E finalmente chegou o dia de votar nos candidatos à presidente, senador, governador, deputado federal e deputado estadual. Mas, eu preferia não ser obrigada a escolher nenhum deles, pois na verdadeira democracia o voto não é obrigatório. Você pode justificar sua ausência no pleito, entretanto, temos que pagar o formulário para não perder o título, ficar sem salário, passaporte, etc.
Quando eu votei pela primeira para governador de Mato Grosso em 1982, ainda estávamos na ditadura militar e aquela eleição foi muito emocionante por ser a primeira. Eu tinha título eleitoral, tirado aos 18 anos, e nunca tinha ido votar; estava com 22 anos... Na primeira eleição para presidente em 1989, a emoção tomou conta de todo o Brasil, inclusive de mim, iria entrar na cabine e escolher Fernando Collor de Mello. Em 1992, a decepção foi geral...
Hoje, tenho medo do retrocesso com um candidato do PT ou o início de um período fascista com o candidato do Partido Social Liberal, que diga-se é originário das Forças Armadas. Os outros candidatos não inspiram muita confiança, e confesso que irei escolher o menos pior. Então, só me resta voltar os olhos para a Europa dos anos 30 que levou Adolf Hitler ao poder e o resto é HISTÓRIA.
O El País trouxe uma matéria estupenda sobre o porque dos alemães votarem em Hitler e irei copiar alguns trechos para postar aqui... Ah! e desculpa quem não gosta de textos longos...
"Ao longo da década de 1920, Adolf Hitler era pouco mais do que um ex-militar bizarro de baixo escalão, que
poucas pessoas levavam a sério. Ele era conhecido principalmente por
seus discursos contra minorias, políticos de esquerda, pacifistas,
feministas, gays, elites progressistas, imigrantes, a mídia e a Liga das
Nações, precursora das Nações Unidas. Em 1932, porém, 37% dos eleitores alemães votaram no partido de Hitler,
a nova força política dominante no país. Em janeiro de 1933, ele
tornou-se chefe de governo. Por que tantos alemães instruídos votaram em
um patético bufão que levou o país ao abismo?
Em primeiro lugar, os alemães tinham perdido a fé no sistema
político da época. A jovem democracia não trouxera os benefícios que
muitos esperavam. Muitos sentiam raiva das elites tradicionais, cujas
políticas tinham causado a pior crise econômica na história do país.
Buscava-se um novo rosto. Um anti- político promoveria mudanças de
verdade. Muitos dos eleitores de Hitler ficaram incomodados com seu
radicalismo, mas os partidos estabelecidos não pareciam oferecer boas
alternativas.
Em
Em segundo lugar, Hitler sabia como usar a mídia para seus
propósitos. Contrastando o discurso burocrático da maioria dos outros
políticos, Hitler usava um linguajar simples, espalhava fake news,
e os jornais adoravam sugerir que muito do que ele dizia era absurdo.
Hitler era politicamente incorreto de propósito, o que o tornava mais
autêntico aos olhos dos eleitores. Cada discurso era um espetáculo.
Diferentemente dos outros políticos, ele foi recebido com aplausos de pé
onde quer que fosse, empolgando as multidões.
Em terceiro lugar, muitos alemães sentiram que seu país sofria com
uma crise moral, e Hitler prometeu uma restauração. Pessoas religiosas,
sobretudo, ficaram horrorizadas com a arte moderna e os costumes
culturais progressistas que surgiram por volta de 1920, época em que as
mulheres se tornavam cada vez mais independentes, e a comunidade LGBT
em Berlim começava a ganhar visibilidade. Os conservadores sonhavam com
restabelecer a antiga ordem. Os conselheiros de Hitler eram todos
homens heterossexuais brancos. As mulheres, ele argumentou, deveriam se
limitar a administrar a casa e ter filhos. Homens inseguros podiam, de
vez em quando, quebrar vitrines de lojas, cujos donos eram judeus, para
reafirmarem sua masculinidade.
Em quarto lugar, apesar de Hitler fazer declarações ultrajantes –
como a de que judeus e gays deveriam ser mortos -, muitos pensavam que
ele só queria chocar as pessoas. Muitos alemães que tinham amigos gays
ou judeus votaram em Hitler, confiantes de que ele nunca implementaria
suas promessas. Simplista, inexperiente e muitas vezes tão esdrúxulo,
que até mesmo seus concorrentes riam dele, Hitler poderia ser controlado
por conselheiros mais experientes, ou ele logo deixaria a política.
Afinal, ele precisava de partidos tradicionais para governar.
Em quinto, Hitler ofereceu soluções simplistas que, à primeira vista,
faziam sentido para todos. O problema do crime, argumentava, poderia
ser resolvido aplicando a pena de morte com mais frequência e aumentando
as sentenças de prisão. Problemas econômicos, segundo ele, eram
causados por atores externos e conspiradores comunistas. Os judeus - que
representavam menos de 1% da população total - eram o bode expiatório
favorito. Os alemães "verdadeiros" não deviam se culpar por nada. Tudo
foi embalado em slogans fáceis de lembrar: "Alemanha acima de tudo", "Renascimento da Alemanha", "Um povo, uma nação, um líder."
Em sexto lugar, as elites logo aderiram a Hitler porque ele
prometeu -- e implementou -- um atraente regime clientelista,
cleptocrata, que beneficiava grupos de interesses especiais. Os
industriais ganharam contratos suculentos, que os fizeram ignorar as
tendências fascistas de Hitler.
Em sétimo, mesmo antes da eleição de 1932, falar contra Hitler
tornou-se cada vez mais perigoso. Jovens agressivos, que apoiavam
Hitler, ameaçavam os oponentes, limitando-se inicialmente ao abuso
verbal, mas logo passando para a violência física. Muitos alemães que
não apoiavam o regime preferiam ficar calados para evitar problemas com
os nazistas.
(...)
Hitler não chegou ao poder porque todos os alemães eram nazistas ou
anti- semitas, mas porque muitas pessoas razoáveis fizeram vista grossa. O
mal se estabeleceu na vida cotidiana porque as pessoas eram incapazes
ou sem vontade de reconhecê-lo ou denunciá-lo, disseminando-se entre os
alemães porque o povo estava disposto a minimizá-lo. Antes de muitos
perceberem o que a maquinaria fascista do partido governista estava
fazendo, ele já não podia mais ser contido. Era tarde demais."(brasilelpaís)
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