segunda-feira, 8 de julho de 2019

A Seleção Americana de Futebol Feminina é Tetracampeã do Mundo

A seleção feminina dos Estados Unidos confirmou o favoritismo em Lyon, na França, ao vencer neste domingo a Holanda, conquistando o tetracampeonato da Copa do Mundo. É claro que nós gostaríamos de ver as "meninas do Brasil" levantando aquela taça, mas enquanto o "país do futebol masculino" não abrir espaço para elas isso vai ficar somente no sonho.

O que gera o sucesso do time feminino de futebol no país? Apesar de não ser possível creditar a um só fator, a resposta para a pergunta sempre inclui e começa pela expressão "Título IX". O "Título IX" é uma lei federal que foi parte de emendas de educação em 1972 e abriu o caminho para a participação das mulheres no esporte, garantindo o fim da discriminação baseada em gênero no financiamento de times e atletas nas instituições de ensino.

"A equipe de futebol feminino dos Estados Unidos conseguiu encadear três gerações extraordinárias de jogadoras. A primeira parte da explicação é cultural. Em um país onde os esportes mais populares são o futebol americano, o beisebol, o basquete e o hóquei no gelo, o futebol sempre teve fama de esporte suave que acabou se tornando o esporte das meninas. 

Seu crescimento foi exponencial durante os anos noventa. Em 1980, havia 40.000 garotas jogando futebol em escolas de ensino médio nos Estados Unidos, segundo dados da Federação de Escolas. Em 2015, eram 375.000: 20% de todas as meninas do ensino médio que praticam esportes jogam futebol. Certamente é o maior celeiro de jogadoras do mundo.

Nos Estados Unidos, quem chega à seleção tem uma sólida base de formação, que começa na escola. Há campeonatos desde os sete anos. A fase final de preparação ocorre nas faculdades. São milhares de instituições revelando atletas para a liga profissional, a National Women’s Soccer League (NWSL), de março a outubro. 


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A infraestrutura das universidades impressiona. A brasileira Taís Cotta, 26 anos, encontrou um cenário completamente diferente do que já havia visto em Belo Horizonte, de onde saiu aos 19 anos para jogar na Delta State University: academia, campos para treinamento e outros para partidas, banheira de gelo, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos e dormitórios. Além disso, cada equipe contava com treinador, assistente e preparador de goleira.

Os norte-americanos associam o estudo ao esporte, exigindo que haja bom desempenho acadêmico. Como jogadoras, nos garantiam alimentação nas viagens, éramos reconhecidas como atletas. O esporte é levado a sério, como prioridade, não como “sobrou tempo, então faz” — diz Taís.

Há uma rígida regra: apenas atletas que se formaram na faculdade podem atuar pela NWSL. Assim, a renovação é constante, já que a cada ano, novas jogadoras são reveladas para a principal liga local, depois de já terem atuado em torneios universitários. Resultado? As 23 convocadas para a Copa atuam na liga norte-americana."



 

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