quarta-feira, 14 de outubro de 2015

1969 - Sequestro do Embaixador Americano no Brasil

"Não é possível compreender o seqüestro do embaixador Elbrick fora do contexto da política brasileira nos anos 1960. Apresentado inicialmente como uma intervenção transitória, o golpe de abril de 1964 em poucos meses se caracterizou como uma ditadura com prazo indeterminado. Apesar de reprimida, a oposição ao regime mobilizou intelectuais, trabalhadores e estudantes, atingindo seu ponto de maior contestação nas manifestações de rua que se espalharam pelas principais capitais do país durante o ano de 1968.

Em 13 de dezembro de 1968, os militares promulgaram o Ato Institucional N° 5, promovendo um fechamento ainda maior do regime militar e levando alguns setores da oposição, que ainda acreditavam na contestação pacífica, a mergulhar na luta armada. De março a dezembro de 1970, mais três seqüestros de diplomatas resultaram na libertação de outros 115 presos políticos. Aos seqüestros se somaram assaltos a bancos para obtenção de fundos e ataques a quartéis para recolher armas e munições. Essas ações demonstraram uma inegável capacidade ofensiva dos grupos armados que se opunham ao regime. Por outro lado, fortaleceram as posições daqueles que defendiam a intensificação da repressão e o prolongamento da intervenção militar na vida nacional.

O momento do seqüestro
Às vésperas da Semana da Pátria de 1969, o Brasil vivia uma situação política peculiar. O marechal Costa e Silva havia sido afastado da presidência da República, em conseqüência de uma isquemia sofrida em 29 de agosto. Os ministros militares Aurélio de Lyra Tavares, Augusto Rademaker e Márcio de Sousa Melo baixaram o Ato Institucional N° 12, determinando que assumiriam eles o cargo vago, no lugar do vice-presidente Pedro Aleixo, que foi submetido a uma prisão domiciliar.

Nessa conjuntura, a Dissidência Universitária da Guanabara (DI-GB) adotou o nome MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) e colocou em prática, juntamente com a ALN (Ação Libertadora Nacional), um plano de seqüestro do embaixador Charles Elbrick, visando à libertação de presos políticos e a divulgação de um manifesto revolucionário.

As Forças Armadas, já divididas quanto à sucessão de Costa e Silva, foram pressionadas pelos Estados Unidos a preservar a vida do diplomata. Nas semanas seguintes, foram instituídas a pena de morte e a prisão perpétua em tempo de paz, endurecida a Lei de Segurança Nacional e editada a Emenda Constitucional Nº 1, que tornava ainda mais discricionária a Constituição imposta ao país em 1967.

PERSONAGENS - Os presos libertados em troca do embaixador Elbrick No Dia da Independência de 1969, os jornais de todo o país estamparam, na primeira página, a fotografia de 13 presos políticos em frente ao Hércules 56 da FAB. Em pé, apareciam Luís Travassos, José Dirceu de Oliveira, José Ibrahin, Onofre Pinto, Ricardo Vilas Boas, Maria Augusta Carneiro Ribeiro, Ricardo Zarattini e Rolando Frati. Agachados, estavam João Leonardo Rocha, Agonalto Pacheco, Vladimir Palmeira, Ivens Marchetti e Flávio Tavares. Não aparecem na foto Gregório Bezerra e Mario Zanconato, embarcados em Recife e Belém, a caminho do México. Dos 15 presos políticos trocados pelo embaixador Elbrick, seis já faleceram. Os nove remanescentes do grupo (em negrito, acima) são os personagens principais de HÉRCULES 56."( www.historianet.com.br/)

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