quarta-feira, 15 de março de 2017

Praça Ipiranga e suas Histórias

Eu estava lendo sobre a Praça Ipiranga e achei uma reportagem do Profº Aníbal Alencastro e resolvi postar aqui, para que meus alunos possam se utilizar dessas informações para elaboração de seus vídeos sobre a História dos "Parques e as Praças de Cuiabá".
 

"O escritor e pesquisador Aníbal Alencastro, de 72 anos, explica que a Avenida Prainha, até o século 19, era navegável. No lugar do cimento da avenida e dos blocos de interdição das obras de mobilidade urbana da Copa de 2014, havia um córrego que passava pelo local, permitindo aos canoeiros que saíssem do Rio Cuiabá, navegassem pelo córrego e chegassem até uma pequena praça – hoje a Praça Ipiranga – onde vendiam o pescado.

Aníbal Alencastro, escritor e pesquisador em Cuiabá
(Foto: Denise Soares/G1)

“Esse lugar era chamado 'Largo da Cruz das Almas'. Os condenados eram mortos ali. Existia uma forca que eles enforcavam os presos. Isso era na época da Colônia. Uma espécie de juiz vinha de fora para dar as sentenças. Ou mandava matar ou mandava prender”, explicou o escritor. Na época, corria o boato de que pessoas mortas no Largo da Cruz das Almas continuavam nesse local assombrando os moradores.

Ao redor do Largo, as pessoas começaram a montar uma feira, vendendo pescado, verdura e outros alimentos. Atualmente, o lugar é ocupado pelos carrinhos de lanches de comerciantes e vendedores ambulantes que vendem café da manhã, lanches e espetinhos, além de bijuterias e demais produtos na Praça Ipiranga.
Foto mostra o córrego da Avenida Tenente Coronel Duarte (Prainha), em Cuiabá, já canalizado (Foto: Denise Soares/G1)

De acordo com o pesquisador, a feira montada ao redor do Largo da Cruz da Alma foi 'transferida' para um prédio construído ao lado da pequena praça, hoje conhecido como o Ganha Tempo. A estrutura foi construída a pedido de Augusto João Manuel Leverger, naquela época presidente da província de Mato Grosso.

“Ele mandou fazer o mercado, foi o primeiro mercado público. Isso durou até a Guerra do Paraguai, quando a Guarda Nacional tomou [o prédio] para a instalação de uma enfermaria para abrigar os doentes. Expulsaram os mercadores. Eles ficaram sem esse mercado até 1910, até que se foi feito um mercado na Rua Joaquim Murtinho com a Rua Generoso Ponce, até hoje esse mercado existe. Essa mania de feira se transferiu para o [Bairro e Mercado do] Porto”, lembrou Aníbal.
Fotografia mostra a Praça Ipiranga, no Centro de Cuiabá, no ano de 1906 (Foto: Reprodução)

Tomar o prédio dos comerciantes foi necessário, na avaliação do historiador, já que a Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, praticamente o único hospital público da época, não tinha capacidade para abrigar muitos pacientes. Houve uma epidemia de varíola naqueles anos depois da Guerra do Paraguai.

Depois de mercado e enfermaria, o prédio virou uma espécie de quartel para militares do Exército. O nono e último governador da Capitania de Mato Grosso, Francisco de Paula Magessi Tavares de Carvalho, foi quem mandou fazer a praça, antes chamada de Marquês de Aracati, nome em homenagem a si próprio. “Depois disso mudaram o nome para Praça Ipiranga, justamente ao grito de Dom Pedro 1º [Proclamação da Independência do Brasil em 1822]”, disse Aníbal.

A praça foi urbanizada, ganhou coretos e traços arquitetônicos. Por muitos anos foi local de festas populares e apresentações culturais. Já o prédio usado pelos militares foi fechado, tomado pelo Patrimônio Histórico do Estado e passou por várias reformas. Até hoje o Ganha Tempo guarda detalhes da arquitetura original do período colonial."(g1.globo.com/)

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