quarta-feira, 7 de agosto de 2019

"O Carrasco de Riga"

Neste mês de tristes lembranças da Segunda Guerra Mundial, é interessante conhecer a história de alguns carrascos nazistas. Herberts Cukurs, mais conhecido como o "Carrasco de Riga" que fugiu e viveu no Brasil sob a proteção do governo militar. Encontrado pelos agentes do Metsada, braço armado do Mossad, no Brasil ele foi executado no Uruguai.

"Aqueles que nunca esquecem". Por algum tempo essa frase ganhou manchetes pelo mundo, especialmente, no final da década de 60. Era o lema do serviço mais secreto israelense, o Metsada, um braço do Mossad, criado durante o governo do primeiro-ministro Levi Eshkol. A expressão ganhou fama pelo cenário mórbido em que foi encontrada pela primeira vez: dentro de um baú, onde apodrecia o corpo de um criminoso de guerra, acusado pelo assassinato de 30 mil judeus. No dia 23 de fevereiro de 1965, chegou ao fim a vida de Herbert Cukurs, conhecido como o “Carrasco de Riga”, que viveu quase 20 anos no Brasil e com proteção do governo brasileiro, de acordo com o livro “Mossad - Os Carrascos do Kidon”, de Eric Frattini. O nome Riga é uma referência à capital da Letônia.

Sem nunca esconder sua identidade e sob proteção do DOPS - Departamento de Ordem Política e Social, Cukurs morava em São Paulo, onde possuía família e negócios. Um empresário cuja aparência enganava: era acusado de matar sem remorso mais de 30 mil judeus, em especial mulheres e crianças. Nascido na Letônia, ele se destacou como piloto e depois se uniu a uma força tarefa da SS, os esquadrões da morte do governo alemão durante a Segunda Guerra Mundial.

De acordo com o livro, Cukurs gostava de colocar mulheres nuas para correr e dava tiros no chão para assustá-las. Alguns disparos acertavam seus calcanhares, o que causava amputações. Além disso, o livro relata que o assassino não tinha remorso algum ao matar crianças com tiros na nuca.

Cukurs foi o primeiro alvo da Metsada, que também estava atrás de Josef Mengele, o Anjo da Morte de Auschwitz. Os agentes israelenses descobriam que Cukurs era outro que vivia no Brasil. Depois de tomada a decisão de matá-lo, o governo israelense enviou ao país um agente disfarçado de empresário austríaco milionário, que recebeu a missão de ficar amigo do nazista e elaborar um plano para “liquidá-lo”. A ideia era desafiadora, pois era preciso furar o esquema de segurança de Cukurs e levá-lo a Montevidéu, no Uruguai, que seria um país menos rígido em relação às medidas de segurança, de acordo com os agentes.

Após meses na caça do Carrasco de Riga, finalmente, o nazista topou uma viagem a negócios para Montevideu ao lado do seu futuro carrasco. Na cidade, foi alugada uma casa, que poderia servir como “futuro escritório” para os negócios de acordo com o falso empresário austríaco, que queria formar uma sociedade com Cukurs. A arapuca estava armada.

No dia 23 de fevereiro de 1965, assim que Cukurs colcocou seus pés na enorme casa, outros quatro agentes entraram em ação. Um deles era especialista em estrangulamento e tinha a habilidade de deixar a pessoa viva alguns segundo antes do aperto final para que os agentes passassem um último recado, ou seja, as razões pelas quais tudo aquilo estava acontecendo. Isso não foi possível com Cukurs, que reagiu brutalmente contra os seus algozes e foi alvejado na nuca. Ele não chegou a ouvir o texto do bilhete, jogado dentro do baú, onde jazia o seu corpo. Mas assim que viu o que acontecia, sabia que tudo se tratava de um acerto de contas com o seu passado."


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