quinta-feira, 5 de março de 2020

As Cientistas Brasileiras que sequenciaram o Coronavirus


Em 2019  o ministro da Educação Abraham Weintraub afirmou que iria cortar verba das universidades por causa de "balbúrdia" no campus. Na época, ele disse que as universidade de Brasília (UnB), Federal Fluminense (UFF) e Federal da Bahia (UFBA) já teriam tido redução de 30% do orçamento. E mesmo não tendo citado a USP, Unesp e Unicamp também estão sofrendo com os cortes orçamentários. E foi justamente a USP que surpreendeu o Brasil e o mundo com o sequenciamento do Covid-19.

Até agora eu não li nada sobre o quê o ministro Abraham achou das cientistas que conseguiram sequenciar o Coronavirus ou Covid-19. Então, o ministro deveria vir a público e mostrar que nas universidades brasileiras estão sendo produzidos projetos importantes para o país e para o mundo.

O Brasil está entre os 15 países com maior número de estudos científicos no mundo, e 95% da pesquisa é feita nas universidades públicas. Há temor de que os cortes possam inviabilizar ainda mais essa produção, já que bolsistas de pós-graduação são tidos como motores da pesquisa científica nas universidades, com forte impacto em todas as áreas.

Mesmo não tendo lido ou ouvido um pedido de desculpas por parte do governo e do Mec sobre a "falta" de produção científica nas universidades , eu e toda a sociedade que ainda não estamos sob o domínio da "Idade das Trevas", parabenizo as cientistas Ester Sabino e Jaqueline G. de Jesus pelo feito inédito no Brasil, onde a Ciência atualmente não é aplaudida e muito menos respeitada.!


 "Duas cientistas brasileiras sequenciaram o genoma do corona vírus em apenas dois dias após a confirmação do primeiro caso da doença no país, que aconteceu no dia 26 de fevereiro.
Cientistas do Instituto Adolfo Lutz e das universidades de São Paulo (USP) e de Oxford (Reino Unido) publicaram a sequência completa do DNA viral, que recebeu o nome de SARS-CoV-2.

O feito se tornou destaque mundial por rapidez recorde no sequenciamento do novo coronavírus e esses dados podem ajudar a entender como vírus se espalha, aprimorar diagnóstico e desenvolver uma vacina.

As responsáveis pelos resultados apresentados são Ester Sabino, diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP e Jaqueline Goes de Jesus, pós-doutoranda na Faculdade de Medicina da USP, conheça mais sobre as cientistas.

Ester Sabino
 

Ester Sabino é diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP e ao lado de Nuno Faria, da Universidade de Oxford, ela também coordena o Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE).

Esse projeto, que recebe apoio da Fapesp, Medical Research Council e Fundo Newton (os dois últimos do Reino Unido), tem como objetivo estudar em tempo real epidemias de arboviroses, como dengue e zika.

À Agência FAPESP, Ester contou que a descoberta da sequência do genoma do vírus faz com que os pesquisadores fiquem mais perto de saber a origem da epidemia.

"Sabemos que o único caso confirmado no Brasil veio da Itália, contudo, os italianos ainda não sabem a origem do surto na região da Lombardia, pois ainda não fizeram o sequenciamento de suas amostras. Não têm ideia de quem é o paciente zero e não sabem se ele veio diretamente da China ou passou por outro país antes", disse a cientista na ocasião.

Jaqueline Goes de Jesus

O trabalho para sequenciar o DNA viral também foi conduzido por uma equipe coordenada por Claudio Tavares Sacchi, responsável pelo Laboratório Estratégico do Instituto Adolfo Lutz (LEIAL), e Jaqueline Goes de Jesus, que é pós-doutoranda na Faculdade de Medicina da USP e bolsista da FAPESP.

Ela concluiu seu doutorado na Universidade de Birmingham, Inglaterra, desenvolvendo e otimizando protocolos para o sequenciamento completo do genoma com a tecnologia de nanoporos para vírus Zika, HIV e sequenciamento direto de RNA.

Atualmente, Jaqueline desenvolve pesquisas sobre o mapeamento e análises do vírus Zika no Brasil em tempo real através do projeto ZIBRA."

 

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