terça-feira, 21 de abril de 2020

Bárbara Heliodora: Poeta e Inconfidente

 
Hoje, a capital do Brasil completa 60 anos e também é feriado dedicado a José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes. Entretanto, irei postar sobre Bárbara Heliodora, a esposa de Alvarenga Peixoto; justamente porque a Inconfidência Mineira foi conduzida pelos homens, mas houve mulheres também que participaram e que nunca são mencionadas.
 

Bárbara foi uma mulher que assumiu seu relacionamento afetivo sem se casar oficialmente, gerenciou as fazendas da família, lutou na Inconfidência (mesmo que isso custasse sua herança, sua família e sua vida), ousou escrever poesias quando as mulheres nem alfabetizadas eram e acabou cuidando e educando os filhos sozinha depois do exílio do marido.

É sobre essa mulher fabulosa que muitos ainda insistem em escrever que "morreu louca e mendigando pelas ruas de S. João Del Rey" que irei postar  aqui.
 
"Bárbara Heliodora Guilhermina da Silveira, em São João Del Rei, Minas Gerais, em 1759. Ela foi a primeira poeta brasileira, uma mulher de espirito culto e revolucionária.

Aos 20 anos conheceu e apaixonou pelo poeta Alvarenga Peixoto que era recém nomeado Ouvidor da Comarca dos Rio das Mortes. Deste namoro, nasceu Maria Ifigênia, a primeira filha. O casamento só veio acontecer depois do nascimento da filha em 1781 no oratório da casa dos pais, ousada Bárbara manteve o nome de solteira. Porem a historia revela que o casamento dos dois foi marcado pelo companheirismo e romantismo.

O casal teria, ainda, outros três filhos. Bárbara e marido poeta Alvarenga Peixoto participaram ativamente do movimento político da Inconfidência Mineira, que tinha por objetivo libertar Minas Gerais e o Rio de Janeiro da Coroa Portuguesa que levava todo o ouro da província e nada investia na em terras do Brasil.

Segundo o escritor Aureliano Leite, no livro “A Vida Heróica de Barbara Heliodora”, a presença de Bárbara foi fundamental na vida de marido Alvarenga Peixoto:”…Ela foi a estrela do norte que soube guiar a vida do marido, foi ela que lhe acalento o seu sonho da inconfidência do Brasil…quando ele, em certo instante, quis fraquejar, foi Bárbara quem o fez reaprumar-se na aventura patriótica. Disso e do mais que ela sofreu com alta dignidade fez com que a posteridade lhe desse tratamento de Heroína da Inconfidência Mineira’’ afirmou em sua obra o escritor.

A vida do casal durou aproximadamente 10 anos, período da produção poética de Bárbara Heliodora. Em 1789, época da Conjugação, após a traição do movimento por Joaquim Silvério dos Reis,Alvarenga Peixoto foi preso e arrastado de São João Del Rei ao Rio de Janeiro, sendo levado para a fortaleza da Ilhas das Cobras e, depois, ele seria mandado para África, onde morreria em agosto de 1792, poucos meses depois da morte de Tiradentes na forca no Rio de janeiro.

Após a prisão de Alvarenga Peixoto, Barbara Heliodora não mais escreveu, teve a metade dos seus bens confiscados e passou a ser discriminada por toda a sociedade da época. Viúva passou a se dedicar à educação dos quatro filhos e à administração dos bens restantes depois do confisco. Em 1795 ela sofreu outra perda, Maria Ifigênia sua primogênita morre em decorrência de uma queda de cavalo na Vila de São Gonçalo da Campanha onde moravam. Bárbara Heliodora viveu mais 25 anos de sua vida no Sul de Minas em companhia de seus outros três filhos depois da morte do marido e da filha.

Em 1815 foi admitida da ordem Terceira do Carmo, de São João Del Rei e morreu na Vila de São Gonçalo aos 60 anos no dia 24 de maio de 1819, tendo em sua missa de corpo presente a presença de nove sacerdotes conforme certidão de óbito. 


Houve na história uma interpretação que Bárbara Heliodora morreu louca mendigando pelas ruas de São Gonçalo. “A uma louca e indigente não se dedicaram exéquias dessa pompa”. Para o escritor Aureliano Leite, houve uma criação em torno da figura de Heliodora como louca por causa de seu grande sofrimento sendo uma vitima mulher na Inconfidência Mineira, essas lendas esconderam dos brasileiros a verdade e que foram desmentidas com documentos de grande fidelidade."

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