segunda-feira, 22 de junho de 2020

As "Bruxas de Guaratuba" - Paraná

 1992-07-18-MANCHETE-01 | Pipoca Moderna
A semana passada no Brasil foi considerada a "semana dos infernos", e já faz parte da História conturbada da pandemia de Covid 19 que vem assolando o país desde fevereiro/2020. Eu não irei nomear tudo que aconteceu porque está tudo nas redes sociais, mas me chamou atenção sobre o Frederick Wassef, dono do sítio de Atibaia onde o famoso Fabrício Queiroz foi preso, que também é advogado da família Bolsonaro. Até aí tudo bem, mas é sobre o passado obscuro dele que fiquei literalmente de "cabelo em pé", que também está fervilhando na web.
 

Numa matéria bastante interessante do El Paiz, desta semana vem sobre a prisão do Queiroz e sua ligação com a família Bolsonaro. E quem é curioso fica querendo saber mais e peguei apenas o final dela... "Essa não é a primeira vez que o nome de Wasseff ganha destaque em um escândalo midiático. Em 1992, uma reportagem do Jornal do Brasil afirmava que um pedido de prisão do advogado havia sido feito por sua suposta ligação com uma seita considerada satanista, o Lineamento Universal Superior (Lus), no episódio conhecido como as “bruxas de Guaratuba” ou “caso Evandro”. Wasseff, no entanto, nunca foi acusado. Fontes ligadas ao advogado dizem apenas que ele conhecia a líder da suposta seita, Valentina de Andrade, e que gostou de seu livro Deus, a grande farsa. Ela foi uma das acusadas do desaparecimento de dois meninos da região, mas foi absolvida por falta de provas."
 

Então, fui buscar mais notícias sobre esse caso e achei na minha revista histórica favorita algo sobre o desaparecimento do menino Evandro em 1992 ou o Caso da "Bruxas de Guaratuba" no Paraná. Nessa matéria não é mencionado o nome do advogado, entretanto, basta buscar os jornais da época e surge nas páginas policiais o caso que estarreçou o país.

"Na manhã do dia 6 de abril de 1992, um garoto de apenas seis anos desapareceu da cidade litorânea de Guaratuba, no Paraná. Era o pequeno Evandro Ramos Caetano, cuja ausência foi percebida por sua mãe algumas horas depois. Com ajuda do delegado-geral, a família e outros moradores da cidade começaram a procurar pelo menino — que seria encontrado cinco dias depois, em condições difíceis de acreditar.

O crime

No dia 11 de abril, o que era um caso de desaparecimento se transformou na confirmação de assassinato. Evandro foi encontrado em um matagal próximo à sua casa por um trabalhador que passava próximo à região. O menino estava sem os olhos, sem o couro cabeludo, com os dedos dos pés cortados, sem as mãos, com o ventre aberto e sem os órgãos internos.

Policiais e familiares foram ao local para identificar o corpo, já em estado avançado de decomposição. Alguns elementos ajudaram no reconhecimento: sua bermuda branca e a chave de sua casa, que estava próxima ao corpo. Dias depois, o par de chinelos do garoto também foi encontrado, levando a polícia a suspeitar que a cena do crime fora montada.

Jovens da escola local resolveram fazer uma manifestação pela morte de Evandro, pedindo por mais segurança às autoridades. O ato foi barrado por Celina Abagge, a primeira-dama de Guaratuba, sob alegação de que o nome da cidade poderia ficar sujo na imprensa.

Morte encomendada

Em julho daquele ano, três homens confessaram ter matado o pequeno Evandro. Osvaldo Marcineiro, curandeiro que chegara em Guaratuba no início do ano, teria recebido ajuda do artesão Davi dos Santos Soares e de seu amigo e também feiticeiro, Vicente de Paula. A morte teria sido parte de um ritual encomendado pela primeira-dama Celina, com o objetivo de abrir os caminhos da fortuna e da política para a família Abagge.

A filha do prefeito, Beatriz Abagge, também teria auxiliado no ritual macabro, como confessado por ela e sua mãe em uma fita cassete. De acordo com os cinco, o ritual ocorreu na serraria Abagge, nos arredores da cidade, liderado por Osvaldo Marcineiro no valor de 15 milhões de cruzeiros.

Segundo o programa Projeto Humanos - Caso Evandro, que investiga o crime, essa fita de confissão foi gravada pelo grupo ÁGUIA da Polícia Militar, "que realizava uma investigação paralela, sem o conhecimento da polícia civil (no caso, o Grupo TIGRE)".

Apesar de tudo, a família Abagge foi inocentada no primeiro julgamento, ocorrido em 1988 e com duração de 34 dias. A alegação era de que não existiam provas suficientes para comprovar que o corpo era de Evandro. A filha do prefeito, Beatriz Abagge, seria condenada a prisão apenas em 2011: apesar de ter sido condenada a 21 anos de prisão, ela recebeu perdão de pena cinco anos depois. Até hoje, o caso Evandro permanece envolto em controvérsias.

As reviravoltas do caso

Neste ano, o jornalista Ivan Mizanzuk, que produz o Projeto Humanos, revelou que recebeu de uma fonte anônima gravações que comprovam que os depoimentos de Beatriz Abagge, Osvaldo Marcineiro, Davi dos Santos Soares e Vicente de Paula — os quatro condenados pelo sequestro e homicídio do garoto — foram obtidos sob tortura.

As declarações, colhidas e gravadas por policiais militares do Paraná, são a principal evidência para a condenação de cinco entre os sete envolvidos no crime. "Estas fitas mudaram tudo para mim. Se antes eu tinha dúvidas se eles eram inocentes, todas elas se foram. Estas pessoas foram torturadas e perderam anos das suas vidas. São coisas que fazem parte das torturas, mas ainda assim são importantes para se entender que a investigação foi toda contaminada", disse Mizanzuk em entrevista ao G1.

Segundo o Ministério Público do Paraná "será necessária uma prova da autenticidade e da contemporaneidade do material, sendo que a desconstituição de uma condenação criminal somente ocorre no caso de surgir nova prova cabal de exclusão de responsabilidade do condenado".

Ainda informaram que, como o caso aconteceu em 1992, o processo foi arquivado e não pode mais ser reaberto por ter acontecido “há mais de 20 anos, portanto, prazo máximo prescricional previsto pela lei”. Mesmo com as novas possíveis novas provas, o Caso Evandro permanece sem solução definida, e ainda intriga muitos brasileiros que se questionam o que teria acontecido com o menino."(aventuranahistoria)

 Advogado já foi citado por suposto envolvimento no caso das Bruxas ...

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