sexta-feira, 22 de março de 2013

O Diabo da Tasmânia Também Tem Câncer


 " O diabo-da-tasmânia (Sarcophilus harrisii) vem sendo atacado por um câncer altamente contagioso que tem encurralado a espécie, levando-a cada vez mais perto da extinção. Nos últimos 15 anos, o tumor facial do diabo-da-tasmânia se espalhou por toda a ilha da Tasmânia, na Austrália, matando a maioria dos animais contagiados.

Em uma ação para ajudar a salvar o maior marsupial carnívoro existente, os conservacionistas recolheram espécimes para preservar em cativeiro até a doença deixar de existir. Mas esse último recurso pode acabar restringindo o patrimônio genético de uma espécie que já tem diversidade genética limitada.

Para orientar melhor essas ações protecionistas – e ajudar a desvendar o comportamento desse câncer curioso – uma equipe de cientistas sequenciou o genoma do animal e de seus tumores. As descobertas foram publicadas on-line em 27 de junho no Proceedings of the National Academy of Sciences, e mais detalhes sobre o genoma estão disponíveis no The Tasmanian Devil Genome Project.

Não é fácil comparar o genoma do diabo-da-tasmânia com o de outros marsupiais, pois está um pouco distante de seus primos já sequenciados, o gambá e o wallaby, na árvore filogenética.

 A equipe sequenciou o genoma completo de dois diabos: Cedric, um macho nascido em cativeiro, cujos pais eram do noroeste, e Spirit, uma fêmea selvagem, do sudeste. Como eram oriundos de dois extremos opostos da gama de diabos-da-tasmânia, os pesquisadores acharam que deveriam exibir uma boa faixa da atual diversidade genética da espécie. Por isso, seria útil ter dois espécimes para uma avaliação comparativa.

Dessa forma, os cientistas descobriram que eles compartilham cerca de 47% de sua variabilidade genética; especificamente têm em comum muitos dos chamados polimorfismos de nucleotídeo único, mutações genéticas, com frequência, utilizadas para avaliar o nível de relação entre os animais. Os pesquisadores enfatizaram que esses dois animais são quase duas vezes mais semelhantes geneticamente que a comparação entre pessoas do Japão e da China. O genoma do animal tem cerca de 300 milhões de pares de base a mais que o do ser humano (3,3 bilhões contra cerca de 3 bilhões, respectivamente), o que poderá ajudar os pesquisadores a descobrir os segredos da rara imunidade a esse câncer.

 Para o diabo-da-tasmânia, a ajuda ainda pode demorar. Pesquisadores estimam que o câncer se espalhará a todas as populações selvagens do animal até 2016, “tornando a extinção iminente uma possibilidade real”.
                                                 
                                                                                            

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