Eu estava ministrando um Aulão sobre a participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial, 1939-1945, e citei o Memorial que existe no CPA 4 com os nomes os 118 soldados cuiabanos que foram lutar na Itália compondo o grupo dos Aliados. Para minha surpresa quando entro na web, eis que o site RDNews fez uma reportagem no mesmo dia com as viúvas dos soldados.
A maioria dos alunos nunca ouviu falar que estivemos na Guerra através destes corajosos soldados e acredito que quanto mais soubermos da existência deles, mais iremos aprender a valorizá-los e respeitá-los!
No Brasil até hoje a FEB(Força Expedicionária Brasileira) serve de chacota para os mais antigos e alguns jovens desinformados entram na onda; e sugiro leituras sérias sobre a participação do Brasil na Guerra em plena Ditadura Varguista, para entender porque com todas as dificuldades aqueles jovens morreram e lutaram contra as forças nazistas.
"Quem atravessa uma das principais avenidas do bairro CPA 4, ao avistar um memorial, nem imagina que o aglomerado de concreto, com acabamento em mármore, possa representar tantas lembranças de mais um capítulo da história de Cuiabá, que completa 300 anos em 8 de abril.
Neste caso, em especial, aos soldados que foram lutar na Segunda Guerra Mundial, na década de 40. O embate, embora longe das terras cuiabanas, não passou desapercebido.
Os mato-grossenses fizeram parte deste momento político e sangrento que tumultuou nações de todo o mundo. A reportagem, ciente de que próximo ao memorial existe a residência de algumas famílias destes expedicionários, bateu de porta em porta com o clássico chamariz, "ô de casa". A primeira personagem, sem se esquivar, se apresenta e convida a equipe para entrar.
Ao narrar suas lembranças, dona Laurita diz ser viúva de Benedito Flávio Martins, cuiabano e soldado que sobreviveu à Segunda Guerra Mundial. Ele ficou um ano e nove meses na Itália, guerreando contra os nazistas. “Só contava sofrimento. Chegou da guerra e só depois o conheci. Nossas famílias já se conheciam, mas ainda não tínhamos sido apresentados”, lembra.
Flávio faleceu aos 62 anos, no início da década de oitenta. Laurita acredita que ele tenha partido cedo pelo excesso de traumas e nervosismo que carregava após a temporada que guerreou contra os nazistas. Eles se casaram na igreja São Gonçalo, após fugirem, em uma madrugada, de Poxoréu, cidade em que a família baiana de Laurita residia.
Moça, aos 15 anos, havia sido prometida a um primo, mas não aceitava a união arranjada. “Ele virou amigo do meu pai. Depois, organizou minha festa de debutante e, sem podermos namorar, falávamos pouco. Combinamos de fugir para que um padre fizesse o casamento em Cuiabá. No civil, nós só casamos após o terceiro filho”, detalha. O matrimônio ocorreu um ano após o soldado voltar da guerra, em 1946. À época, ele completava seus 26 anos. A viúva lembra que o marido era muito nervoso e, às vezes, brigava muito com ela e com os filhos, além de acordar, no meio da noite, dizendo ouvir tiros e bombardeios.
Segundo ela, o marido dizia que os soldados da linha de frente morriam ou ficavam alejados. "Quando meu esposo estava na linha de frente, um sargento chamado João Caruso o tirava dali e mandava ele para outro lugar. Foi assim que ele foi e voltou sem nenhum machucado”, acredita.
Segundo a viúva, o marido também chegou doente com diabete e pressão alta e, no fim da vida, tinha doenças nas pernas. “Um colega que foi com ele para guerra entrava debaixo da cama e gritava (vem tiro) repetidamente. Dizia que era para eu me esconder. O que eu conto, todas as esposas e viúvas de expedicionários contam da mesma forma”, memora.
A maioria dos soldados faleceram com o tempo, mas havia uma sede da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira (ANVFEB), que ainda tem a matriz no Rio de Janeiro, em Cuiabá. Por conta do antigo espaço e seus frequentadores, o memorial com o nome dos 118 soldados mato-grossenses que foram para Segunda Guerra foi transferida do bairro Porto para o CPA 4. "
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