quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Brasil Nunca Mais, o Livro


 Na História recente do Brasil não se pode deixar de estudar os "anos de chumbo", 1964-1984, e nada melhor do que ler os depoimentos de quem vivenciou esse período tenebroso do país.

Eu li "Brasil Nunca Mais" em 1985 ou seja, a 1ª edição e de uma forma bastante diferente: uma colega adquiriu e todos lemos "escondidos". Como assim? A ditadura militar já havia terminado e ainda não se podia ler certos livros?

Sim, a democracia ainda estava se restabelecendo e um livro de  capa vermelha, onde estava descrita todas as formas de torturas sofridas pelos resistentes do regime era muito perigoso. Até hoje, não tenho esse exemplar na estante para não apagar o horror de sua leitura e o temor de estar lendo um livro proibido.!

Seria bom se todos pudessem ler e se escandalizar com o que acontecia nos porões da ditadura.! Eu e meus colegas historiadores ficamos com lágrimas nos olhos e escandalizados ao descobrir que o regime militar não era maravilhoso. Que a maioria de nossos professores sofreram algum tipo de torturas e que no "Brasil nunca Mais", uma de nossas professoras deu um depoimento estarrecedor sobre seus dias no cativeiro!.

“As angústias e esperanças do povo devem ser compartilhadas pela Igreja. Confiamos que esse livro, composto por especialistas, nos confirme em nossa crença no futuro”. Assim começa o prefácio do livro ‘Brasil Nunca Mais’, assinado pelo então cardeal arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns.

Lançado em 1985, o livro foi a forma encontrada de dar publicidade a um extenso trabalho documentação dos crimes cometidos durante o regime militar brasileiro (1964-1985), que expôs os métodos de tortura da ditadura brasileira.

O projeto foi idealizado por dom Paulo, pelo reverendo presbiteriano Jaime Wright e pelo o rabino Henry Sobel, que em 1975 fizeram um ato que reuniu cerca de 8 mil pessoas a praça da Sé em memória do jornalista Vladimir Herzog, morto nos porões da ditadura. A versão oficial dizia que tratava-se de um suicídio. O ato foi considerado a maior concentração popular contra o regime, até então.

Durante o período de pesquisa, foram colhidas informações em mais de 1 milhão de páginas, obtidas em 707 processos do Superior Tribunal Militar. O material permitiu que se conhecesse a extensão da repressão política no Brasil, no período entre 1961 e 1979. Cerca de 30 pesquisadores realizaram o trabalho, que durou cerca de seis anos.

No seu prefácio, dom Paulo classifica a tortura como desumana. “É o meio mais inadequado para levar-nos a descobrir a verdade e chegar à paz”.

Na ocasião do lançamento, em uma entrevista ao ‘Jornal do Brasil’, dom Paulo disse que o conteúdo pretendia ser um registro “histórico e objetivo, sem qualquer ânimo revanchista”.(veja.abril.com.br/)





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