quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

José Mojica Marins, uma lenda do Cine Terror

A nova geração de adolescentes brasileiro pode não saber quem era José Mojica Marins, mas Zé do Caixão sim. Uma figura lendária do cinema nacional e mundial e morreu ontem aos 83 anos de idade. Ele realizou mais de 40(quarenta) filmes, entretanto, o cine horror era sua marca registrada e todos os amantes desse tipo de película já estão sentindo sua falta.
 

"O primeiro foi A mágica do mágico (1945). O último, As fábulas negras (2014). Em quase 60 anos como diretor de cinema, José Mojica Marins capitaneou mais de 40 filmes, boa parte deles com seu personagem Zé do Caixão. Criador e criatura fazem parte do imaginário nacional. Mojica partiu nesta quarta-feira (19), aos 83 anos. Morreu em São Paulo, em decorrência de uma broncopneumonia. O velório terá início nesta quinta (20), às 16h, no Museu da Imagem e do Som da capital paulista.

Artista único não somente no Brasil, como no mundo, José Mojica Martins nasceu em São Paulo, em 13 de março de 1936. Filho de espanhóis artistas de circo, ganhou sua primeira câmera aos 12 anos. Aos 17, fundou a Companhia Cinematográfica Atlas. Recrutando atores que testava com insetos e outros bichos, descobriu que sua vocação estava no terror escatológico.Aventura, faroeste, drama, Mojica fez de tudo um pouco, até abraçar o terror. Em 1963, por meio de um pesadelo, descobriu aquela que seria sua maior criação. Procurando reproduzir sua aflição onírica, ele criou o personagem Zé do Caixão e lhe deu esse nome baseado, segundo dizia, na lenda de um ser que viveu há milhões de anos na Terra e que se transformou em luz, voltando, como luz, muito tempo depois, ao planeta de origem.

 

Zé do Caixão debutou no ano seguinte, no filme À meia-noite levarei sua alma. Josefel Zanatas, o nome verdadeiro do personagem, era um agente funerário sem qualquer moral. Não crê em Deus nem no Diabo, se acha superior aos outros e quer encontrar a mulher ideal para conceber o filho perfeito. A partir deste filme, outros com o mesmo protagonista se seguiram: Esta noite encarnarei no teu cadáver, O estranho mundo de Zé do Caixão, Trilogia do terror e O despertar da besta.Fez sucesso, foi popular, mas nunca ganhou dinheiro. Sua vida pessoal era conturbada. Sofreu com o alcoolismo e o vício em jogos – chegou a perder bens, inclusive a casa da mãe. Teve sete filhos com quatro mulheres.
 

De uma gentileza sem igual, a despeito da imagem soturna que apresentava publicamente – as unhas enormes, que cultivou por muitos anos, eram sua marca registrada – fez muitos amigos. Em 1998, com a publicação da biografia Maldito: A vida e o cinema de José Mojica Marins, o Zé do Caixão, de André Barcinski e Ivan Finotti (em 2001 os dois jornalistas lançaram o documentário Mojica: O estranho mundo de José Mojica Marins), uma nova geração descobre a obra do cineasta, que passa a frequentar uma série de festivais de cinema.
 

Já envolto na aura de cult, conseguiu, em 2008, verba para concluir a trilogia iniciada com À meia-noite levarei sua alma. A encarnação do demônio custou R$ 1,8 milhão, o mais caro filme de Mojica, que ele dedicou ao cineasta Rogério Sganzerla e ao crítico Jairo Ferreira, das poucas vozes do cinema a reconhecer sua obra desde o início.
 

Na primeira exibição pública do encerramento da Trilogia do Caixão, no Festival de Paulínia, Mojica disse ter sido perseguido por todos e pagado caro pela incompreensão. Afirmou que “as igrejas" viram Zé do Caixão como "o próprio demônio", e não um personagem.
 

“O Mojica é um personagem único na história do cinema mundial. Nunca houve ninguém parecido com ele, era uma figura incomparável. Eles fez filmes fantásticos, como são os filmes de terror, com uma essência brasileira. E fez contra todas as possibilidades, foi um guerreiro muito grande. 
 Acima de tudo, ele me mostrou que era possível”, disse ao Estado de Minas o cineasta capixaba Rodrigo Aragão, apontado como um de seus sucessores. “Todo mundo que faz terror no Brasil tem que agradecer ao Mojica, pois ele influenciou não somente a mim, como a todos.”"

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