terça-feira, 3 de dezembro de 2019

O Massacre do Paralelo 11 em Mato Grosso

O Projeto "Afroindígena" do 4º Bimestre já está em andamento e as pesquisas irão começar, então para atiçar a curiosidade dos alunos eu irei postar alguns fatos sobre o Massacre do Paralelo 11 aqui no Mato Grosso durante o ano de 1962. O Massacre em questão foi contra a tribo dos índios Cinta-Larga.

A região era o território de quase dez mil índios, e ao final do genocídio sobraram apenas quatrocentos Cintas-Larga. A companhia Arruda e Junqueira seria a responsável pela morte de 30% dos índios, seja por tiro, faca, explosão, envenenamento ou doenças.


Ramis Bucair foi um agrimensor, espeleólogo e pesquisador que realizou diversas expedições Mato Grosso ao longo de décadas. Ele presenciou a invasão na aldeia e se escondeu e fotografou toda a ação.

A fotografia mais marcante dessa chacina registrou uma menina amarrada de cabeça para baixo pelas pernas e sendo cortada ao meio. Depois disso, Bucair registrou uma denúncia na Organização das Nações Unidas (ONU).

"O Massacre do Paralelo 11, como ficou conhecido um dos mais horrendos episódios de que se tem notícia até hoje no Brasil, incluiu do roubo ao estupro, passando por grilagem, assassinato, suborno, tortura e outras agressões que chocaram o então ministro do Interior, general Albuquerque Lima, que mandou demitir um dos principais envolvidos no incidente, o então chefe do SPI, major Luiz Vinhas Neves, responsável pela chacina dos Cinta Larga.
 

Segundo Capozzoli, fazendeiros, com ajuda de funcionários do SPI, presentearam os índios com alimentos misturados a arsênico, veneno letal. "Em algumas aldeias aviões atiraram brinquedos contaminados com vírus da gripe, sarampo e varíola", recorda o indigenista, que considera o Massacre do Paralelo 11 como um dos mais sangrentos confrontos acontecidos nas matas da Amazônia brasileira.
 

Os pistoleiros, liderados por Chico Luiz, a mando do seringalista Antônio Mascarenhas de Junqueira, invadiram a reserva indígena, armados de metralhadoras e winchester-44 ("papo-amarelo"), arma de alto poder de fogo, além de pistolas 38. "Os índios não tinham como se defender sob a fuzilaria deflagrada pelo disparo de Ataíde, mas o grupo só atravessou o rio quando se deu conta de que todos estavam mortos", acrescenta Capazzoli.
 

Antonio Mascarenhas Junqueira e Sebastião Palma de Arruda, os dois eram sócios-proprietários da empresa Arruda Junqueira & CIA, que atuava em Aripuanã, no extremo norte de Mato Grosso. Um inquérito elaborado pela Polícia Federal dois anos e meio após a chacina indiciou como executores os suspeitos Toschio Lombardi Xatô, Ataíde Pereira dos Santos, Francisco Luiz de Souza, Manoel Virgínio de Almeida, Ramiro Costa e outros dois homens, identificados apenas como “Zuíno” e “Silvestre”.

O grupo percorreu mais de 2.000 Km e demorou 68 dias para chegar à terra dos Cinta Larga. A expedição punitiva foi liderada pelo pistoleiro Francisco Luiz de Souza, conhecido como “Chico Luiz”, e pelo piloto Toschio Xatô. Este último também é acusado de lançar dinamites na aldeia indígena. Por terra, o crime foi comando por Chico Luiz, que metralhou os índios logo pela manhã, quando eles começavam o trabalho diário.

Os relatos das atrocidades cometidas só foram colhidos porque o pistoleiro Ataíde Pereira dos Santos resolveu confessar sua participação. Ele tomou a decisão depois de não receber 50 mil cruzeiros prometidos por Junqueira e Arruda para executar o serviço. O primeiro a ouvir as confissões do assassino foi o padre jesuíta Edgar Schimdt, que gravou toda conversa.

A confissão foi feita novamente por Ataíde em Cuiabá, quando foi chamado pela polícia para prestar depoimento. Ele repetiu a mesma história em Brasília ao depor à Polícia Federal. A gravação feita pelo jesuíta chegou até às mãos do engenheiro Ramis Bucair, funcionário da 6ª Inspetoria do Serviço de Proteção Indígena (SPI) em Cuiabá. O depoimento de Bucair foi anexado ao Relatório Figueiredo:

“Um bando de celerados chefiados pelo facínora alcunhado de Chico Luiz, a soldo da poderosa firma de seringalista Arruda Junqueira & Cia. metralhou um grupo de Índios Cinta Largas; que, após a matança, encontraram uma índia remanescente conduzindo seu filhinho de 6 anos; que mataram a criancinha com um tiro na cabeça e penduraram a índia pelos pés, com as pernas abertas, e partiram-na a golpe de facão, abrindo-a a partir do púbis em direção a cabeça”, diz trecho do documento."

 
Avaeté é um filme antigo sobre o Massacre dos Cinta-Larga e foi feito em 1985, mas nunca foi tão atual. É com crueza que demonstra uma história real: o extermínio dos indígenas em detrimento de suas terras e riquezas naturais.

 Algumas cenas do filme são inventadas como a explosão da aldeia, mas outras são reais. Zelito Viana conta que a cena mais chocante do filme é referente a uma fotografia, acima,  da revista americana Time.




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