Em 18 de junho de 1976, eclodia a revolta em Soweto, bairro de população
negra em Joanesburgo, na África do Sul, motivada pela decisão do
governo do apartheid de ensinar
obrigatoriamente nas escolas a língua africâner (bôere) ao lado da
língua inglesa e desprezando as línguas nativas africanas.
Na manhã de 18 de junho de 1976, milhares de estudantes invadiram as
ruas de Soweto, em protesto. A manifestação começou em calma, mas a dada
altura a polícia abriu fogo. O primeiro a cair foi Hector Pieterson, de
13 anos. A foto de seu corpo, carregado por um amigo com o rosto
coberto de lágrimas, deu a volta ao mundo.
Os estudantes responderam atirando pedras. A polícia e as autoridades
responderam então com um verdadeiro massacre de que resultou a morte de
mais 500 jovens estudantes negros.
Aquele dia deu origem a uma onda de indignação no exterior e
marcou na África do Sul o ponto de partida de uma rebelião que se
espalhou por todo o país e em poucas semanas deixou centenas de mortos.
“Os acontecimentos deste dia tiveram repercussões em todos os municípios
da África do Sul. Os funerais das vítimas das violências do Estado se
tornaram locais de motins nacionais. Subitamente, os jovens
sul-africanos assumiram um espírito de protesto e rebelião”, escreveu
nas suas memórias o ex-presidente sul-africano e Prêmio Nobel da Paz
Nelson Mandela.
O massacre de Soweto, perpetrado pelo regime racista da África Sul nos
subúrbios de Joanesburgo – na cidade-dormitório de Soweto, verdadeira
reserva de força de trabalho negro para as minas de ouro foi a resposta
do regime racista para a revolta contra as condições sub-humanas em que
vivia a sua população, contra a falta de direitos, contra o racismo. Na
África do Sul de então a vida de um negro nada significava para o poder
político.
Soweto ficou como símbolo da resistência ao apartheid e se tornou um estigma que levou ao isolamento dos racistas, à sua condenação, e ao princípio do fim de um execrável regime.
(18/6/2010 - Max Altman- S.Paulo - Ópera Mundi).
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