e cheia de atitude, a mais conhecida perso­nagem do quadrinista decano argentino, completa agora, em 2019, 55 anos. E, diga-se, muito bem vividos, obrigado.

De fama planetária, os desenhos da contestadora niña de apenas 6 anos duraram menos de uma década – de 1964 a 1973 -, mas são comentados desde aquela época, fazendo enorme sucesso até hoje. “Uma heroína de seu tempo”, assim a definiu o brilhante escritor, filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo italiano Umberto Eco, o primeiro editor de Mafalda no país da Bota.

No Brasil, onde desembarcou em 1982, teve como ­editor o saudoso e atilado ­cartunista Henfil, sinônimo de resistência e de humor ferino e refinado durante os tempos de chumbo porque passou o Brasil, nos anos 1960 até as Diretas Já, nos 80. (Em tempo: Henfil foi o criador do histórico bordão “Diretas Já!”, que denominou o movimento civil de reivindicação por eleições presidenciais no Brasil, entre 1983 e 1984, após o período da ditadura instalada no início dos anos 60).

No tempo em que a mais famosa, irrequieta e pra lá de marrenta criação de Quino nasceu, o homem, em pleno apogeu da guerra fria e da corrida espacial, não havia sequer colocado os pés na lua. Também não existia comunicação por satélite. Tampouco a chamada nuvem da internet, que hoje guarda inimagináveis bilhões de terabytes de informações. Ou mesmo a TV que, àquela época, exibia uma programação em preto e branco para antigas tevês a válvula, e cujas transmissões a cabo eram marcadas por uma profusão de chuviscos e interferências.

Com uma série de fatos que marcaram a agenda mundial daquele tempo – como a explosão pela China comunista de sua primeira bomba atômica e, como contraponto, o anúncio do Prêmio Nobel da Paz concedido ao ativista e líder negro americano Martin Luther King (1929-1968) –, 1964 também é o ano em que Nikita Kruschev (1894/1971) foi deposto na extinta União Soviética por um triunvirato capitaneado por Leonid Brejnev (1906/1982).

Como reflexo da polarização entre o capitalismo norte-americano e o comunismo da extinta União Soviética, a América do Sul também via surgir, desafortunadamente, um sem-número de governos ditatoriais de direita, apoiados pelos Estados Unidos, que cercearam as liberdades políticas, de expressão individual e de imprensa, em países como Argentina, Chile e Brasil, em resposta à ameaça do expansionismo soviético no continente.

Foi a partir desse borbulhante caldeirão sociopolítico e do caldo de cultura da frenética e não menos fervilhante década de 1960 do século passado, que o cartunista argentino Joaquín Salvador Lavado Tejón, o Quino, concebeu a contestadora garotinha Mafalda, personagem maior do desenhista, hoje no auge de seus 87 anos."

Nenhum comentário:

Postar um comentário